... verificar se eu sou uma grande defensora da escola pública, seja bem vindo!
O que aqui poderá confirmar é que os jornalistas não são amorfos, pensam e são pessoas. E este é o MEU espaço, onde EU escrevo o que penso sobre a vida, os filhos, a família, a educação, a escola, etc. Outra coisa é o MEU trabalho que está plasmado nas notícias, reportagens e entrevistas que são publicadas no PÚBLICO.
Tudo isto por causa deste texto! Escrevi-o porque sou uma grande defensora do privado, porque estou a fazer publicidade aos colégios, a começar pelo Moderno, acusam alguns dos leitores do PÚBLICO, nomeadamente o senhor César Preto que convida os leitores a vir aqui confirmar a marota que eu sou, que misturo trabalho com convicções pessoais.
Passo a contextualizar os leitores:
1. Eu não escrevi a reportagem do Moderno porque defendo o privado, escrevi-a porque me foi pedida. É que os jornalistas têm editores e directores acima deles e não escrevem só o que querem... Aceitei a ideia (atenção: por vezes, os jornalistas têm liberdade para dizer não, que isto aqui não é uma ditadura!) porque havia um facto de que tinha conhecimento: alguns colégios tinham fila à porta para pré-inscrições. Quando comecei a pesquisar - falei com vários colégios, como se pode ver aqui - percebi já ninguém tinha filas, à excepção do Moderno, embora pouco significativa porque as matrículas podem ser feitas pela Internet, como nos outros.
2. Depois de informar os meus superiores ficou decidido que ainda assim avançaria para a reportagem. O ângulo já não eram as filas, mas os que se recusavam a fazer a matrícula pela Internet. E, para isso, teria de falar com os pais que se juntavam à porta do Moderno. Lá fomos nós, jornalista e repórter fotográfico para a porta do colégio uma noite antes e no dia das inscrições.
3. O que se lê na reportagem não é um elogio ao colégio, mas as motivações e reacções dos pais que se sacrificam a passar uma noite (talvez mais) à porta de uma escola. Aliás, não foi nada fácil fazer um texto quando os pais, os que passaram ali a noite, se fecharam em copas e se recusaram a falar e a ser fotografados porque têm vergonha de estar numa fila, porque sabem que estão a fazer uma coisa que a própria directora lhes pediu para não fazer, porque já faz pouco sentido nos dias que correm. "Ó minha senhora, de mim não leva nada", é paradigmático do sentimento daqueles pais.
4. Nas páginas do jornal, podem ler-se ainda dois textos que são sobre as angústias que os pais passam à frente do computador a fazer a pré-inscrição e os critérios de admissão dos colégios.
CONCLUSÃO:
1. O trabalho, no seu conjunto, tem a função de informar os leitores que: ainda há pais que se sujeitam a passar noites em claro por causa do futuro dos filhos; os colégios continuam a ter procura, a matrícula não se faz presencialmente mas pela Internet; e é a direcção dos colégios que tem a última palavra, não os pais que fazem os sacrifícios e vão viver a angústia de não saber se o filho foi ou não admitido, senão daqui por uns meses.
2. O que não está no texto mas que motiva os comentários mais agrestes é isto: O sacrifício que os pais fazem para NÃO meter os filhos na escola pública e isso é que dói!
3. Mas também sabemos dos enganos que os pais cometem para meter os filhos NAQUELA escola pública e o que esta faz para seleccionar os alunos. Esse trabalho também já foi feito no PÚBLICO.
BW
PS1: Na manhã em que fui para o Moderno, apanhei uma taxista que me descrevia a sua relação com a imprensa: "Vocês [PÚBLICO] é mais política, não é? Eu gosto de ler o Correio da Manhã porque percebo tudo! Eu para ler o Diário de Notícias tenho que ter um dicionário ao lado porque não conheço muitas palavras. Vocês [os jornalistas] esquecem-se que o povo só tem a quarta classe e não aprendemos as palavras todas."
Lembrei-me desta conversa porque quando leio alguns comentários penso que quem leu a notícia, a entrevista ou a reportagem não percebeu porque não compreende, porque não sabe interpretar, porque tem a mania da teoria da conspiração e lê sempre com esses óculos postos.
E de seguida penso, a escola tem TANTO trabalho pela frente! E, logo depois, tremo quando penso que alguns dos comentadores são professores, são aqueles que deviam ensinar as crianças a serem livres e a interpretar...
PS2: Os jornalistas também vão atrás de pistas que os leitores ou outros lhes dão sobre determinados assuntos; também escrevem sobre actualidade; sobre queixas, acusações, etc. Raramente escrevem sobre as coisas de que gostam.
Deixe lá isso Bárbara. A maior parte dos comentários negativos estão recheados de ignorância e de indivíduos rancorosos que têm pena que o país não tenha passado de um regime totalitário para outro...
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