quinta-feira, 31 de março de 2011

Todas as palavras que mudam com o novo acordo

Já vimos aqui guias vários, dicionários, sites, conversores sobre o Novo Acordo Ortográfico.

Desta vez, sugiro-vos um pequeno livro que acabei mesmo por comprar quando li na capa: todas as palavras que mudam com o novo acordo. Apenas 2% do vocabulário da língua portuguesa muda com este acordo. A maioria das palavras nem é de uso corrente. E as palavras estão mesmo disponíveis neste útil caderninho. O mesmo inclui ainda a típica síntese teórica das alterações, para consulta.

Uma obra indispensável não só para os que trabalham com a língua portuguesa (professores, alunos, jornalistas, revisores, etc.), mas também para todos os que pretendem continuar a escrever corre(c)tamente em português, como é dito na contracapa.

Ana Soares

quarta-feira, 30 de março de 2011

Um poema por semana

O poema desta semana, do programa da RTP, é "Mãezinha" de António Gedeão. Aqui fica.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Alterações aos horários dos professores

O despacho 5328/2011 , publicado hoje, vem trazer alterações aos horários dos professores.

Recomendo uma leitura atenta do mesmo, mas destaco desde já que a única redução na componente lectiva, decorrente da atribuição de cargos, é a de director de turma diurno (2h).

Todas as outras reduções ( coordenador de departamento, coordenador de ciclo, clubes e projectos, desporto escolar, apoio ao professor bibliotecário) passam a ser feitas na componente não lectiva, conforme se pode observar no quadro do anexo III.

Curiosamente, as funções de relator no processo de avaliação de desempenho dos docentes também são associadas à componente não lectiva.

Ana Soares

Decisões

Se tivesse de escolher qual a tarefa que os professores mais desenvolvem ao longo de um dia de trabalho, eu diria "decidir". Há decisões tomadas com tempo, preparadas, por assim dizer, como que texto usar naquela turma, que trabalho de grupo propor, que visita de estudo realizar, por que aspecto da matéria começar, etc. Algumas destas decisões até são partilhadas, com os colegas que leccionam o mesmo ano, com coordenadores ou directores de turma até.

No entanto, 90% das decisões têm de ser tomadas na hora.
Sozinhos.
Na sala de aula.
Em frente aos alunos.
Fingir que não se viu um aluno mexer no telemóvel?
Responder ou não ao comentário que o aluno fez ao vizinho do lado?
Repensar a aula quando um recurso falha, o computador ou internet, por exemplo. Quando uma fotocópia não tem o verso. Quando os alunos que iam apresentar trabalho adoeceram todos naquele dia. Ou não trouxeram o material. Quando não conseguimos dar a aula de pé pois não nos sentimos bem. Quando eles ou nós tivemos uma má notícia. Quando mil e uma coisas acontecem.


Estamos em constante processo de adaptação. Não há monotonia na nossa profissão. Não há rotina na sala de aula. É bom? Claro. Desafiante? Sem dúvida. Estimulante? Ninguém duvida.


Agora não me venham dizer que isto não cansa. Que temos férias para dar e vender. E não insistam em dizer que aos 65 anos vou ter a mesma energia ou capacidade de decisão que tinha aos 25. Não me venham dizer que as decisões são fáceis. "São só miúdos." Não é simples. Uma palavra errada pode estragar tudo. Todos nós sabemos a importância que tem a palavra certa, do professor certo, na hora certa. Imaginem o contrário.

Ana Soares

domingo, 27 de março de 2011

Vox populi no cabeleireiro

Um dia depois do diploma da avaliação ter sido revogado, no cabeleireiro, ouço esta conversa:
Cabeleireira - Estou muito preocupada com a avaliação dos professores
Cliente - ...
Cabeleireira - Sim, estou muito preocupada com a educação da minha filha. É que os professores não querem, mas têm que ser avaliados.
Cliente - Sem dúvida!
A profissional começa a queixar-se da professora A e do professor B, a primeira não quer saber, o segundo só prejudica a miúda. "Ora, eles têm que ser avaliados para não porem o pé em ramo verde", sentencia. A cliente concorda.
Cabeleireira - De maneira que, o senhor Passos Coelho julga que assim conquista os professores e que estes vão votar nele. Pode ser que sim... Mas a mim não me engana ele, nem a mim, nem aos outros pais, que sabem muito bem que os professores precisam de ser avaliados.

