Num comentário a um post sobre o NAC (Novo Acordo Ortográfico), um leitor pedia a nossa opinião sobre o mesmo. Realmente, tanto a Bárbara como eu já aqui vos falámos sobre o Acordo. Ela quando esteve no Brasil e eu, no estatuto de professora, quanto às alterações que se avizinham e quanto aos novos dicionários e vocabulário.
Efectivamente, ainda não deixámos aqui a nossa opinião, nem como profissionais (professora e jornalista), nem como mães. Pois aqui vai.
Devo começar por dizer que não me apetece o novo acordo. Ter de repensar aquilo que para mim é já intuitivo na nossa ortografia; ter dúvidas quanto à grafia de palavras que desde sempre conheço (pois apesar das regras do Novo Acordo se resumirem em poucos slides de powerpoint, como vos mostrei, é claro que no dia a dia muitas dúvidas nos vão surgir); ter de ajudar os alunos a fazer a transição entre as duas grafias (os meus alunos crescidos dizem: "Vou ter de esquecer o que aprendi nos meus 17 anos de vida?!?") ... não era o que me apetecia ter pela frente.
Mas tal como disse recentemente numa das minhas turmas, não sei se é legítimo que um certo "comodismo" pessoal, multiplicado por todos os falantes da nossa língua, prejudique a introdução deste novo acordo quando, na verdade, se trata de um "bem maior" para a nossa língua.
Reconheço que o acordo tem algumas áreas sensíveis. Que não agrada a todos (mas haveria algum dia a hipótese de se conseguir agradar a gregos e troianos? Duvido.). Que cria ambiguidades com a possibilidade da dupla grafia em algumas situações. Que nas escolas o processo está atrasado. Ainda assim, acho que o que o acordo pretende é uma mais valia para a língua portuguesa nas suas três variedades: europeia, africana e brasileira.
Como mãe, dou graças a Deus pelo facto do meu filho mais velho estar no início da escolaridade. Terá, certamente, a vida facilitada. Por outro lado, todos os livros cá em casa serão para ele(s) peças de museu, desactualizadas, de outros tempos! Relíquias!
Ana Soares
Mas tal como disse recentemente numa das minhas turmas, não sei se é legítimo que um certo "comodismo" pessoal, multiplicado por todos os falantes da nossa língua, prejudique a introdução deste novo acordo quando, na verdade, se trata de um "bem maior" para a nossa língua.
Reconheço que o acordo tem algumas áreas sensíveis. Que não agrada a todos (mas haveria algum dia a hipótese de se conseguir agradar a gregos e troianos? Duvido.). Que cria ambiguidades com a possibilidade da dupla grafia em algumas situações. Que nas escolas o processo está atrasado. Ainda assim, acho que o que o acordo pretende é uma mais valia para a língua portuguesa nas suas três variedades: europeia, africana e brasileira.
Como mãe, dou graças a Deus pelo facto do meu filho mais velho estar no início da escolaridade. Terá, certamente, a vida facilitada. Por outro lado, todos os livros cá em casa serão para ele(s) peças de museu, desactualizadas, de outros tempos! Relíquias!
Ana Soares
O PÚBLICO decidiu não adoptar o NAC, que já não é tão novo assim! Lembro-me de na faculdade andarmos a discutir o mesmo! Percebo que faça algum sentido avançarmos por questões políticas e até económicas, mas só isso! Nos próximos tempos continuarei a escrever como sempre escrevi, mesmo que tenha que ajudar os meus filhos a escrever à luz do NAC (não se sabe ainda quando é que o Ministério da Educação quer avançar) e a explicar-lhes que a língua e a escrita evoluem (ainda que não me apeteça evoluir com elas).
BW
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