quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

ME e sindicatos terminam o ano sem acordo

Ano civil acaba sem acordo entre ME e sindicatos. Na próxima semana o ME vai apresentar uma nova proposta para a revisão da carreira. Ainda que sem grandes novidades, vale a pena passar por aqui.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Jogos para aprender a ler II


Igualmente interessante no que diz respeito à aprendizagem da língua materna é este jogo: A Lição do Sabichão - Loto da Leitura da Majora. Com seis cartões, cada um com quatro palavras de duas sílabas, pode ser jogado por crianças que estão a aprender a ler. Tentando preencher um cartão para fazer linha e loto ou tirando as letras do saco para os restantes jogadores (tarefa mais fácil), esta é mais uma forma de, a brincar, se estimular o gosto pela língua e se consolidarem aprendizagens escolares.
Ana Soares

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Negociações em tempo de Natal

Na próxima quarta-feira haverá mais uma fase de negociações no que diz respeito ao estatuto da carreira docente. Esta foi a proposta enviada pelo ME aos sindicatos.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Jogos para aprender a ler

Se, por um lado, acho que as crianças têm de perceber que nem tudo na escola tem de ser ultra entusiasmante e que estudar dá mesmo trabalho e implica esforço, por outro, acho que se pode aprender muito a brincar.
Por isso, para os mais pequenos, que dão os primeiros passos na leitura e na escrita, sugiro hoje um jogo, o Scrabble. Não, não estou a delirar. Falo da versão "Junior" . Esta apresenta dois níveis de dificuldade. O primeiro pode ser jogado a partir do momento em que a criança reconhece as letras e o adulto pode ajudar a ler. O segundo implica que reconheça as letras, mas que já as saiba também "utilizar". O tabuleiro, nesta versão, tem dois lados, é mais colorido do que a versão original e apresenta ainda umas "fichas" com pontos. Os miúdos gostam de ver as suas respostas certas convertidas em pontos.
Um jogo para a família, ideal para os dias frios desta quadra natalícia.
Ana Soares

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Então é Natal

O mundo precisa de Natal.

Que o espírito do Natal renasça nas nossas famílias e em cada um de nós.

Desejamos, a todos, um Bom Natal, com paz, amor e alegria.

Quando um homem quiser - Ary dos Santos

Tu que dormes a noite na calçada de relento
Numa cama de chuva com lençóis feitos de vento
Tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento
És meu irmão amigo
És meu irmão

E tu que dormes só no pesadelo do ciúme
Numa cama de raiva com lençóis feitos de lume
E sofres o Natal da solidão sem um queixume
És meu irmão amigo
És meu irmão

Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher

Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
Tu que inventas bonecas e combóios de luar
E mentes ao teu filho por não os poderes comprar
És meu irmão amigo
És meu irmão

E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
Fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei
Pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
És meu irmão amigo
És meu irmão

Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher

Ary dos Santos

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Os Operários do Natal

"Tu nasceste foi Natal, no teu berço pequenino. É Natal em todo o mundo, sempre que nasce um menino. (...) Hoje é Natal e amanhã vai ser Natal outra vez. Porque afinal, quando é Natal, a gente nasce outra vez".
A letra desta e de outras canções da colectânea Os Operários do Natal é de Ary dos Santos e Joaquim Pessoa, a música de Carlos Mendes, Fernando Tordo e Paulo de Carvalho e aprendi-a tinha seis ou sete anos. Fazia parte da peça de Natal do colégio, mas estava proibida de a cantar em casa.
Volta e meia, lembrava-me e cantava nas viagens de carro. Pelo canto do olho via a minha mãe franzir o sobrolho, respirar fundo e explicar-me que aquela letra pretendia dessacralizar o Natal e a figura do Menino Jesus, que é Deus. Nem era bem por estas palavras, mas era esta a mensagem!
Obediente, parava e cantava outra: "Quem faz o Natal para todos nós? São os amigos! Quem nos dá prazer e dá calor? São os amigos! A quem é que damos a ternura? É aos amigos! A quem é que damos o melhor? É aos amigos!(...)" E, no banco da frente, a minha mãe voltava a suspirar, contrariada, mas contra aquela não havia argumento válido, senão o de não gostar de comunistas!
Daqui a uma hora, as crianças estarão a cantar estas mesmas músicas, inseridas na peça que escrevemos em conjunto, que lembra o presépio e o nascimento do Menino Jesus.
Feliz Natal!
BW

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Música no Coração

É intemporal e lembra-me sempre o Natal! (rima e é verdade!).
A camara sobrevoa os Alpes e a música também, até que aparece Maria (Julie Andrews), de braços abertos: "The hills are alive with the sound of music. With songs they have sung for a thousand years..." E eu canto com(o) ela!
Desde pequena que os musicais me fazem sonhar. Eu queria ser todas aquelas personagens.
A noviça Maria que vai trabalhar para a família Von Trapp; a hispânica Maria (Natalie Wood) de West Side Story, que se apaixona pelo tipo errado: "I feel pretty, Oh, so pretty, I feel pretty and witty and bright!". Ou a orfã de cabelos ruivos Annie, de sorriso aberto, a cantar "Tomorrow! Tomorrow! I love ya tomorrow!".
Mas também sonhava nadar como Esther Williams ou dançar como Ginger Rogers. Hoje já não se vêem esses filmes aos domingos à tarde e é uma pena.
Em casa obrigava os meus irmãos a fazer coreografias. "I'm singin'in the rain", com chapéus de chuva e tudo! E a cantar para a família, na noite de Natal.
Amanhã, estarei ocupada com o programa do serão, a ensaiar com filhos e sobrinhos. Nos próximos anos, quem sabe, faremos verdadeiros musicais!
Festas felizes!
BW

Menos disciplinas para alunos do Básico

Boas notícias, creio eu, para alunos, professores e pais: os alunos do básico vão ter menos disciplinas (apesar do número de horas se manter), anuncia o PÚBLICO.
Maior concentração e possibilidade de aprofundamento de competências será, certamente, o resultado desejado. Não sabemos ainda como serão estas horas distribuídas. Acredito que a Língua Portuguesa possa beneficiar desta alteração de currículo. Mas acredito acima de tudo que muitos dos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem concordam com o facto de haver muita dispersão. A mesma tem várias consequências do ponto de vista dos docentes. Nas reuniões de conselho de turma, que estão a acontecer por estes dias, por exemplo, são muitos os professores, podendo desta forma estar-se a dificultar uma análise muito aprofundada e cuidada da situação de cada aluno. Por outro lado, alguns docentes só têm um tempo semanal com os alunos e nem sempre conseguem desenvolver o seu trabalho com a qualidade desejada pelo simples facto de só os verem uma vez por semana (e se têm o "azar" de apanhar um feriado podem estar quinze dias sem ver as turmas).
Quanto aos alunos, esta será, certamente, mais uma oportunidade para que se possam concentrar nos domínios essenciais desta fase da sua formação.
Para os pais, desejo que esta diminuição seja facilitadora do acompanhamento dos seus educandos.
Ana Soares

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Aprender a programar com o Scratch

A semana passada descobri o trabalho que a professora de Matemática Teresa Marques, da EB 2,3 de Azeitão e formadora na Escola Superior de Educação de Setúbal. faz com os seus alunos de 5.º ano. Fiquei deslumbrada: eles têm dez anos e sabem programar! Coisas pequeninas mas significativas porque é muito mais do que saber jogar bem no computador, é aprender a pensar de uma maneira lógica. É aprender Matemática, Ciências, Língua Portuguesa, etc, etc...
O Scratch pode ser descarregado aqui e só para ter uma ideia mais concreta pode ver este video !
BW

Avaliação dos professores: a caminho de um acordo??

Se por um lado o Ministério da Educação assumiu perante a Fenprof que todos os professores avaliados com "bom" terão acesso ao topo da carreira, outras questões impedem ainda um acordo. Ontem, na comissão de educação, a nova Ministra defendeu a existência de quotas, afirmando que as mesmas permitem fazer uma diferenciação e estimular os profissionais a progredir.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Eles é que mandam?

Parece que sim, que as crianças até aos sete anos é que decidem 70 por cento daquilo que se compra. Que medo! É que é dessas coisas que não passam com a idade, pelo contrário, agudiza-se!
Como nunca fomos de levar as crianças ao hipermercado, ao centro comercial, nem a fazer listas de Natal, preocupam-me mais os resultados de avaliação do 1.º período que já sabemos ou que vamos confirmar nos próximos dias. Provavelmente vai ser preciso sentarmo-nos com eles a "esmiuçar" o que se passou e a traçar estratégias para que no próximo período corra tudo melhor!
BW

Deus e o Homem

“Deus é o silêncio do universo,
e o homem o grito que dá sentido a esse silêncio”.