E agora? O que acontece a partir de amanhã? Os professores continuam a avaliar-se uns aos outros? Tudo o que fizeram até sexta-feira não tem qualquer valor? Mas não foi o PSD que permitiu passar a lei do actual modelo de avaliação?
BW

MST e os professores que corrigem exames

Depois de, na semana passada, Miguel Sousa Tavares (MST) se ter enganado a escrever a quantia que os professores recebem por corrigir exames nacionais - eu tinha razão, o cronista trocou-se com as contas em escudos e em euros -, ontem, no Expresso, MST corrige o erro, mas dá mais um! Diz que os professores correctores estão dispensados de dar aulas e são comnpensados com mais dias de dispensa do que os gastos com a correcção...
Lá vai MST receber mais um "blitz organizado de cartas de professores contendo um rol nojento de calúnias, ofensas pessoais e ódio larvar". Mas como diz, "já está habituado". Certamente porque não é só com os professores que MST erra, mas com outras profissões, casos políticos e afins.
Que credibilidade têm os nossos opinion makers? Nenhuma.
Eu, sempre que tenho uma dúvida, pergunto. São muitos os professores e sindicalistas a quem recorro quando não sei quantos dias têm os docentes de férias, por exemplo. Às vezes digo-lhes: "Desculpe, não percebo, explique-me como se tivesse cinco anos" e ali estou, até perceber - não o caso dos dias de férias, outras questões que envolvem legislação mais complexa.
Esse deve ser o trabalho do jornalista: perguntar, cruzar fontes, investigar, ler diplomas (chato..., mas necessário), esclarecer quando não se percebe. Antes de MST ser opinion maker, foi jornalista. Não devia ter perdido o hábito.
BW

Abreviaturas como LOL entram em dicionários ingleses

Já é possível aceder ao significado de siglas e acrónimos como LOL, OMG ou TMI em dicionários. Leia a notícia aqui.

sábado, 26 de março de 2011

A única livraria infantil de lisboa

"O lugar onde os miúdos de hoje trarão os miúdos de amanhã."


A Cabeçudos merece uma visita. Embora pequena, está situada num local fantástico da cidade, mesmo perto do rio, a pedir que se escolha um livro e se vá ler para a relva dos jardins do Parque das Nações. Com uma oferta variada, com livros para todas as carteiras, oferece ainda actividades de leitura. A próxima é dia 27 de Março 27. As sessões de "Conta-me histórias… " são dinamizadas por animadores culturais ou outros técnicos e são uma forma diferente de passar uma manhã.


O vídeo mostra o Francisco, de sete anos, a visitar a livraria. Apesar dos segundos iniciais de publicidade (que não consegui eliminar), espreitem. Vale a pena ouvi-lo.
Ana Soares


"Quando nós estamos a ler podemos imaginar coisas e podemos fingir que também estamos a passar por uma coisa nessas coisas", Francisco

sexta-feira, 25 de março de 2011

Bom fim-de-semana

Avaliação dos Professores foi revogada

A oposição parlamentar aprovou hoje a revogação do actual sistema de avaliação de desempenho dos professores, com os votos favoráveis de PSD, PCP, BE, PEV e CDS-PP e contra da bancada do PS e de um deputado social-democrata.Leia mais aqui

quinta-feira, 24 de março de 2011

Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

Analisei recentemente este poema em aula com os meus alunos. Tão actual!

NEVOEIRO

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer –
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo - fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer,
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a hora!

Fernando Pessoa


O poema aponta para a disforia, a melancolia e a tristeza. Reforça, através de palavras e expressões de negatividade, uma situação de crise a vários níveis: político (“Nem rei nem lei, nem paz nem guerra”); crise de valores morais (“Ninguém sabe que coisa quer,/ (...) nem o que é mal, nem o que é bem”); crise de identidade ("ninguém conhece que alma tem"). A situação é, portanto, de incerteza e de indefinição.

