segunda-feira, 28 de junho de 2010

O Ensino do Português - II - os clássicos

É claro que é preciso preservar os clássicos, e a escola deve dar-lhes o destaque me merecem – por inúmeros motivos (património, memória e o facto de serem fontes preciosas para o desenvolvimento de competências linguísticas). No entanto, a escola tem de dar espaço às novas formas da palavra se afirmar no mundo. A escolarização não está reservada às elites, e ainda bem. Por isso, a sua função (que deve ser exercida com rigor, sem dúvida) não pode resumir-se a ensinar literatura, tocar piano e falar francês. Há outras coisas, talvez menos interessantes, menos artísticas, é verdade, que devem ter espaço na aula de português. Mas recordo: um espaço. É óbvio que não defendo mais do que isso. E é isso o que os novos programas de português propõem. Ainda que discorde da organização do programa do 10º ano, este é um facto nos programas actualmente em vigor no secundário. E Maria do Carmo Vieira continua a lutar como se não o fosse. Exemplo claro do que acabo de afirmar é o programa do 12º ano que no domínio do Funcionamento da Língua não apresenta conteúdos novos. Prevê-se uma consolidação dos conteúdos de anos anteriores. Por outro lado, este é um ano em que os textos literários predominam: Fernando Pessoa ortónimo, Ricardo Reis, Álvaro de Campos, Alberto Caeiro, Camões, Sttau Monteiro, José Saramago.

No projecto de doutoramento que desenvolvi, analisei questionários de alunos do antigo e do novo programa. Em ambos os casos foi flagrante a forma positiva como os grandes nomes da nossa literatura são bem-amados pelos alunos. Mas foi também claro o modo como os alunos destacaram a importância de outros tipos de texto na sala de aula, referindo-se claramente ao texto argumentativo e aos textos do domínio do transaccional, reforçando a forma como os mesmos contribuem para uma melhor preparação para o mundo real.


Ana Soares

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