José Saramago

PS - Para entender o contexto destas palavras na voz de Saramago, clique aqui.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Viagem ao Mundo dos Sonhos e Copenhaga

Não, o título do post não é um engano. O Mundo dos Sonhos, espectáculo infantil no Tivoli, e Copenhaga, local onde decorre uma cimeira que se deseja marcante no que diz respeito a decisões, têm algo em comum: o sentido de responsabilização. No caso do espectáculo, procura-se através da linguagem das crianças e das fadas (que nesta produção de chamam Dó, Ré, Mi, Fá e Sol) responsabilizar os mais pequenos. No caso da Cimeira, responsabilizar as nações e governantes. Parece que todos estamos a despertar para o nosso dever e poder. Para a certeza de que pequenos gestos podem mudar o rumo da história. Aceitemos o convite e façamos de uma agradável tarde passada em família, com uma ida ao teatro, uma forma simples de falarmos aos nossos filhos do nosso papel no mundo. É que na peça, no mundo dos sonhos, a fada azul e os rios começam a ficar cinzentos... e no final da peça o problema continua por resolver. A solução está, pois, nas nossas mãos!
A produção deste espectáculo é da Plano 6. Descobrimos os seus espectáculos em 2006 com uma produção fantástica: SOS Oceanos. Dos actores, à música, adereços e cenários tudo parecia perfeito. Aliás, acho que não voltámos a ver espectáculo assim. Este agora, com música e direcção musical de André Sardet (lembre-se que a música "Adivinha o quanto eu gosto de ti" faz parte do espectáculo), continua a ser uma produção de muita qualidade. Destaco as divertidas viagens que as personagens fazem ao mundo da escrita e da matemática que, do ponto de vista didáctico, estão muito bem conseguidas.
Um espectáculo a não perder na companhia dos mais pequenos (dos 4 aos 7/8, sugiro eu).
Até 31 de Janeiro no Tivoli em Lisboa, a partir de 8 de Fevereiro no Auditório da Exponor no Porto.
Ana Soares

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Os 30 anos de livros de Alice Vieira

"Há 30 anos que escreve livros. Mas foi há mais tempo que Alice Vieira enviou o primeiro texto para um jornal. Não o publicaram. Tinha 14 anos e recebeu uma carta do Diário de Lisboa a pedir que não desistisse. Assinatura: Mário Castrim. Tentou uma e outra vez e viu muitos textos serem impressos. Casou com ele, o remetente.
Uma paixão de 40 anos. "Mas paixão mesmo", diz Alice quando fala do jornalista e escritor. Tinham 23 anos de diferença de idades e só se conheceram "ao vivo" depois de muitos telefonemas e cartas, quando a escritora foi trabalhar, como jornalista, para o Diário de Lisboa. Pouco depois, iria para o Diário Popular. "As pessoas, quando têm um relacionamento, não devem trabalhar no mesmo sítio. Seja marido e mulher, pai e filho. Por isso, atravessei a rua e fui para o Diário Popular." "
De certeza que vai querer ler mais aqui .

Vivam as escolas conversadoras! (I)

Depois da lei da rolha imposta pela ministra da Educação Manuela Ferreira Leite, no período de Marçal Grilo, as escolas e os professores disponibilizavam-se para falar com os jornalistas quando antes não o faziam, ou faziam em "off" ou como "fontes anónimas".
Este clima de abertura durou até à chegada de David Justino (PSD) ao ministério e as escolas passaram a falar só depois de pedirem autorização à assessora do ministro. Com Maria de Lurdes Rodrigues as coisas não mudaram e as escolas escudavam-se atrás de um despacho que nunca vi, apesar de o ter pedido ao ministério e às escolas que o citavam.
Quando na segunda-feira me sentei junto ao telefone para começar uma ronda pelas escolas por causa do Magalhães, suspirei com a árdua tarefa que tinha pela frente, mentalizada para ouvir dizer que a direcção não podia falar, estava em reunião ou não podia falar por causa do despacho... Eis senão quando, escola a escola, fui ouvindo directores, sub-directores, adjuntos de directores. Uma alegria! Para mim e para eles!
Os professores gostam de falar, gostam de contar o que fazem, orgulham-se das suas escolas, partilham as suas dificuldades e têm opiniões formadas sobre o sistema educativo e tudo isso é bom que se saiba!
BW

Notícias sobre o Acordo Ortográfico

Não é ainda no próximo ano que o Acordo Ortográfico entra em vigor nas escolas, segundo notícia do Público. Portugal tem até 2014 para terminar a aplicação do acordo.
Pode ler o texto do Acordo aqui.

Mecanismo Matemático

"Mecanismo Matemático": foi assim que a Edicare denominou este simples livro/jogo de cálculo. Existe para as várias operações matemáticas e pode ser uma interessante forma de ajudar os miúdos a treinar o raciocínio. Para cada número existe uma página com uma roda. Uma simples patilha tapa o resultado e pode facilmente ser aberta para a criança confirmar o seu raciocínio. Ainda só usámos o livro da adição, mas os outros já cá estão à espera da sua oportunidade para entrarem em jogo.

Disponível na fnac e outras lojas especializadas em jogos infantis. Também está disponível no mundo virtual (visite esta loja aqui).

Ana Soares

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O dia da saia

"A aula de francês começa com muito atraso, bastante confusão, alguns empurrões e um evidente clima de tensão. A mochila de um dos rufias da turma cai no chão e escorrega uma arma. A professora Sonia Bergerac (Isabelle Adjani) tenta apanhar a pistola e na confusão dispara um tiro. Os alunos, feitos reféns pela professora, vão passar um dia diferente enquanto no exterior se juntam polícias, jornalistas e pais."
Não vi, esteve nos cinemas em Outubro, infelizmente são muitos os filmes que ficam por ver... Mas quero ver!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Mensagem de F. Pessoa: fac-símile

"Há (...) 75 anos, no dia 1 de Dezembro de 1934, a editora Parceria António Maria Pereira, de Lisboa, publicava o volume de poemas Mensagem. O autor, Fernando Pessoa, tinha então 46 anos - morreria quase exactamente um ano depois, a 30 de Novembro de 1935 - e, em formato de livro (...) editara apenas alguns opúsculos de poesia inglesa.
Para comemorar o 75º aniversário da Mensagem, a Guimarães lançou um fac-símile do dactiloscrito que Pessoa entregou nas oficinas tipográficas da Editorial Império, onde o livro foi impresso. Luís Vilaça, da Guimarães, chama-lhe "edição clonada" para acentuar que o objectivo da editora foi criar um objecto virtualmente indistinguível do original hoje conservado na Biblioteca Nacional. Desde a encadernação em tecido que Pessoa mandou fazer do dactiloscrito até à qualidade do papel, tudo foi minuciosamente reproduzido. Tal como no original, a palavra Mensagem aparece redigida a lápis, na folha de rosto, sob o título Portugal (que Pessoa só abandonou no último momento), escrito à máquina e riscado por cima. " Pedro Cunha


Leia mais no Ípsilon.

domingo, 13 de dezembro de 2009

O que será o futuro?

Para atingir os 50 milhões de utilizadores,

a rádio precisou de 38 anos,
a tv levou 13 anos,
a internet gastou 4 anos,
o i-pod demorou 3 anos.

Em menos de 9 meses o facebook atingiu os 100 milhões de utilizadores.

O que será que vem a seguir?

Mais números e dados no vídeo. Espreitem e deixem-se surpreender.

Ana Soares

sábado, 12 de dezembro de 2009

Há uma miúda de caracóis que no Natal vai receber...

A Onda não tem uma única palavra escrita.
É um livro lindissimo, as imagens lêem-se como um poema e trazem-nos saudades dos dias quentes, à beira-mar, das conversas, dos amigos, do não fazer nada, de jogar às cartas, de entreter os mais pequenos com brincadeiras na areia.
A ilustradora é a coreana Suzy Lee (descobri-o porque o site é em coreano e não me peçam para explicar como sei identificar caracteres chineses, japoneses e coreanos, mas sei! Só tenho pena de não saber ler nem uma só palavra...) e a editora é a Gatafunho. Descobri-o na Pó dos Livros, em Lisboa. Voltei a vê-lo, escondidinho, noutras livrarias que preferem destacar o Noddy e a Hannah Montana!
BW

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Alice Vieira comemora 30 anos de carreira

ALICE VIEIRA COMEMORA 30 ANOS DE CARREIRA
TEATRO SÃO LUIZ
16 DEZ 2009, 17h

O Jardim de Inverno do Teatro Municipal de São Luiz, em Lisboa, será o palco da comemoração dos 30 anos de carreira da escritora Alice Vieira. A festa, que terá apresentação de Manuel Luís Goucha, está marcada para o próximo dia 16 de Dezembro, às 17h, e é uma iniciativa do grupo Leya, no qual se integram as quatro editoras com as quais a Alice Vieira edita os seus livros – a Caminho, a Oficina do Livro, a Texto e a Dom Quixote.
Em preparação para o evento está um conjunto de intervenções de dezenas de amigos, colegas, escritores e editores de Alice Vieira, muitos dos quais subirão ao palco para momentos de poesia, leitura ou apenas de partilha de alguns episódios vividos com a escritora.
Ana Margarida Ramos e José Tolentino Mendonça abordarão a obra da autora, enquanto o actor João d'Ávila lerá alguns textos.
Intervirão também diversas personalidades do universo literário e editorial como José Jorge Letria, José Oliveira, Leonor Riscado, Leonor Xavier, Luísa Beltrão ou Mário Zambujal, entre muitos outros. Não faltarão, ainda, as crianças e algumas surpresas para a autora.
A entrada é livre.

