"O país ignora a vida dos professores, o seu papel de afinadores de destinos", disse esta manhã o jornalista e escritor Francisco José Viegas na abertura da conferência internacional Infância, Crianças, Internet: Desafios na Era Digital, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
E passou a explicar: os professores têm de cuidar dos alunos que não tomam o pequeno-almoço, dos que têm problemas com a Língua Portuguesa, dos que têm problemas com o namoro.
É verdade, digo eu, os verdadeiros professores são os que tomam o aluno como um todo; que se preocupam com todo o seu ser e não apenas com o ser aprendente; mas esses são os verdadeiros professores, os de excepção; aqueles de que nos lembramos em adultos, aqueles que fizeram a diferença na nossa vida e foram tão poucos.
Acho que entre as novas gerações serão ainda menos os que ficarão com boas lembranças dos seus professores, essencialmente porque são pessoas que estão na profissão porque sim e não por vocação; que olham para os miúdos com ar de enfado, que procuram fazer tudo bem em sala de aula mas que não interagem com as crianças, não se envolvem porque ninguém lhes paga para isso, por outra ideia mais mesquinha ou apenas por inabilidade.
Hoje o auditório 1 da Gulbenkian estava repleto de futuras professoras, alunas do ensino superior que ganham uns créditos por assistir a conferências (é assim Bolonha) e aflige perceber que daqui por um ano ou dois estarão frente a crianças a sério, quando ainda têm ar de crianças e, pior, comportamentos que não admitimos aos nossos filhos: chegar tarde, falar com o parceiro do lado, jogar com o telemóvel ou mandar mensagens, abrir rebuçados e caixas de pastilhas enquanto os conferencistas estão a falar.
Tenho a certeza que quando forem senhoras professoras hão-de ficar enxofradas com esses comportamentos em sala de aula, hão-de reprimi-los (ainda bem, é o seu dever) e comentá-los na sala dos professores com o habitual: "Não lhes dão educação em casa".
BW
Concordo contigo, que há muito a fazer na formação desta nova geração de profs. Mas achas mesmo que "com a crise" no ensino ainda há jovens que vão para os cursos "porque sim" e não por vocação? Já lá vai o tempo em que o ensino era uma saída profissional garantida!
ResponderEliminarPor outro lado, eu acho que ainda há "por aí" gente com vocação que pode fazer a diferença e deixar as ditas memórias de que falas. E referimo-me a todos os níveis e tipos de ensino. Quero acreditar que sim!
bjs
Ana
O problema do desemprego sente-se em todas as profissões, todas. Sinceramente acho que hoje vão para professores os que não conseguem entrar em mais nada, os alunos mais fracos. Falando só na área das Ciências Sociais, este ano o último candidato a entrar em Jornalismo na Universidade do Porto teve 16,2 de média; o último de Ensino Básico na Escola Superior de Educação do Porto teve 14,4 (esta é a escola onde a média é mais alta, nas outras ronda os 11 valores). Quando falo com professores das ESE que me dizem que os alunos chegam sem saber o que se celebra no 5 de Outubro ou como se faz uma conta de multiplicar... BW
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