"Ó Portugal, hoje és nevoeiro... ", conclui o sujeito poético. No entanto, e apesar desta constatação, não deixa de lançar o desafio: "É a hora! "


Ana Soares

quarta-feira, 23 de março de 2011

Lançamento do livro EVA

27 Março, 16h no CCB

EVA, o novo projecto de Margarida Botelho, é a história documental de duas culturas que poderão ter mais coisas em comum do que à partida se imagina. Eva ou Evas... uma menina que vive na EUROPA, num país que poderá ser PORTUGAL, e outra menina que vive em ÁFRICA, num país que poderá ser MOÇAMBIQUE, iniciam em lados opostos do livro uma viagem para o encontro! Eva é um livro que festeja a diversidade e a pluralidade do mundo com os seus encontros e desencontros. Eva é também um livro-objecto que apresenta uma expressão visual desafiante e lúdica para o leitor.
Eva é o primeiro livro da coleção POKAPOKANI. Esta coleção é parte integrante de um projeto artístico de intervenção comunitária que assenta na criação, e no registo documental, de histórias na primeira pessoa, originárias de geografias lusófonas e não só. O projeto, que celebra o encontro entre diferentes mundos, terá as imagens e as palavras dos vários participantes locais, que a autora e mediadora Margarida Botelho reflete numa visão em forma de livro depois de cada encontro.

O primeiro destes encontros teve lugar em Moçambique em 2009/2010, com o apoio da Dgartes, da Unesco e do Centro Nacional de Cultura. E assim nasceu o primeiro livro da colecção: Eva, entre a vivência num campo de refugiados e numa ilha de espíritos, a de Moçambique.

No CCB serão várias as propostas desenvolvidas, para miúdos e graúdos, a partir do livro Eva. Espreite a programação aqui.

terça-feira, 22 de março de 2011

Um poema por semana

Ontem, dia Mundial da Poesia, a RTP 2 deu início à transmissão de um programa intitulado Um poema por semana.
O programa vai dar voz a 15 poemas que veremos ditos ao longo de 75 dias por 75 pessoas diferentes. Veremos, então, o mesmo poema dito de segunda a sexta-feira por cinco pessoas. Os “dizedores” são homens e mulheres, novos e velhos, portugueses e brasileiros e angolanos e italianos falantes de português. Gente que tem em comum gostar de poesia.
Com transmissão às 13h55, 18h30, 21h55, o programa estreou-se ontem com o poema "Portugal" de Alexandre O'Neill.
Na actual conjuntura, muito bem escolhido e actual, este poema...

Ana Soares

segunda-feira, 21 de março de 2011

sábado, 19 de março de 2011

GAVE, professores correctores e MST

Miguel Sousa Tavares (MST) na sua crónica deste sábado, no Expresso, está indignadissimo porque os professores recebiam por corrigir exames. Imaginem! 25 euros/exame, afirma ele! Não devia ser parte das suas funções, corrigir exames?, pergunta. Provavelmente sim.
A verdade é que quando os exames foram introduzidos, o seu pagamento foi decidido por quem governava. Faz sentido, porque os exames até então não existiam, logo, a sua correcção não podia fazer parte da função dos professores. Além disso, nem todos os docentes corrigem exames. Por isso, deve premiar-se quem o faz.
Depois de o Governo decidir que os exames deixam de ser pagos mas continuam a ser corrigidos, decidiu dar formação aos seis mil professores correctores seleccionados. Estipulou os dias e as horas, dois dias, um sábado incluído - MST estará contente porque os professores, esses malandros gananciosos que querem ser pagos, vão ter de dar um dia ao Estado, um sábado uma solução óptima, deste modo, os mandriões não faltam às aulas -. Não interessa se a acção de formação fica perto ou longe de casa, o que interessa é que os professores não podem faltar e, no final, serão avaliados. Faz sentido, os alunos também são avaliados depois da matéria dada. Nada a opôr.
O que parece ridículo é os professores terem sido seleccionados para serem correctores, sem se terem candidatado para a função e serem obrigados a fazer a acção de formação.
O que parece ridículo é, na acção de formação, os professores estarem a corrigir exames do ano passado, exames que já corrigiram em Julho... Não havia nada de novo a ensinar na acção de formação? Os exames e as suas correcções no final deste ano, são exactamente iguais aos do ano passado?
O que parece ridículo é os professores serem avaliados e a sua classificação ser usada para a efeitos da avaliação do seu desempenho, "desde que concluída com aproveitamento". É uma espécie de prémio de compensação por não serem pagos para corrigir?
O que parece ridículo é os professores terem de assinar um contrato que os prende à função de correctores por quatro anos.
O que parece ridículo é as correcções dos exames, este ano, poderem entrar por Agosto a dentro...
Mas se os professores se queixarem, já sabem, terão MST a escrever sobre uns malandros, que não querem trabalhar em Agosto...
BW

Pai e filha


Triste mas lindissimo!