Meninos ponham os olhos na Finlândia!

"Pedro Pereira acertou em cheio nas estatísticas e tem grandes planos para 2010. Tem 28 anos e faz 29 em Janeiro. Se tudo correr bem, em Fevereiro pensa sair de vez de casa dos pais. No máximo até ao Verão quer o seu espaço. O seu limite são os 29 anos e meio, exactamente a média de idades com que os rapazes portugueses saem de casa dos pais e um dos valores mais elevados da União Europeia (UE), de acordo com um estudo divulgado ontem pelo Eurostat. Comprar ou alugar casa, limpar, cozinhar, ir às compras e pagar as contas são alguns dos verbos que vai juntar à sua rotina. Quer abraçar o desafio da independência. (...)
A liderar a tabela daqueles que se tornam adultos ainda a viver no "ninho" está a Bulgária, Eslovénia e Eslováquia, onde a média para os rapazes é de 31,5 anos. As raparigas eslovacas são as que se tornam independentes mais tarde, aos 29,8. No sentido contrário vai a Finlândia, onde os rapazes saem aos 23,1 e as raparigas aos 22.
Portugal é também dos países onde a camada jovem da população tem um vínculo mais precário no trabalho. Entre os 15 e os 24 anos, mais de 54 por cento dos jovens estão com um contrato de trabalho temporário e entre os 25 e os 29 este número ainda se situa nos 38,3 por cento, o segundo mais elevado na UE. Dados que são agravados pelo número de desempregados entre os 25 e os 34 anos: Portugal tem 7,7 por cento dos jovens com qualificações elevadas sem emprego, quando na UE a média é de 5,9." Continue a ler aqui .
Digo-lhes, meio a sério, meio a brincar, que estou desejosa que saiam de casa! Digo-lhes desde que são pequenos, de maneira a que vão interiorizando e percebendo que têm de ganhar a sua própria autonomia.
Sim, eu sei que não é fácil sair da casa dos pais, não foi fácil para nós e se o fizemos foi com a sua ajuda. Mas porque é que as novas gerações não se juntam com uns amigos e partilham a renda? Porque é muito mais fácil ficar em casa dos pais, com a roupa passada e lavada, com a comida na mesa à hora certa, sem preocupações de maior, como se ainda tivessemos dez anos!
É mais fácil porque queremos ter tudo antes de abandonarmos o ninho: a grande casa, o carro de luxo, os electrodomésticos, as grandes viagens feitas, e assim vamos adiando as responsabilidades e começamos a ter filhos aos 35 e somos velhos quando eles tiverem dez, 20, 30 anos... E vamos deixando-os ficar por casa, sem grandes responsabilidades porque são os nossos bebés e porque foi assim que aconteceu connosco.
Socorro!
Meninos ponham os olhos nos nórdicos e aventurem-se!
Pais tenham a coragem de os empurrar para fora do ninho, com maiores ou menores dificuldades eles hão-de saber voar!
BW

Museu da Língua Portuguesa

O Museu da Língua Portuguesa de Lisboa é uma certeza, anunciou a Ministra da Cultura. E não será no Pavilhão de Portugal, como se suspeitava. Afirmou ao PÚBLICO julgar "ser oportuno juntar a Língua com a viagem, onde se incluem os fluxos migratórios dos séculos XVIII, XIX e XX”, no entanto, não avançou ainda com dados sobre o local escolhid0.

Para conhecer o Museu da Língua Portuguesa inaugurado em 2006 em São Paulo, clique aqui. Conheça as exposições, o espaço e objectivos do mesmo navegando por aqui.

Ana Soares

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Por cá, a moda já começou nos privados...

"O Governo irlandês adoptou medidas drásticas para controlar a despesa pública no orçamento para 2010 e decidiu reduzir salários a professores, enfermeiros e polícias. Está também prevista a redução de prestações da segurança social a desempregados e a famílias com filhos.". Mais aqui .
Têm sido muitas as vozes que se ouvem a defender cortes nos salários e por cá já se começou a sentir, não na função pública, mas nas empresas privadas e os trabalhadores preferem isso a ficar sem trabalho. E lá vão fazendo o sacrifício, sabendo que os seus chefes saem com grossas indemnizações ou que ganham chorudos prémios no final do ano.
Em contraparida, esta parece ser uma boa notícia: "A França vai seguir o exemplo do Reino Unido e taxar em 50 por cento os bónus dos quadros superiores da banca acima dos 27 mil euros, segundo o jornal Les Echos, uma informação hoje parcialmente confirmada pela presidência francesa que sublinha que "a forma ainda não foi encontrada"".
Esperemos que o Governo português siga o exemplo francês e não o irlandês!
Entretanto, os sindicatos dos professores e o Ministério da Educação continuam a negociar alterações ao estatuto, avaliação e progressões nas carreiras. Se a tutela mantiver os pontos com os quais os sindicatos estão em desacordo, parece-me que os professores não voltarão a ter o apoio da opinião pública que conseguiram na legislatura anterior.
BW

Conversas sobre Educação


São cerca de 50 minutos e sabemos que nem todos têm disponibilidade (nem interesse!) para estar - agora - a ver Plano INCLINADO de Mário Crespo na SIC Notícias. Mas o programa de sábado passado era sobre o ensino básico e secundário e a convidada foi a professora de secundário Maria do Céu Vieira (MCV), para conversar com Nuno Crato e Henrique Medina Carreira. Propomos reproduzir algumas das frases ditas e comentá-las:

1. Quem faz os PROGRAMAS DE PORTUGUÊS trai-se porque põe em evidência uma grande “ignorância e falta de amor pela língua, cultura” e literatura portuguesa. (Maria do Céu Vieira)

AS: admitindo fragilidades nos programas, parece-me de uma absoluta injustiça falar assim de quem elaborou os novos programas. As críticas devem fazer-se nos momentos e órgãos próprios, com propostas concretas e positivas de melhoria. Não desta forma. Além disso, afirmar que o discurso dos novos programas não entra nas suas aulas é apresentar um retrato dos professores de português que não corresponde à realidade e que em nada valoriza a imagem dos docentes.

BW: MCV ficou mediaticamente conhecida por mostrar que os manuais escolares traziam coisas tão aberrantes quanto o concurso do Big Brother. Ignora que o problema dos alunos portugueses é a iliteracia funcional. Eles sabem ler e até podem interpretar Camões, o problema é não saberem preencher um impresso, não saber interpretar uma lei... E isso também tem que se aprender na escola e é nas aulas de Português.

2. Erros nos novos programas

Quando MCV exemplifica estes erros referindo-se ao facto das OBRAS DE LEITURA RECOMENDADAS pelos programas serem do Plano Nacional de Leitura (PNL), "que, apesar de ter bons objectivos, tem muito LIXO”. Defende ainda que tem de existir na escola um CÂNONE DE AUTORES. Quanto a este mesmo assunto, Nuno Crato comenta que em Inglaterra todos os alunos conhecem Shakespeare e que “deve haver um cânone mínimo”.

AS: Bem sabemos que o PNL procura integrar obras para todos, o que significa ter obras para graus de leitura/interpretação distintos. Mas daí até se poder afirmar que há muito lixo, parece-me que vai uma longa distância.
Só quem não conhece os programas de Português pode afirmar que os nossos alunos não têm os "clássicos" nos programas. Dou o exemplo de Camões. Neste momento, obrigatoriamente, os alunos estudam este autor três vezes: Os Lusíadas no 9.º ano; poesia Lírica de Camões no 10.º e, novamente, Os Lusíadas no 12.º. Nalguns casos, estudam o autor quatro vezes, no caso das escolas que no 8.º ano adoptam como leitura extensiva Os Lusíadas contados aos mais pequenos de João de Barros.


