A crise na imprensa escrita é uma preocupação mundial.
Ainda há espaço para os jornais em formato papel?
As novas gerações já não lêem. Os écrãs estão por todo o lado; os olhos, as cabeças e os dedos estão formatados para ver e carregar em teclas e não para folhear, concluíamos, durante um jantar, um grupo de jornalistas brasileiros e portugueses.
"Sem jornais em papel, a democracia corre riscos e fica a perder", dizia, citando uma entrevista de um analista norte-americano, à Visão, a semana passada.
"As pessoas deixam de ter uma visão abrangente do mundo porque vão à Internet só pesquisar o que querem e não lêem outras matérias(1)", acrescentava uma jornalista brasileira.
"Não abrem horizontes", reforçava eu.
Então, um jornalista brasileiro contou que, um dia, na sua redacção, pediu a um estagiário, recém-licenciado, um trabalho sobre a Internet e a capacidade que esta tem em chegar a todo o lado. Deu-lhe um exemplo: "A semana passada, a Orquestra Sinfónica tocou para 40 mil pessoas. No mesmo dia, um tipo pôs um video no YouTube e, em dois dias, foi visto por quatro milhões.".
Passado pouco tempo, o estagiário voltou e perguntou: "Paulo, o que é uma orquestra sinfónica?".
A incredulidade e indignação tomou a mesa. A seguir poderiamos ter falado da falta da qualidade do ensino, da distribuição de culpas entre os pais e os professores que... não lêem jornais! Ou talvez não!
(1) matérias: notícias, entrevistas, reportagens. Que mania que nós temos de complicar!
Bárbara Wong
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