sexta-feira, 18 de março de 2011

A honra e o Japão

O Japão tem feito os meus dias e as minhas noites. Admiro a capacidade de sacrifício, de honra, de resiliência dos japoneses. Fiquei embargada quando uma televisão acompanhou um casal de pais à procura do seu filho, já adulto, desaparecido na estação dos correios onde trabalhava. Os seus rostos eram a serenidade e as suas vozes educadas quando informam que procuram o filho. A voz do pai muda para o desespero quando grita o nome do filho, junto aos escombros do edifício. É um pai. Não grita, não chora, mas sofre como qualquer pai que não sabe onde está o seu filho.
Os japoneses são diferentes, senão vejam.
BW

A preparar um Feliz Dia do Pai...

I'm watching you dad.

Always.


Eles estão sempre a ver-nos. E eles aprendem mais com as nossas acções do que com as nossas palavras.
Um dia, vão olhar para o trabalho, obrigações e família como nos vêem a nós encará-las. Com a mesma alegria ou enfado; com a mesma disponibilidade ou sentido de obrigação; com a mesma dedicação ou desprezo.
Por isso, pais e mães, cuidado com os gestos.

Veja e ouça este vídeo. É uma excelente lição.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Como se faz um jornal?

No âmbito da celebração dos 20 anos do Público, este mesmo jornal produziu um filme e DVD sobre "Como se faz um jornal". O mesmo irá ser oferecido às escolas secundárias do país e está disponível aqui. Uma ferramenta útil para usar nas salas de aula.

Ana Soares

terça-feira, 15 de março de 2011

Férias dos professores classificadores dos exames nacionais

Na sequência do (desastroso) calendário dos exames nacionais deste ano, seguiu para as escolas a informação que pode ler aqui e que define as regras para a marcação das férias dos docentes, de modo a assegurar o serviço de exames e respectiva classificação.
No caso do Português, as férias deverão ser marcadas entre 5 - 21 de Julho e 8 de Agosto - 6 de Setembro.

Ana Soares

segunda-feira, 14 de março de 2011

Latim de novo nas escolas?

Descobri duas escolas onde se aprende Latim desde o 5.º ano.
Para ser mais precisa: uma onde se aprende do 5.º ao 8.º ano; outra onde primeiro se aprende cultura greco-romana e depois Latim.

Nos EUA, Inglaterra e afins há um movimento de retorno ao Latim, com estudos onde se conclui que o regresso aos clássicos "fazem bem à sáude" dos alunos, ao seu rendimento e sucesso académico quer na Língua Materna como na Matemática.
Cá, chega tudo um bocadinho mais tarde. O Latim voltará às escolas portuguesas?
BW

Family Coaching

Foi numa reunião de pais que tive a oportunidade de ouvir as psicólogas responsáveis pelo projecto "Family Coaching". Começou por me parecer estranho ouvir associar este conceito de "coaching" aos pais e exercício da paternidade. Todavia, reconheço o seu sentido e a mais valia deste projecto: acompanhar e a apoiar pais que querem fazer melhor, pais em situação de risco ou, então, perdidos nesta maravilhosa aventura de serem pais.
Sugiro a visita do site Family Coaching.


Destaco os três kits: "pais calmos"; "Crie mais horas no seu dia"; "Pais sozinhos".


Proponho o livro de igual nome, de Sandra Belo e Ângela Coelho, ambas psicólogas, onde para além da teoria se encontram propostas práticas.


Gratuitamente, no site, podem ler-se ainda pequenos artigos com pistas sobre temas específicos como ser pai ou mãe sozinha na sequência de um divórcio ou sobre como aumentar a paciência.
Ana Soares

domingo, 13 de março de 2011

sábado, 12 de março de 2011

Professores fazem avaliação do desempenho do ME

Por esta hora, os professores que se associaram à manifestação Geração à Rasca e que se concentraram junto ao Campo Pequeno, em Lisboa, deverão estar a entregar no Ministério da Educação a Avaliação do Desempenho. Não a sua. A avaliação que os docentes fazem do ME.


"A concentração deverá terminar por volta das 17 horas, altura em que os participantes se vão dirigir ao Ministério da Educação, na Avenida 5 de Outubro, onde está o secretário de Estado da Educação, Alexandre Ventura, a quem os professores vão entregar as folhas de avaliação que estão agora a preencher neste momento no Campo Pequeno. Os avaliados não serão, desta vez, os docentes, mas sim o Ministério da Educação. As notas oscilam entre o insuficiente e o excelente."