BW: É um facto o PNL procura agradar a gregos e a troianos. Mais uma vez, temos um país a muitas velocidades e se Sophia parece ser fundamental para todos, a verdade é que nem todos lá chegam ou querem lá chegar! Ainda ontem, numa livraria, uma menina de nove anos tinha O Cavaleiro da Dinamarca na mão e a mãe disse-lhe: "Leva antes este que é mais engraçado! Olha as imagens" - era um livro com 365 anedotas...
Como me dizia, há semanas, a responsável da rede de bibliotecas escolares Teresa Calçada, há livros muito bons com ilustrações média-baixa e vice-versa e a imagem também faz parte da leitura, por isso - digo eu: quase tudo cabe no PNL! Quanto ao Shakespeare, a experiência inglesa mostra que muitos meninos começam a ler biografias de jogadores de futebol como o Beckham para, talvez, chegarem ao autor...

3. Quanto à MATEMÁTICA, Nuno Crato refere como principal problema dos novos programas este desejo de modernidade que se concretiza em opções, na sua perspectiva, erradas e perigosas.


AS: Percebo e concordo. Ora vejamos. Abolir do ensino o treino de algoritmos (por exemplo, memorização da tabuada, de cálculos ou fórmulas) não apenas contraria as recentes tendências que defendem de que a memória deve ser treinada como cria dificuldades aos alunos.

4. Nuno Crato apresenta os mais recentes números do PISA. Destaca os fracos resultados de Portugal (comparando-os, por exemplo, com os do Canada). “por cima das questões gerais há questões políticas” que explicam estes resultados.


BW: O problema já identificado pelos professores é que sempre que o Governo muda, ou o ministro da Educação, há novas maneiras de olhar para a Educação, quando devia haver um consenso.

5. QUANTIDADE versus QUALIDADE

Medina Carreira fala de outro ponto de vista e afirma que “ antigamente desprezava-se a quantidade”. “hoje há o desejo de apresentar a quantidade e a qualidade é absolutamente secundária ”.
AS: Nem sempre quantidade e qualidade andam de mãos dadas. A democratização do ensino tem este reverso da medalha. Mas continua a ser obrigação da escola proporcionar a qualidade.

6. Medina Carreira fala da DISCIPLINA nas salas de aula.


AS:
É verdade, os professores enfrentam hoje desafios ao nível da disciplina que não se verificavam noutros tempos. O convidado referia a questões dos telemóveis. Eu acrescentava a questão da imagem e autoridade dos professores. O gosto dos alunos pelos saber e pela escola, o consequente respeito pela figura do professor.

BW: Isabel Alçada, nas poucas intervenções que tem feito, tem sublinhado o papel dos pais. A importância destes educarem os filhos não só para o respeito (pelos professores), mas para a responsabilidade (do seu trabalho na escola).

7. Voltando aos PROGRAMAS todos destacaram a necessidade dos programas serem elaborados por especialistas e não apenas por pessoas da educação.

BW: É o medo do "eduquês" de Nuno Crato a vir ao de cima! Mas é também o definir para que serve a escola: só para transmitir conhecimentos ou para preparar para o mercado de trabalho? É que se a segunda opção também for tida em conta, então é preciso chamar outras pessoas para fazer programas que não sejam demasiado teóricos.

8. “Nos RANKINGS, as escolas públicas estão a vir para baixo e as privadas estão a vir para cima”.

BW: Os rankings revelam sempre uma coisa: seja qual for a escola, o que interessa são os alunos que fazem os exames e não os professores! E quais são as escolas que ficam nos primeiros lugares? As privadas e públicas que recebem alunos de classe média, média-alta, filhos de pais com formação superior e que além das aulas têm explicações! Ou seja, os bons resultados devem-se ao trabalho intensivo dos estudantes e às explicações, mas quem fica com a fama são as escolas, situadas em bons bairros das principais cidades do país!

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Está ou não está a aumentar?

O número de casos de bullying está a aumentar nas escolas de todo o País – é essa, pelo menos, a percepção que existe -, mas nem o Ministério da Educação nem a Procuradoria-Geral da República dispõem de dados sobre este fenómeno nos estabelecimentos de ensino, diz a TSF, a partir de uma história isolada de uma aluna vítima de bullying.
Fazem-se notícias com base em "parece-me que...", "tenho a sensação...", "ouvi dizer..."?
Não.
BW

Amigos secretos e prendas originais

A época natalícia caracteriza-se também por proporcionar reencontros, jantares de Natal, trocas de prendas. O jogo do amigo secreto ou oculto é prática comum entre adultos e miúdos. Aqui ficam duas sugestões que já experimentei, tanto com amigos e colegas, como com turmas de alunos, e que este ano repito.
1. A primeira é a que dá mais trabalho: fazermos nós a prenda que vamos oferecer ao amigo. Um roteiro para um passeio de bicicleta, que se pode imprimir sem grandes custos; um CD com fotografias que tenhamos tirado juntos. Para os que tenham umas mãos habilidosas, uma pulseira ou um colar de contas. Para os artistas: um desenho, uma música, um poema!
2. A segunda é bem divertida, encontrar uma prenda com o custo máximo de 1 Euro! Não é impossível! Uma caixa de Cd's, um lápis, um doce, um jogo didáctico (sim, é possível!). O importante é pensar em coisas que todos usamos todos os dias! O grande desafio é entrar nas lojas, mesmo nas mais improváveis, e procurar coisas com este valor.
Este ano nem precisei de entrar nas lojas dos chineses! Posso dizer que fui, no fim-de-semana passado, fazer uma prospecção. Tenho um amigo secreto de 17 anos e queria procurar com tempo a prenda certa. Fui a uma loja gourmet que tem sempre coisas maravilhosas, lindas de morrer e deliciosas. Como sei que ele é guloso, fui espreitar. E não é que havia lá uns guarda-chuvas/rebuçado maravilhosos, ainda mais bonitos do que o da fotografia, por 90 cêntimos!
Ainda assim, decidi, antes de comprar, procurar noutro sítio. Fui a uma loja de brinquedos e jogos de madeira, embora, confesso, sem grandes esperanças. E não é que também lá encontrei coisas a um euro? Para além de balões com formatos originais (elefante, girafa, etc), encontrei pequenos quebra cabeças de madeira (para diferentes idades) por este valor. Não pensei mais nos doces e lá comprei o jogo. Pedi a factura e achei que era melhor, a bem da minha imagem, explicar à senhora da loja o motivo pelo qual pedia a factura de um euro com tanto entusiasmo!
Ana Soares

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Regras para o Pai Natal do shopping!

Os pais natais que estão nos centros comerciais um pouco por todo o país estão proibidos de dar beijos às crianças e os seus ajudantes são responsáveis por
desinfectar sistematicamente o espaço por causa da gripe A.
“Em vez de dar beijinhos às crianças, o Pai Natal vai mandar beijos pelo ar, dar apertos de mão e fazer vénias”, explicou à agência Lusa, Susana Silva, gerente
da Bee Action, uma empresa de animação de eventos responsável pelas iniciativas.
Dezenas de actores da Bee Action estão já a trabalhar em 13 centros comerciais de norte a sul do país. Este ano, a ameaça da gripe A obrigou a mudar os hábitos
e o Pai Natal traz,a gora, “um kit antisséptico no saco” e passa o tempo a desinfectar as mãos. “Vai estar permanentemente a trocar de luvas ou a
lavá-las com o desinfectante”, descreve Susana Silva.
Coitadinho do Pai Natal! E das crianças!
BW

Copenhaga: cimeira sobre o clima

Diz o editorial comum a 56 jornais em 44 países, incluindo o PÚBLICO:
"Desde há uma geração que os perigos têm vindo a tornar-se evidentes. Agora os factos já começaram a falar por si próprios: 11 dos últimos 14 anos foram os mais quentes desde que existem registos, a camada de gelo ártico está a derreter-se, e os elevados preços do petróleo e dos alimentos, no ano passado, permitiram-nos ter uma antevisão de futuras catástrofes."
BW

Educação: uma máquina autofágica

Com a natalidade em queda, o número de alunos está a diminuir, mas o de professores mantém-se, diz o professor universitário Luís Fábrica, autor do estudo que esteve na origem da reforma no sector público.
Em reacção a esta divergência, diz, a educação, que "é um serviço público", está a ser pensada, sobretudo, em função da carreira dos professores e do preenchimento dos seus horários, o que tem vindo a criar "problemas pedagógicos graves".
"A máquina está a ser autofágica. Está a consumir demasiada energia, recursos e atenção, e com isto a prestação e utilidade da escola estão a ser prejudicadas", adverte o professor.
Notícia de Clara Viana, no PÚBLICO
BW

Museus para crianças

“António Maria já tinha decidido que quando fosse grande, queria ser antigo como o avô. Depois daquele dia, acrescentou ainda que, quando fosse antigo, queira morar num museu. Quando morasse num museu, convidaria o avô para lá viver com ele. Isto porque, o avô contava as mais longas e intermináveis histórias sobre a vida dos antigos. António fazia muitas perguntas ao avô, que lhe respondia ao ritmo compassado do relógio. Sobre os museus explicou:

- Os museus são as casas das colecções! Como as colecções não gostam de viver sozinhas, os museus abrem as portas para as pessoas entrarem…"


Excerto de Colecção, Margarida Botelho


Escrito e ilustrado pela própria Margarida Botelho, é uma aventura maravilhosa do António Maria. Museus, colecções, letras. Com a qualidade e magia a que a autora nos tem vindo a habituar.

