Discordo ainda da forma como Maria do Carmo Vieira, no livro O Ensino do Português, desvaloriza a terminologia linguística. A mesma teve um longo e conturbado processo de implementação. Sem dúvida. E isso, a meu ver, é um tema susceptível de críticas. No entanto, a existência de uma terminologia uniformizada e actualizada era um urgência. É ainda claro que há muito para fazer no que diz respeito ao ensino do português: formação inicial e contínua dos docentes; implementação de novos programas de raiz, entenda-se do 1º ciclo em diante e não começando pelo secundário; entrada em vigor da nova nomenclatura de forma serena e ponderada; preparação da entrada em vigor do novo acordo ortográfico. Algumas das áreas que a Maria do Carmo Vieira critica, a meu ver, não são, agora, as mais pertinentes; noutros casos, discordo mesmo da perspectiva. Destaco, agora, alguns dos aspectos apresentados e com os quais concordo. Também defendo o cânone literário escolar, ideia subjacente a algumas das observações e críticas que autora tece. Creio que nos Novos Programas de Língua Portuguesa – que entretanto foram suspensos - a substituição de algumas obras clássicas obrigatórias por obras do plano Nacional de Leitura (PLN) não terá sido a melhor medida. Não por que me oponha ao PNL ou ache que as obras do mesmo não devam entrar na sala de aula, mas por considerar que, ainda assim, algumas obras essenciais deverão ser recomendadas, se não mesmo obrigatórias, em todos os ciclos. Concordo ainda com as críticas que faz à qualidade, ou melhor ausência da mesma, em alguns manuais e textos seleccionados por estes. Espero que a acreditação dos manuais venha a pôr termo a esta situação e que a qualidade dos materiais que são colocados à disposição de professores e alunos melhore. Concluo dizendo que é sempre bom reflectir sobre o Ensino da nossa língua. Maria do Carmo Vieira proporciona isso. Ainda que me pareça que se algumas ideias estão fora do tempo.
Ana Soares
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