quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O poder dos pais

Uma amiga mudou um dos filhos do colégio para a escola pública e está satisfeitissima. Dizia-me que no colégio falava, falava, o director dava-lhe razão mas encolhia os ombros e a desculpa era sempre a mesma: "O professor é efectivo..."; era difícil mobilizar os pais, mais preocupados com instalações e custo do colégio do que com o que se passava na sala de aula.
Agora, na escola pública, a minha amiga é o terror dos "maus" professores. A minha amiga telefona aos outros pais, reúne com eles, junta-os e, à conta destes pais, já três professores foram "remodelados". Em contrapartida, estes pais juntam-se para angariar dinheiro para a escola, para as visitas de estudo ou viagens dos miúdos com mais necessidade, para as actividades que a escola quer fazer como as feiras e exposições. A directora sabe que pode contar com eles e a minha amiga está mesmo, mesmo feliz. "No colégio não era nada assim, bendita escola pública!"

Conta-me uma investigadora que não tem dúvidas que o poder dos pais na escola pública é maior do que na privada, sobretudo nas terras mais pequenas, não em Lisboa ou no Porto, mas no resto do país, onde as direcções das escolas não querem contrariar os pais.
Esta investigadora explica que os pais, ciosos por uma melhor educação, são exigentes porque em cidades de média ou pequena dimensão não há muito por onde escolher. Por vezes, há só aquela escola, por isso, os pais querem que seja a melhor e fazem por isso. Exigem-no.

A minha amiga tem a certeza que tem o filho na melhor escola pública da cidade e já só pensa no fim do ano para mudar o outro filho para aquela escola. "Os pais estão ao lado da directora e ela sabe que pode contar connosco", diz-me. O próximo professor que não cumprir os requisitos que aqueles pais exigem que se cuide!
BW

5 comentários:

  1. Podemos saber mais, por exemplo, se isto ocorre numa grande ou média cidade?

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  2. Ocorre numa cidade onde existem três escolas públicas com 2.º e 3.º ciclos, duas delas com secundário e um colégio privado com todos os ciclos. Há várias escolas de 1.º ciclo, públicas e privadas.

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  3. Não consigo perceber este comentário. Não é possível tirar nenhuma ilação desta história, mas a Bárbara acaba por contá-la de forma a generalizar e afirmar que a escola pública é que é boa, afinal (incoerente com outros comentários seus anteriores). Pois tenho também muitas histórias de alunos que pedem transferência da escola pública para a escola com contrato de associação onde dou aulas e os comentários dos pais no final do ano são esclarecedores da qualidade de certas escolas públicas (não todas, certamente, não devemos generalizar). Bem-haja.

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  4. Esta é uma história, como há milhares de histórias, de milhões de experiências de milhares de pais. Não há qualquer incoerência porque é o que se passa com esta minha amiga que tem um filho na escola pública e outro num colégio (que não tem contrato de associação, é um colégio pago por ela). Não fiz qualquer generalização, quem a faz é a investigadora que ouvi e que tem esta percepção das escolas. Nada mais.
    Uma coisa que aprendi com a vida e no jornalismo é a não ver as coisas a preto e branco, há muitas gradações e muitos tons. E é como o Anónimo das 18:54 diz: "não devemos generalizar"! BW

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