Ana Soares

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Poema sobre a nostalgia da infância

Celebrar aniversários e o dom da vida conduz-nos muitas vezes à nostalgia da infância. Aqui vos deixo um poema interseccionista de Fernando Pessoa em que o tempo passado e o tempo presente se fundem. As lembranças da infância - materializadas no Jockey, na bola e no cão - são evocadas pela música - que surge associada ao maestro e batuta do tempo presente.
A nostalgia da infância num universo quase surreal!


O maestro sacode a batuta,
E lânguida e triste a música rompe...
Lembra-me a minha infância, aquele dia
Em que eu brincava ao pé de um muro de quintal
Atirando-lhe com uma bola que tinha dum lado
O deslizar dum cão verde, e do outro lado
Um cavalo azul a correr com um jockey amarelo...
Prossegue a música, e eis na minha infância
De repente entre mim e o maestro, muro branco,
Vai e vem a bola, ora um cão verde,
Ora um cavalo azul com um jockey amarelo...
Todo o teatro é o meu quintal, a minha infância
Está em todos os lugares, e a bola vem a tocar música,
Uma música triste e vaga que passeia no meu quintal
Vestida de cão tornando-se jockey amarelo...
(Tão rápida gira a bola entre mim e os músicos...)
Atiro-a de encontro à minha infância e ela
Atravessa o teatro todo que está aos meus pés
A brincar com um jockey amarelo e um cão verde
E um cavalo azul que aparece por cima do muro
Do meu quintal... E a música atira com bolas
À minha infância... E o muro do quintal é feito de gestos
De batuta e rotações confusas de cães verdes
E cavalos azuis e jockeys amarelos...
Todo o teatro é um muro branco de música
Por onde um cão verde corre atrás de minha saudade
Da minha infância, cavalo azul com um jockey amarelo...
E dum lado para o outro, da direita para a esquerda,
Donde há arvores e entre os ramos ao pé da copa
Com orquestras a tocar música,
Para onde há filas de bolas na loja onde comprei
E o homem da loja sorri entre as memórias da minha infância...
E a música cessa como um muro que desaba,
A bola rola pelo despenhadeiro dos meus sonhos interrompidos,
E do alto dum cavalo azul, o maestro, jockey amarelo tornando-se preto,
Agradece, pousando a batuta em cima da fuga dum muro,
E curva-se, sorrindo, com uma bola branca em cima da cabeça,
Bola branca que lhe desaparece pelas costas abaixo...

Fernando Pessoa Ortónimo - Chuva Oblíqua

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Literacia e competitividade

Ontem foi apresentado em Lisboa um estudo sobre a Dimensão Económica da Literacia em Portugal, encomendado pelo Plano Nacional de Leitura e que revela: Portugal apresenta os níveis mais baixos de competências de literacia entre os países já estudados.
E a baixa literacia tem consequências directas na economia e na possibilidade de gerar riqueza. Se não houver uma inversão dos números, a pobreza e a desigualdade social aumenta, assim como o país perde o comboio da competitividade.
Portugal é dos poucos países onde os empregadores não reconhecem a importância de ter trabalhadores com bons níveis de literacia. Dois terços dos empregadores optam por profissionais pouco qualificados. Isso deve-se ao próprio nível de literacia dos empregadores e à oferta de emprego que existe em Portugal (digo eu!)
Aparentemente parece que estudar não compensa, porque se há diferenças nos salários daqueles que têm formação de nível superior; o mesmo não se verifica com os que fizeram o ensino secundário, quando comparados com os profissionais que têm níveis de escolaridade mais baixos, aponta o relatório, com base em dados de 1994/1998.
Se T. Scott Murray, autor do estudo, defende que é preciso investir mais no Plano Nacional de Leitura e no Novas Oportunidades; para o economista João Salgueiro, não faz sentido fazer mais investimento na educação quando os resultados escolares são dos piores. Também Vítor Bento, da Sibs, é da opinião que é preciso mudar a cultura que não valoriza a aquisição de conhecimentos, é preciso valorizar os bons alunos, premiá-los, propôs. A ministra Isabel Alçada preferiu falar do importante papel dos pais: “Falamos sempre da qualidade da escola e dos professores mas precisamos de ter bons alunos."
BW

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Proposta de novo modelo de avaliação - ME

"A proposta de modelo de avaliação apresentada hoje pelo Ministério da Educação aos sindicatos entrega o processo de avaliação de docentes a uma comissão constituída por três professores dos conselhos pedagógicos e por um relator do mesmo grupo disciplinar do docente avaliado. Essa comissão será dirigida pelo presidente da Comissão Pedagógica, cargo que é ocupado pelos directores das escolas.O período de avaliação é bi-anual mas o Ministério da Educação mostrou abertura para reavaliar os prazos." in PÚBLICO
As negociações vão ser agendadas até final do mês.

Autores do Programa de Português do Secundário

Os actuais programas de Português do Secundário perderam a antiga lógica cronológica.
Os referidos programas privilegiam o estudo de tipologias textuais, pelo que, do ponto de vista do "tempo", e ao longo do 10º, 11º e 12º anos, se vão dando grandes saltos.
Aqui fica um quadro que nos permite visualizar estes saltos e que costumo usar para mostrar aos alunos as nossas viagens pela literatura portuguesa.
De Camões à poesia contemporânea, no programa do 10º; passando por Padre António Vieira e Eça de Queirós, no 11º; chegamos, depois, aos autores do século XX , no 12º ano.
Antes dos testes de Português ou exame nacional, vale a pena arrumar a cabeça e colocar os autores nos séculos certos! Não imaginam os sítios onde eu já vi alguns dos nossos autores. A última curiosidade que me deram a ler colocava Almeida Garrett a escrever o Manifesto Anti-Dantas (na verdade , da autoria de Almada Negreiros, século XX!).
Ana Soares
Ana Soares

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Negociações...

"Para a Fenprof, não é necessário que todos os professores cheguem ao topo da carreira, mas aqueles que vierem a revelar mérito, no âmbito de um novo modelo de avaliação, «não podem ser impedidos» de atingir esse reconhecimento."
Leia mais aqui.

Preparar o Natal - II

Os felizes contemplados das nossas prendas "caseiras" são sempre os avós, tios, padrinhos, primos e amigos especiais.

Já começámos a preparação das prendas 2009, mas não vos podemos falar destas...ainda são segredo. Deixo-vos, então, como sugestão o que fizemos nos três últimos anos.

1 - molduras
Comprei molduras em pinho, lisas, no Ikea. Aos pares, ficam muito económicas. Umas foram simplesmente pintadas com os dedos. A outras foram ainda acrescentados uns botões. Para as meninas, botões cor de rosa ou com forma de flor. Outras molduras tiveram direito a joaninhas dos ramos de flores. Para as dos rapazes, foram escolhidas cores e temas mais discretos.

2 - ganchos e imans

Com uns pedaços de espuma colorida (mas com tecido ou feltro também deve resultar) desenhámos uns corações e uns círculos e aplicámo-los em ganchos de cabelo. Esta foi a prenda das "miúdas".

Para os rapazes, no mesmo material, desenhámos uns carros. Aplicámos triângulos, rectângulos e círculos a fazer de janelas e rodas. Por detrás, colámos uns pedaços de imans de frigorífico.


3 - biscoitos

Com uma simples receita de biscoitos de manteiga ou chocolate e umas forminhas de metal, do género das da plasticina, podem fazer-se fantásticos biscoitos em forma de estrela, flor, árvore de Natal ou, até mesmo, biscoitos anjo. Destes não tenho fotografias. Foram todos comidos!

Ana Soares

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Preparar o Natal - I

Os feriados que se avizinham são uma óptima oportunidade para começar a preparar o Natal com os mais pequenos. Todos os anos procuro "inventar" pequenas prendas para fazer com os miúdos. Eles não participam na azáfama das compras de Natal. Mas participam muito activamente nos preparativos dos postais e das prendas "caseiras". E estas é que assumem, para nós, uma maior importância. Pelo tempo que passamos a decidir o que fazer. Por cada escolha personalizada. Pela entrega e dedicação que se prolonga por vários dias e fins-de semana.

