Tem 12 anos, gosta de ler os jornais gratuitos nos transportes públicos e de comentar o que lê. A notícia é sobre os portugueses viverem no "limbo" e começa por perguntar quanto é o ordenado mínimo, quais são as despesas obrigatórias mensais, a partir daí começa a opinar sobre como devem os portugueses gerir as suas vidas, os seus gastos e repete, volta e meia, que é preciso poupar, que as pessoas não estão habituadas a fazê-lo. E dá um exemplo, "x", um amigo, está doente porque come mal, mas tem um i-pod, comprou o blusão da marca do surf, tem uma mesada de cem euros e pediu um i-phone de prenda de passagem de ano, que tudo isso não faz sentido, se não come e se está doente, diz.
Pois não, respondo-lhe, concordando com tudo, é verdade que as pessoas não podem gastar o que não têm, mas têm direito a sonhar e a tentar concretizar esses sonhos, seja ter um carro melhor, um telemóvel ou viajar. Sim, concorda ele, têm liberdade para sonhar com essas coisas mas depois ficam presas às prestações e não comem, irrita-se.
"Tão inteligente! E consegue fazer a ligação entre a "liberdade" e a "prisão", é filosofia pura!", orgulho-me. Aperto-o, ansiosa por que a sua vida de adulto seja mais simples do que a nossa. Provavelmente a geração deles há-de ser melhor gestora, há-de poupar, investir no que é certo e não no imediato.
BW
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