Manifestação Geração à rasca

"Magalhães de Campos, 79 anos, vendedor reformado, quer um futuro para a juventude. Diana Simões, 19 anos, estudante de Direito, não quer empregos precários, nem recibos verdes. Alcino Pereira, 27 anos, carpinteiro no desemprego, quer um emprego. Estas são as razões de alguns dos manifestantes que abriram o desfile, que foi ganhando corpo à medida que o protesto descia a Avenida."

quinta-feira, 10 de março de 2011

o nosso mundo interior é uma cebola ou uma batata?

"Comecemos, talvez de modo desajeitado, perguntando: o nosso mundo interior é uma cebola ou uma batata? A pergunta faz-nos sorrir, é um bocado cómica, mas, se quisermos, acaba por colocar-nos perante a nossa realidade de uma forma bastante profunda. A pergunta pode ser feita numa cozinha, por uma criança que está a descobrir o mundo, pode ser proferida por filósofos ou ser reformulada por um mestre espiritual. O nosso mundo interior é uma cebola ou uma batata? Nietzsche, por exemplo, dizia que «tudo é interpretação», isto é, não há um núcleo de Ser a sustentar a nossa experiência de vida, tudo são cascas de cebola, modos de ver, perspectivas, interpretações. Para lá disso não há mais nada. A visão cristã do mundo está certamente do lado da batata, pois defende que, mesmo escondida por uma crosta ou por um véu, está uma realidade que é substanciosa e vital.

A verdade é que mesmo sabendo que a vida é uma batata, nós vivêmo-la, muitas vezes, como se fosse uma cebola. Vivemos de opiniões, de verdades parciais e provisórias, de paixões, vivemos aparências e modas como se a vida fosse isso. Esgotamo-nos a desfilar cascas e camadas, sem um centro que nos dê realmente acesso ao pleno sentido..."


José Tolentino Mendonça, O Tesouro Escondido

segunda-feira, 7 de março de 2011

O Canteiro dos Livros

E se no canteiro das hortensias nascessem livros, em lugar de flores? Esta é a ideia original do livro de José Jorge Letria que nos leva a acompanhar Francisco, o jovem menino, que com surpresa descobre algo de diferente no seu jardim.


A colecção Júnior da Texto prima pela adequação da extensão e grau de dificuldade dos livros de cada uma das séries às faixas etárias a que se destinam (série azul - 6 anos, laranja - 8 anos e vermelha - 10 anos).
Inclui ainda algumas pistas de leitura, caso o livro seja para ser explorado, assim como guiões de leitura que podem ser encontrados aqui. O guião d'O Canteiro dos Livros está também disponível aqui e apresenta-se como um extra à leitura.

Confesso que, em tempo de férias, os livros são só para ser lidos e fruídos. Ainda assim, este é um excelente recurso para pais e educadores de uma maneira geral, uma mais valia desta interessante colecção.

Ana Soares

Come what may!

domingo, 6 de março de 2011

A Luta é Alegria!



Parece que foi um escândalo, eles cantam mal que se farta, mas foi o povo que escolheu! São Os Homens da Luta e hão-de representar Portugal na Eurovisão! A ver se até lá afinam as vozes.

Actualização a 07/03/2011, às 11:50. A primeira versao foi retirada pelo YouTube.


Não será a primeira vez que a Eurovisão recebe canções de intervenção, para não falar das nossas, do passado, deixo a ucraniana de 2007 que tem batida de discoteca (talvez fosse nesta figura que Lady Gaga se inspirou...).

Sugestões de cinema

Parece que este filme é para nós e não para eles, pelo menos para os mais pequenos, pequenos... Esses têm o Zé Colmeia.

É carnaval!

sábado, 5 de março de 2011

PÚBLICO de parabéns!