Ana Soares

domingo, 29 de novembro de 2009

Uma esfregona como prenda de Natal

Dos meus brinquedos de menina lembro-me de um serviço de chá de porcelana para seis, com bule e açucareiro; de um ferro de engomar com uma ventosa a servir de ficha, para colar na parede; de uma máquina de costura que costurava.
A minha filha nunca gostou de brincar com pratinhos e servicinhos de chá talvez porque sempre menorizamos esses brinquedos, oferecidos pelas avós. Nunca teve uma bancada de cozinha com fogão e frigorífico, porque o lugar das mulheres não é na cozinha; mas teve uma banca de mercearia com frutas, vegetais, queijos e salsichas para vender, com máquina registradora e moedas, para perceber o valor do dinheiro e a importância da matemática. Era dos brinquedos que mais gostava quando tinha quatro e cinco anos.
Sempre optamos pelos jogos didácticos, pelos de tabuleiro para jogar em família, pelos livros, pela música, como prendas de Natal.
O mimetizar a vida real ficou a cargo da educadora e do pré-escolar com os seus cantinhos da casa, da oficina e essas definições de género que ainda perduram nos jardins-de-infância portugueses. Por isso, para nós seria impensável oferecer um kit com esfregona e balde a qualquer criança, é daqueles brinquedos que não lembram a ninguém mas que estão em qualquer catálogo de brinquedos. Mas tenho a certeza que se o tivesse recebido quando era pequena, teria adorado sujar o chão só para poder usar a esfregona!
BW

sábado, 28 de novembro de 2009

Solidariedade: postais e prendas de Natal

O ano passado já "ofereci" prendas destas: uma placa de zinco, um kit para grávidas, latas de leite, mantas de lã.
Este ano penso oferecer uma cabra, um painel solar, leite e uma cadeira.

São os postais/presentes solidários da Fundação Evangelização e Culturas.

Um dois em um: uma prenda para aquelas pessoas a quem, felizmente, nada de especial faz falta e a quem já não sabemos o que oferecer e, por outro lado, um gesto de solidariedade.
Depois de escolhermos o presente é emitido um postal (em papel ou digital) que podemos personalizar e fazer chegar à pessoa a quem o dedicamos. O postal apresenta o presente escolhido assim como país a que se destina.

A instituição que assegura este projecto é de confiança. Sabemos que muitas vezes temos receio de contribuir e que o nosso gesto não chegue aos seu destinário. Neste caso, a Fundação Evangelização e Culturas, através de parcerias com instituições que estão no terreno, garante a entrega dos bens oferecidos.

O ano passado optei pelos postais em papel. Eram muito bonitos, a encomenda on-line foi muito simples, os prazos de entrega foram cumpridos, mas mais importante...as pessoas a quem os ofereci gostaram deles e acredito que as pessoas que receberam a placa de zinco, o kit para grávida, as latas de leite e as mantas de lã também gostaram.

Aqui fica a sugestão.
Visitem o site!

Ana Soares

Convite para Projecto de educação ambiental e cidadania

No âmbito do projecto de educação ambiental e cidadania "Os Pequenos Florestadores", irá ser efectuada uma acção de voluntariado aberta à população (acção de controlo de plantas invasoras - Chorão e Acácia - e a plantação de árvores e arbustos autóctones - Carrasco, Pinheiro Manso, Aroeira e Medronheiro - produzidas no Viveiro do Grupo Flamingo na Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa de Caparica).

Dia da acção: 29 de Novembro de 2009 (Domingo)
Duração da Actividade: 9h – 13h
Ponto de Encontro: Parque de Merendas da Brigada Fiscal da GNR da Fonte da
Telha.

Esta actividade não tem limite de idades nem limite de participantes, mas necessita de inscrições por uma questão de controlo da quantidade de pessoas que querem participar e de materiais (luvas e ferramentas) a serem disponibilizados pela organização.

Levar reforço alimentar
Levar vestuário confortável para actividade ao ar livre

Não há seguro de actividade para os participantes.

Mais informações sobre "Os Pequenos Florestadores" www.grupoflamingo.org

Informações sobre a Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa de Caparica www.icnb.pt

Informações sobre Plantas Invasoras http://www1.ci.uc.pt/invasoras/

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Ser o líder da matilha

Os norte-americanos estão a pôr de parte os livros do Dr. Benjamin Spock e a substitui-los pelos conselhos de Cesar Millan. É um novo pediatra, um psicólogo, um investigador na área da educação? Não, é um treinador de cães!
O segredo está em sermos o cão alfa da matilha, o líder. Não temos de ladrar muito alto, mas devemos transmitir segurança e certeza para que os nossos filhos se sintam seguros, respeitem a nossa palavra e nos obedeçam.
Exercício + disciplina + afecto = felicidade, resume o conhecido treinador.
Não é mais do que outros autores têm vindo a público dizer, como o pediatra francês Aldo Naouri, por exemplo.
Sempre nos fica melhor dizer que lemos Naouri, do que confessarmos que estamos a aplicar o treino do cão com o nosso filho!
BW


Retoma de roupa

Na hora de arrumar a roupa de Verão dos miúdos, muita da que já não serve (nem vai servir no próximo ano!) pode ser reencaminhada para instituições. Mas descobri uma nova hipótese: a da retoma. O valor da retoma pode ser usado para adquirir roupa para a estação que se segue e a que foi entregue é reencaminhada para uma instituição à nossa escolha.

Todos ficam a ganhar! Interessante, não é?

Leia mais aqui.

Máquinas de livros

Uma boa ideia, definitivamente.
Ora se há máquinas de café, máquinas para sumos e bolos e bolachinhas, por que não, adaptando, haver máquinas em que se compram livros de bolso?

A ideia é do Grupo Leya. E se, para já, só as encontramos na estação de Sete Rios e a Estação de Santa Apolónia, o objectivo da empresa é alargar o número de máquinas disponíveis na capital.

Os livros disponíveis pertencem à colecção de livros de bolso BIS. Saramago, Pepetela, Agualusa, Mário de Carvalho, Allan Poe, João Aguiar, Pe António Vieira, Adolfo Coelho, Conan Doyle, Kafka, Eça de Queirós... um sem número de excelentes autores e títulos. Ali, à mão se semear, numa máquina automática de livros.


Ana Soares

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Sindicatos e nova ministra

A reunião entre o Ministério da Educação e sindicatos deu já frutos: a confirmação do fim da divisão da carreira docente entre professores titulares e não titulares.

Todavia, na proposta hoje apresentada, o Ministério continua a defender a existência de uma prova de ingresso na profissão - uma medida consagrada no Estatuto da Carreira Docente aprovado em 2007 - e a existência de vagas para a progressão dos docentes para o 3º, 5º e 7º escalão da carreira, pelo que a progressão, para além de ser ditada pela antiguidade e pela avaliação do docente, passa a estar também dependente da abertura de vagas.
A FNE vai avaliar a proposta. A Fenprof tem desde já uma ideia clara quanto às referidas vagas e o que elas representam: "Pode até ser um recuo face ao que existe actualmente", referiu hoje ao jornal PÚBLICO Mário Nogueira.

Ana Soares

Ainda o filme "Uma Aventura na Casa Assombrada"

Fui à ante-estreia do filme. Um convite pessoal, que depois se estendeu a 75 alunos da minha escola. Uma emoção, como podem imaginar. De sexta-feira para segunda de manhã tinhamos 72 alunos confirmados para ir (e até já havia lista de suplentes!). O filme, que estreia nas salas de cinema no dia 3 de Dezembro, é uma super produção! A sala estava quase cheia. Havia mais miúdos para além dos "meus". Estavam lá muitos outros vips: os actores, claro, mas as autoras dos livros, Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, também. Alguns dos miúdos estavam quase esquecidos que, na manhã seguinte, voltavam à realidade e o despertador ia tocar cedo, por isso ainda quiseram um ou outro autógrafo. Alguns levaram o livro. Outros pediram os autógrafos no próprio bilhete.
Pode parecer banal, mas, na verdade, como o produtor, Manuel Fonseca, destacou, este é o PRIMEIRO FILME INFANTO-JUVENIL produzido em Portugal. Não vai ser o último, quero acreditar! Mas, de facto, isso torna-o especial.
A adaptação é, a meu ver, adequada para as faixas etárias a que se destina. O terror (não esquecer que este é um filme sobre fantasmas) surge embrulhado no ridículo (o que, pelo menos nesta sessão, pôs miúdos e graúdos a rir). O romance assim como a aventura surgem equilibrados com a magia necessária a uma produção deste género, mas sem excessos que nos façam pensar que o filme não se adequa a meninos a partir dos 8/9 anos. O filme tinha de ser também para estes e não apenas para os jovens adolescentes.
Para além dos cinco jovens actores que dão vida ao grupo de amigos que protagoniza esta aventura, grandes nomes do nosso cinema e teatro completam o grupo: Ricardo Carriço, João Didelet, Ana Padrão, Sofia Grilo, Leonor Seixas e Jorge Corrula, entre outros.
Uma boa tarde de cinema para o feriado de dia 8 de Dezembro ou para as férias do Natal.
Ana Soares

