sexta-feira, 4 de junho de 2010

"Lá vamos cantando e rindo..."

... dizia o hino da Mocidade Portuguesa que nunca aprendi mas que ouvi com alguma frequência esta primeira frase. Hoje lembrei-me deste início por duas razões:
1.º - o "i" escreve uma notícia que a Clara Viana, do PÚBLICO, já tinha escrito em Fevereiro passado , mas como estamos já a entrar na silly season, foi um sururu...
2.º - Porque reagimos como se fosse a primeira vez que se ouve falar do assunto e não é, já estava previsto, mas, o mais engraçado é que reagimos com grande indignação. "Facilitismo!", gritamos. E "cá vamos cantando e rindo facilitando a vida aos meninos".
Mas não! Estamos a falar de miúdos que devem estar mais do que chumbados, que não põem os pés na escola há meses porque estão chumbados e que, mesmo que tenham muita vontade de "saltar" um ano, do 8.º para o 10.º terão muito que penar porque não basta fazer os exames nacionais de Língua Portuguesa e de Matemática, como os colegas que de facto frequentaram o 9.º ano; terão ainda de realizar exames (a nível de escola) a todas as outras disciplinas e estes só serão fáceis se as escolas os fizerem fáceis. E os professores que acusam o Ministério da Educação de facilitismos estão no terreno para mostrar exactamente o contrário, que não há facilidades, logo, os meninos estão tramados!...
Portanto, estes exames serão só para aqueles alunos com muita força de vontade, que queiram mesmo, mesmo terminar o básico e prosseguir para o secundário.
BW

5 comentários:

  1. Como é que alunos "mais do que chumbados e que não põem os pés na escola há meses" conseguirão fazer exames nacionais e exames a níveis de escola se estes tiverem um nível adequado de exigência?

    Quanto à ideia de que "estes só serão fáceis se os professores os fizerem fáceis" e que "os professores que acusam o Ministério da Educação de facilitismos estão no terreno para mostrar exactamente o contrário": os professores não são uma entidade única - há professores exigentes e há professores pouco exigentes, tal como há competentes e incompetentes. Para além disso, há directores e presidentes (alguns por iniciativa própria outros porque são pressionados pelo governo ou direcção regional) que pressionam os professores para facilitarem e há outros que não pressionam. E, claro, há professores que são pressionáveis e outros que não são pressionáveis. Por isso, nas muitas escolas do país não haverá tratamento igual para casos iguais. Resultado: vão chegar mais alunos extremamente mal preparados ao 10º.

    Os "alunos com muita força de vontade, que querem mesmo, mesmo terminar o básico e prosseguir para o secundário" são os alunos que estudam e não reprovam no 8º ano! Se o governo anunciasse uma medida destas para alunos desses que tivessem um aproveitamento Muito Bom, poderíamos falar de premiar o mérito. Mas esta medida é exactamente o contrário: premeia quem não se esforçou, quem não revelou mérito. É de facto facilitismo.

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  2. Sinceramente, acho que não há nenhum facilitismo na medida porque é difícil de cumprir e daqui a uns meses cá estaremos para noticiar quantos alunos recorreram à mesma e transitaram. O que o ministério pretende é deixar uma porta aberta para que ninguém diga que não lhe foram dadas todas as oportunidades. Quero acreditar que haverá miúdos que, à medida que crescem vão ganhando alguma maturidade e que possam olhar para esta medida como uma boa maneira de retomarem o caminho da escola e, quem sabe, ter sucesso!BW

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  3. A BW não considerou nada do que eu escrevi. Peço, por isso, desculpa por tê-la incomodado - não era essa a minha intenção.

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  4. Não sei se a Bárbara reparou que esta lei é injusta precisamente com os alunos que mais se esforçam.

    Imagine dois alunos com 15 anos no 8º ano. Um deles esforçou-se e conseguiu aproveitamento. Passa para o 9º ano. O outro reprovou. Tem a possibilidade de fazer os exames de 9º ano e, tendo sucesso, passar ao 10º. Se o objectivo fosse premiar o esforço, não seria de admitir a exame também o aluno que se esforçou mais? Faz algum sentido o aluno que reprovou poder saltar um ano e passar à frente do outro que, por ter tido aproveitamento no 8º, é obrigado a cumprir o 9º ano?

    Dir-me-á: Ah, mas isto não leva a nada, o aluno que reprovou no 8º nunca fará os exames do 9º, incluindo 2 exames nacionais. Mas então que se esta via que se abre aos maiores de 15 anos é difícil, nada facilitista, qual o sentido de vedá-la aos melhores (os que transitaram de ano) e reservá-la aos que nem o 8º ano conseguiram concluir?

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  5. Eu peço desculpa ao Carlos Pires pois pensei que estava a responder ao seu comentário... Fui reler: o que põe em causa é a autonomia das escolas e a independência dos professores? Mas eu quero acreditar que as escolas e os professores trabalham bem, quero mesmo.
    Respondendo ao Carlos Pires e ao António Duarte repito: não é fácil aos miúdos fazerem exames a Língua Portuguesa, Matemática, FQ, CN, Inglês, Francês, Geografia, História, sobre matérias que nem sequer deram... Acreditam mesmo que as escolas vão facilitar-lhes a vida e fazer-lhes exames com, sei lá, um só tema da matéria, em vez de fazer uma espécie de prova global? espero que não, existe maneira do ME supervisionar se as escolas e os alunos estão a fazer batota.
    É injusto para os melhores alunos? Sim, o ME deveria abrir esta possibilidade a TODOS os alunos, colocando-os a todos em pé de igualdade. Mas os bons alunos, também podem saltar anos, os sobredotados fazem-no e os professores não gostam muito disso... Espero sinceramente ter respondido! BW

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