O jornal onde trabalho há 14 anos faz hoje 21!
As celebrações há muito que começaram porque há bastante tempo que a redacção está a trabalhar para estes dias, além de trabalhar para o dia-a-dia porque este é um jornal diário.
* Ontem, o Ipsilon, o suplemento de cultura, falava com jovens com 20 anos sobre os seus hábitos culturais.
* Hoje, o P2, o suplemento diário que sai com o jornal, tem 21 ideias "fora da caixa", pessoas com ideias diferentes que podem mudar Portugal.
* No PÚBLICO, em papel, o nosso destaque, das páginas 2 à 12, foi construido com base numa sondagem PÚBLICO/Intercampus sobre a família - que é a base de tudo (ou não). E descobrimos o que é que os portugueses pensam sobre o amor, o casamento, a infidelidade e a adopção por casais do mesmo sexo.
* E conhecemos várias famílias que estão dispostas a que os leitores do PÚBLICO as acompanhem durante um ano. Vamos saber como é que todas vão fazer face à crise.
* António Câmara, o CEO da YDreams e director por um dia envolveu-se inteiramente na idealização deste jornal e está, neste momento, a conversar com os leitores no PÚBLICO Online.
* Ontem, quando soprámos as velas do bolo de aniversário, António Câmara confessava que não fazia ideia de como era fazer um jornal e que, quando quisessemos descansar, que fossemos trabalhar para a YDreams...
* Hoje, Miguel Esteves Cardoso diz na sua crónica (pág. 63): "As coisas são de graça, incluindo uma boa parte do que nos custa a fazer". Resumindo nesta frase o trabalho dos jornalistas desta e de outras casas.
Apesar da quebra de vendas, do aumento do número de leitores no Online, de todos os meios da imprensa escrita (excepto o Correio da Manhã) andarem à procura da solução para não desaparecerem, o PÚBLICO está de parabéns!
BW

Strangers no more




Strangers No More é um documentário sobre uma escola em Telavive, Israel, que recebe alunos de 48 países, filhos de imigrantes, com histórias de vida nada fáceis.
O filme acompanha a vida de três estudantes.
Ganhou três Emmies e um Óscar.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Guerra de gerações?

Irritam-me os críticos à "geração parva", "geração à rasca" ou como quiserem chamar à geração que vai dos 20 aos 35 anos (parece-me que os agricultores são jovens até aos 40, uma idade bonita para se continuar a ser designado como "jovem"!) que vai estar na rua em massa (espero) para exigir o que tem direito, como fazem as classes profissionais quando não estão satisfeitas com a sua vida. Um direito, de resto.
Irritam-me que digam, como diz Helena Matos, Pedro Lomba (de resto um jovem da geração de 1970) e outros, que estes jovens querem as mesmas condições de trabalho que os pais e que o mundo não está para isso. Qual é o mal?, alguém me responde?
Porque é que um jovem não pode sonhar com um trabalho estável, com dignidade, de preferência na área em que estudou? Porque é que um jovem não pode ambicionar um trabalho digno, que lhe permita ser feliz, constituir família e cumprir o seu plano de vida?
Ah! Porque a geração de Helena Matos e as que a antecederam não pensaram nas gerações seguintes! Pronto, está explicado, e por isso, olham para estes jovens como uns "malandros", que querem o mesmo que os pais tiveram, imagine-se a ousadia!
Eu, que só seria jovem se fosse agricultora, também gostava de chegar à idade da reforma e ter reforma e não vou ter. Não vou ter, não porque a ideia do Estado Social esteja errada mas porque quem a pôs em prática não foi honesto, abusou, esquecendo as gerações seguintes.
Mas quando eu chegar à idade da reforma e tiver que trabalhar para continuar a sustentar Helena Matos e afins já sei o que é que a senhora me vai dizer: "Paciência! A Bárbara queria reforma? Só há esta, é para mim! Onde é que já se viu, querer reforma, como os seus pais! O mundo mudou, a economia mudou, a demografia mudou..."
Entretanto, vou continuar a descontar 35,5 por cento para os senhores das gerações ancestrais continuarem a desbaratar, a acumular reformas, a aposentar pessoas aos 50 anos de idade para manter os lucros das empresas.
Apesar de não ser jovem, de ter o trabalho que gosto, que me preenche e me enche os dias, se estivesse em Lisboa no dia 12, iria para a rua. Pelos meus filhos que daqui a dez/15 anos querem estar no mercado de trabalho, querem ter um trabalho digno que os preencha e os faça felizes, querem ter projectos de vida e de futuro. Pelos meus filhos e com os meus filhos, de maneira a que compreendessem a importância de lutar pelas coisas em que se acredita, mesmo que alguém lhes diga: "Pfff! Não é possível terem as mesmas condições que os vossos avós!".
BW

Bom fim-de-semana! É carnaval!

Boas notícias para os professores

Parecem ser boas notícias para os professores - aqui

Carnaval na Kidzania