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Porque todos querem o melhor para os filhos

Há pais que mentem para conseguir que os filhos vão para a escola pública que consideram ser a melhor. Não é novidade, mas o tema é desenvolvido no PÚBLICO partindo do caso de uma mãe inglesa que foi processada pelo tribunal, em Inglaterra.
Por cá, o CDS-PP defende a liberdade de escolha para os pais, mas está isolado, o medo é que as escolas consideradas piores fiquem desertas e as outras sobrelotadas. Há sempre quem defenda que as leis de mercado devem funcionar mesmo na educação.
Acho preferível que TODAS as escolas melhorem os seus desempenhos, não com facilitismos, mas com trabalho, com investimento.
É certo que há escolas em bairros complicadissimos, com miúdos que não sabem estar na escola, mas os cursos que têm sido introduzidos como os CEF ou os profissionais e tecnológicos podem vir a cativar esses jovens. Assim como todas as outras ofertas que estas escolas têm - por vezes têm actividades invejáveis que seriam tão bem aproveitadas por alunos aplicados.
Com os novos cursos, há mais escolha porque já não é obrigatório ficar na escola do bairro onde se vive ou onde se trabalha. Por isso, vai havendo esperança!
A mãe galinha fala da sua experiência numa escola de "má fama". Leiam o post de 4 de Novembro.
Entretanto, quem pode continua a pagar a escola privada e diz aos quatro ventos que se pudesse tinha os filhos na pública. Ou então faz tudo, até mentir, para que a criança entre na pública daquele lindo bairro da alta burguesia da cidade, que funciona tal e qual como um colégio.
BW

Os e-books são uma ameaça?

Para as editoras tradicionais os e-books não são uma ameaça aos livros impressos. "As maiores ameaças são as que provocam alterações drásticas no comportamento dos consumidores, actuais ou potenciais", assinalou o editor da Esfera do Caos, Francisco Abreu, em declarações à Lusa. Outra ameaça foi "o computador com Internet", que afastou a maioria dos estudantes, "do básico ao universitário", das pesquisas em livros. Na opinião do editor, a rede tem ainda a desvantagem de provocar "uma mudança radical" nos hábitos de leitura e na atitude relativamente ao suporte tradicional: "a leitura de textos com 200 páginas, num livro, é substituída pela leitura, no monitor do computador, de textos com dois parágrafos ou com duas páginas".
Em contrapartida, e com excepção de "nichos de mercado de elevada especificidade e o muito longo prazo", a nova geração de e-books não representa uma verdadeira ameaça, segundo Francisco Abreu, para quem "vai acontecer agora o mesmo que sucedeu há cerca de uma década com a primeira geração", que não cativou os leitores.

Não sei... A mim cativa-me andar com um gadget, em vez de levar 500 páginas no avião ou para a praia. Por outro lado, tenho a certeza que vou ficar mal-disposta só de olhar para o écrã, em viagem; e que na praia o e-book não sobreviverá muito tempo por causa da humidade e da areia!

Diz um estudo sobre a atenção que a concentração desce quando se lê num e-book porque o leitor pode mudar de tarefa facilmente e que o retorno à leitura concentrada pode demorar 23 minutos. Por isso, o melhor é carregar com as 500 páginas!

BW

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A minha infância é melhor do que a tua?

"A minha infância tinha coisas lá dentro", disse ainda Francisco José Viegas na conferência lamentando as infâncias de hoje em dia. Teve uma infância feliz numa aldeia perdida do Douro, pescava, acampava, jogava futebol, ouvia histórias contadas por uma avó fantástica, tinha horas de preguiça.
De uma geração diferente e na capital, também fiz tudo e mais ainda do que o que foi enumerado por Viegas e também tive uma avó e uma criada velha (sim, é pós-25 de Abril mas em casa da minha avó as empregadas eram criadas, lamento) que adoravam contar histórias de família, tradicionais e populares, além dos romances de cordel. E, no Verão, tinha horas intermináveis de preguiça, deitada debaixo ou em cima de uma árvore, escondida no sotão da casa da terra dos meus bisavós, a ler livros antigos, daqueles que ficam nos sotãos porque já ninguém os quer ler, os Eça, os Júlio Diniz, os Dumas.
E os miúdos de hoje também têm tudo o que Viegas teve, que eu tive e ainda mais! Porque hoje há mais, mais desafios, mais ofertas, mais escolhas, mais livros, mais, mais, mais... Por isso, as suas infâncias também têm muita coisa lá dentro! Talvez tenham menos preguiça e essa sim, faz muita falta!
"A preguiça é grande factor de desenvolvimento das sociedades", rematou.
BW

Francisco José Viegas elogia professores

"O país ignora a vida dos professores, o seu papel de afinadores de destinos", disse esta manhã o jornalista e escritor Francisco José Viegas na abertura da conferência internacional Infância, Crianças, Internet: Desafios na Era Digital, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
E passou a explicar: os professores têm de cuidar dos alunos que não tomam o pequeno-almoço, dos que têm problemas com a Língua Portuguesa, dos que têm problemas com o namoro.
É verdade, digo eu, os verdadeiros professores são os que tomam o aluno como um todo; que se preocupam com todo o seu ser e não apenas com o ser aprendente; mas esses são os verdadeiros professores, os de excepção; aqueles de que nos lembramos em adultos, aqueles que fizeram a diferença na nossa vida e foram tão poucos.
Acho que entre as novas gerações serão ainda menos os que ficarão com boas lembranças dos seus professores, essencialmente porque são pessoas que estão na profissão porque sim e não por vocação; que olham para os miúdos com ar de enfado, que procuram fazer tudo bem em sala de aula mas que não interagem com as crianças, não se envolvem porque ninguém lhes paga para isso, por outra ideia mais mesquinha ou apenas por inabilidade.
Hoje o auditório 1 da Gulbenkian estava repleto de futuras professoras, alunas do ensino superior que ganham uns créditos por assistir a conferências (é assim Bolonha) e aflige perceber que daqui por um ano ou dois estarão frente a crianças a sério, quando ainda têm ar de crianças e, pior, comportamentos que não admitimos aos nossos filhos: chegar tarde, falar com o parceiro do lado, jogar com o telemóvel ou mandar mensagens, abrir rebuçados e caixas de pastilhas enquanto os conferencistas estão a falar.
Tenho a certeza que quando forem senhoras professoras hão-de ficar enxofradas com esses comportamentos em sala de aula, hão-de reprimi-los (ainda bem, é o seu dever) e comentá-los na sala dos professores com o habitual: "Não lhes dão educação em casa".
BW

O Céu em forma de Poesia

Hoje trago-vos um livro de poesia da colecção Júnior da Texto Editora, de que a Bárbara já aqui falou a propósito do Alex ponto com. Esta colecção, para além da qualidade dos textos e ilustrações e preço acessível, tem ainda como vantagem o facto de estar organizada por cores correspondentes a diferentes grupos etários, aspecto que, por vezes, facilita a escolha (série Azul - +6 anos - , Laranja - +8 anos - e Vermelha - +10 anos).
O título que hoje destaco, Corpos Celestes, da autoria de José Jorge Letria, ganha relevância nesta colecção por ser um livro de poesia, nem sempre fácil de encontar para miúdos e pelo tema, a astronomia. Do bing bang, à galáxia, da órbita ao sistema solar, tudo isto podemos aqui encontrar em forma de poema. Assim, a ler poesia também se pode aprender astronomia.

Diz a capa : +8 anos. Mas acho que os nossos leitores com mais de oito anos também devem gostar, por isso aqui fica.

Ana Soares


O astrónomo
Podia ser Newton, Kepler ou Galileu
E olhar o céu por meio de lentes,
Podia até ser um vizinho meu
Que gosta de estrelas cadentes.
Podia ser isso e muito mais
Mas é apenas um homem
Que além das coisas banais
Vê outras mais longínquas
que se torrnam principais
E de que nem sequer há notícias
Nas páginas dos jornais.
E nisto salta da cama o astrónomo
E pergunta: «Onde está a minha caneta?
Vou dar nome a um novo planeta!»

