domingo, 29 de novembro de 2009

Uma esfregona como prenda de Natal

Dos meus brinquedos de menina lembro-me de um serviço de chá de porcelana para seis, com bule e açucareiro; de um ferro de engomar com uma ventosa a servir de ficha, para colar na parede; de uma máquina de costura que costurava.
A minha filha nunca gostou de brincar com pratinhos e servicinhos de chá talvez porque sempre menorizamos esses brinquedos, oferecidos pelas avós. Nunca teve uma bancada de cozinha com fogão e frigorífico, porque o lugar das mulheres não é na cozinha; mas teve uma banca de mercearia com frutas, vegetais, queijos e salsichas para vender, com máquina registradora e moedas, para perceber o valor do dinheiro e a importância da matemática. Era dos brinquedos que mais gostava quando tinha quatro e cinco anos.
Sempre optamos pelos jogos didácticos, pelos de tabuleiro para jogar em família, pelos livros, pela música, como prendas de Natal.
O mimetizar a vida real ficou a cargo da educadora e do pré-escolar com os seus cantinhos da casa, da oficina e essas definições de género que ainda perduram nos jardins-de-infância portugueses. Por isso, para nós seria impensável oferecer um kit com esfregona e balde a qualquer criança, é daqueles brinquedos que não lembram a ninguém mas que estão em qualquer catálogo de brinquedos. Mas tenho a certeza que se o tivesse recebido quando era pequena, teria adorado sujar o chão só para poder usar a esfregona!
BW

3 comentários:

  1. ora, um bocadinho exagerado "não lembram a ninguém", não é?
    tal como a registadora, o pc a fingir, o estojo com réguas, agrafador ou clips, as carteirinhas com alça, os automóveis de todos os formatos... tudo!
    é tudo uma questão de a criança se sentir identificada com os gestos dos adultos, de passar momentos divertidos a fazer-de-conta que é fulano ou sicrano, a mãe ou o tio, a avó ou o primo... (as minhas preferem fazê-lo mais em casa do que nos cantinhos das salas na escolinha)

    o que é demais, provavelmente, será numa mesma véspera de Natal, por hipótese, uma mesma menina receber quer a esfregona, o ferro, o robot de cozinha, o aspirador ... e nada do resto que a faça imaginar vir a brincar sobre qualquer outro cenário. isto é que pode ser evitado com consciência (pais falarem com familiares sobre a estratégia a tomar para o próximo Natal...)

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  2. Pois cá em casa a nossa rapariga tem direito a tudo: carrinhos (como o irmão), bonecas, bancada de cozinha e muitos legumes, moedas e notas para fazer as suas transacções.
    A mulher e o homem, cada vez mais, têm todos estes papéis: "donos de casa", funcionários, pais e mães a 100%, partilhando todas as tarefas.
    Na verdade, ele, o nosso rapaz, é que ficou a perder! Nunca teve bonecas(bom, mas teve uma mana a quem dar banho, é verdade!). Ela é uma sortuda, chegou depois e pode experimentar mais coisas.

    Bjs
    AS

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  3. os manos e as manas mais novas são todos sortudos, é bem verdade (eu sou e senti-o)... :)

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