Muito a propósito dos nossos últimos posts, tive na escola mais uma tarde de formação sobre Educação para a Sexualidade. Já tivéramos uma tarde com uma psicóloga, outra com um especialista em ética e agora chegou a vez de uma médica. As expectativas eram algumas. Achávamos que não nos íamos ficar pelas componentes biológicas e fisiológicas (até porque todos somos adultos e entre nós até estavam os profs de Ciências, Biologia, especialistas nessa matéria). Foi, portanto, uma agradável confirmação o facto da sessão não se deter, nem sequer enfatizar, esse domínio. Foi óptimo ouvir da boca de uma especialista no trabalho com adolescentes, pois a referida médica é responsável por uma consulta de adolescência num dos nossos hospitais, que a educação sexual começa em casa, na família. E que a escola assume também um papel importante, mas paralelo, que é partilhado com outros grupos sociais a que a criança pertença (grupos desportivos, grupos de jovens, actividades de carácter religioso, seja qual for a equipa ou religião). Reforçou que os números mostram que os jovens assim integrados iniciam mais tardiamente a sua vida sexual. Mencionou casos de jovens adolescentes, com 12 ou 13 anos, grávidas. Descreveu o sentimento de impotência e revolta perante algumas destas situações. Gostei de ouvir na discussão que se gerou que na escola não têm de existir balcões ou gabinetes de educação para a sexualidade. Que esta educação deve ser feita de uma forma harmoniosa entre aquilo que a família mostra, aquilo que a escola ensina e que é corroborado pela atitude saudável com que os adultos, perante as crianças e jovens, assumem este tema. Achei curioso ouvir algo que já tinha ouvido dos psicólogos: os adolescentes podem ter o corpo, a informação…tudo aquilo que os faz pensar que já são adultos. Mas as suas cabeças não pensam como as de um adulto. E isto explica-se pois há uma zona cerebral (não me perguntem o nome, pois já não me lembro), responsável pela capacidade de maturação e controle de algumas decisões, que ainda não se desenvolveu aos 12, 14 ou 16 anos. Reforçou a importância do “não”, das regras, dos valores que, desde cedo, devem ser incutidos às crianças. Defendeu mesmo que a ausência deste reforço cria adolescentes sem capacidade de auto-controle e atrasa a capacidade da tomada de decisões racionais. Disse ainda, várias vezes, que procura mostrar, nas suas consultas com os jovens, que entre o poder e o dever começar a ter relações sexuais vai um longo caminho. Que até lá chegar há muitas outras etapas e muitas outras coisas para fazer.
Aqui fica a partilha.
Ana Soares
Parabéns às duas, gostei do que vi e pena tenho de de não ter vindo aqui antes por saberia então que o McEwan esteve por cá.
ResponderEliminarBeijo Barbara e Ana