José Jorge Letria, Corpos Celestes

sábado, 21 de novembro de 2009

Porque gosto de ser jornalista

Desengane-se quem pensa que o melhor da minha profissão é viajar. Para mim é OUVIR pessoas que muitas vezes estão inacessíveis ao público em geral. Gosto de ouvir pessoas interessantes, inteligentes, com boas ideias, razoáveis, humildes, conhecedoras profundas da realidade, com ideias sobre o presente e para o futuro.
Esta foi uma semana boa! Obrigada a todos os que me fazem crescer, abrir horizontes, perceber outros pontos de vista, ter outras perspectivas sobre um mesmo tema, ser mais tolerante e mais aberta ao mundo. Tudo isto sem saberem!
BW

Casa com Jardim em Almada

É na CASA DA CERCA - Centro de Arte Contemporânea, em Almada, o lançamento do livro Casa com Jardim e a inauguração da exposição "Herbário Criativo", amanhã, a partir das 15h30.
A Casa com Jardim é um livro de Emília Ferreira com ilustrações de Fernanda Fragateiro, a pensar no público dos cinco aos dez anos e conta a história da criação da Casa da Cerca enquanto centro de arte contemporânea. Faz ainda uma incursão pela história de Almada, desde os tempos da ocupação árabe até aos dias de hoje.
O livro revela ainda as actividades que se fazem no centro bem como alguns aspectos da arte contenporânea
Quanto ao "Herbário Criativo" é uma exposição de um projecto educativo da autoria de Mário Campos e Isabel Rainha com trabalhos de pequenos artistas.
"A Casa da Cerca prossegue assim o objectivo de desenvolver um Serviço Educativo baseado em princípios de sensibilização, motivação e interpretação da arte contemporânea, através da realização de actividades em torno das exposições, explorando também a ligação das Artes Plásticas à Natureza e à Ciência.", diz em comunicado a autarquia.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Mais 30 dias.

Recomendando o fim da divisão da carreira em duas categorias e a criação de um novo modelo de avaliação no prazo de 30 dias, para além de defender que no primeiro ciclo avaliativo, que está a terminar, não haja professores penalizados em termos de progressão da carreira devido a diferentes interpretações da lei, foi hoje aprovado o projecto de resolução do PSD sobre a avaliação dos professores e o novo estatuto da carreira docente.
Os sete diplomas da oposição, que visavam suspender o actual modelo de avaliação e acabar com a divisão da carreira docente em duas categorias hierarquizadas, foram chumbados.
Ana Soares

Numa semana quatro mulheres foram mortas pelos namorados

Sandra, 25 anos e Marinela, 23 anos foram mortas pelo namorado da primeira no sábado passado em Rio de Mouro. Sandra queria sair de casa, ingressar num curso profissional e o namorado, 25 anos, era contra. Suicidou-se.
Carla, 28 anos, mestre em Biologia ia começar o doutoramento, foi morta na segunda-feira pelo ex-namorado à porta da casa dos pais em Castelo Branco. O casal conheceu-se na universidade. O agressor está em prisão preventiva.
Joana, 20 anos, namorava há cinco com David, 22 anos, eram alunos do politécnico de Viseu. Joana foi morta pelo namorado na quarta-feira, em Mangualde. O rapaz é hoje ouvido em tribunal.
Lembro-me de um estudo da Universidade do Minho, divulgado há um ano que dizia que 25 por cento dos jovens entre os 15 e os 25 anos já foram vítimas de violência do namorado ou namorada. A investigação dizia que as novas gerações começam a agredir-se cada vez mais cedo e chegam a tolerar a violência sexual. Na altura foram inquiridos 4730 jovens dos ensinos secundário, profissional e universitário, e que abandonaram a escolaridade.
Como é que estamos a educar os nossos filhos?
Que exemplo é que damos em casa?
Como falamos com o pai/a mãe dos nossos filhos?
Que imagem têm eles do sexo oposto?
Os nossos rapazes respeitam as raparigas? E vice-versa?
Mostramos que amar é respeitar, sempre?
Ensinamos que a vida humana é única e inviolável?
BW

Testes, fichas e companhia

Nesta altura do ano, começam, por parte dos alunos, as pesquisas na net com as seguintes palavras: testes, testes de Português, Padre António Vieira, fichas, Fernando Pessoa, exercícios, Gil Vicente, Auto da Barca do Inferno...

Depois dos exercícios de aula e do manual, depois de ver o que existe lá para casa sobre estes temas/ autores, não vejo mal que os miúdos procurem na net mais recursos, mais testes para treinar e "testar" os seus conhecimentos. São muitos os sites com material útil para este efeito, o de rever e treinar.

Aqui ficam algumas sugestões para alunos:

Ana Soares

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Plano Nacional de Leitura

Com Isabel Alçada nas suas novas funções ministeriais, o PNL (Plano Nacional de Leitura) ganha novo comando. É a vez de Fernando Pinto do Amaral assumir as funções de comissário e continuar este projecto.

Ana Soares

Bernardo faz birra

Deve ter uns nove anos, na biblioteca lá de casa, e volta e meia voltamos a ele.
Conheci Bernardo faz birra (de Hiawyn Oram e com ilustrações de Satoshi Kitamura, da Caminho) em ambiente de trabalho, numa ida a um jardim de infância público, num sítio menos bom da cidade de Lisboa, onde os meninos tinham uma biblioteca maravilhosa graças a uma educadora de infância que apostava na leitura, no contacto com os pais através dos livros, quando ainda não havia Plano Nacional de Leitura. Era uma profissional fabulosa, numa sala com poucos recursos mas cheia de livros e de meninos que brincavam com os livros, sem estragá-los.
Comprei-o nesse dia ou um dia depois.
Bernardo faz birra ajudou as crianças lá de casa a crescer; enquanto pais ajudou-nos a não entrar nas birras e a relativizá-las. Confesso que quando estou quase, quase a fazer uma birra lembro-me do Bernardo e tento controlar-me... Nem sempre consigo!
BW

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Eles e a Internet

A Internet mudou o modo como nos relacionamos e entrou nos nossos hábitos e nos dos nossos filhos.
"De que falamos hoje quando falamos de novas tecnologias de informação e comunicação? Quais os seus efeitos na escola, na família, no relacionamento com os amigos?"
Nos próximos dias 23 e 24, na Fundação Caloute Gulbenkian, em Lisboa, o tema é discutido numa conferência internacional, onde se esperam respostas a estas questões!
Mais informação: aqui .

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Deixem as crianças descansar

São sete dias a "quarentena" da Gripe A e se muitas crianças ficam prostradas, outras há que lhes passa rapidamente e estão cinco dias bem, só que não podem regressar à escola. Há pais que se preocupam com a escola e defendem que os miúdos não deveriam perder matéria e o melhor dos mundos era os professores mandarem trabalhos para casa. Há quem esteja a fazê-lo, como se pode ler aqui .
Compreendo que existam anos escolares em que pode ser mais stressante ficar sete dias sem ir à escola, há exames no final do ano lectivo ou estão neste preciso momento a decorrer provas escritas nas salas de aula. Mas, para a maioria dos meninos, o melhor mesmo é aproveitar e recuperar bem a saúde. Como dizia um leitor do PÚBLICO, se os pais estiverem doentes não querem levar trabalho para casa, pois não? Por isso, descansem, todos!
BW

Os clássicos para crianças

Depois de lembrar a Ana Faria e a sua interpretação dos clássicos, é agora a vez de falarmos de Catarina Molder e Francisco Sassetti. Estes deram recentemente nova vida às canções mais bonitas da chamada música clássica. Numa edição da Caminho, temos aqui uma versão, também ela com letras em português, dos clássicos adaptados às crianças. Tem feito grande sucesso nas nossas viagens de carro. Todas as músicas têm uma breve introdução, feita pela Catarina, que resume a "história" que a seguir vai interpretar. As ilustrações, no livro, são da Danuta Wojciechowska . Maravilhosas, como seria de esperar.

Vamos Cantar os Clássicos, uma boa sugestão para ir começando a pensar no Natal.

Ana Soares

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O Luís quer ir a Paris

Aqui vai a música do Luís.


Os clássicos da Ana Faria

Quem não se lembra da Ana Faria e dos Queijinhos Frescos? Certamente que também o albúm Brincando aos Clássicos e o João (aquele que queria ser cowboy ) ou o Luís (aquele que queria ir a Paris) fazem parte das lembranças de muitos de nós.

sábado, 14 de novembro de 2009

Não há famílias perfeitas

"Juro ter os meus filhos penteados, limpos, bem vestidos, unhas cortadas, vacinas a tempo.
Juro brincar com eles, ser uma mãe divertida, não andar em cima deles, ter vida própria.
Juro garantir que aprendem e fazem os trabalhos de casa."
As juras continuam por aí fora, em busca da perfeição. Parece que às mães portuguesas, segundo a psicóloga clínica Marta Gautier, é-lhes exigido que sejam o suprasumo.
Não há famílias perfeitas é um livro de confissões, cada texto tem o nome fictício de uma doente de Marta Gautier e uma história aparentemente real.
Li-o num ápice mas soube-me a pouco. É verdade que qualquer mulher, mãe e profissional se revê em alguns dilemas colocados, mas depois falta a solução, falta a resposta da especialista em competências parentais, falta a receita para sair daquele emaranho de dúvidas. E, por isso, este é um livro pobre, porque não dá respostas. São só desabafos e nada mais. É pena.
BW