Enfim, adiante com as ironias, a prova, de uma maneira geral, apresentou a estrutura, extensão e grau de dificuldades esperados, embora o peso atribuído ao grupo II - gramática, atendendo à valorização que o NPPEB e metas lhe conferem, me tenha parecido abaixo das expectativas (valia 15%). Os critérios, de uma forma global, também me pareceram bem. No item nº 1, em que os alunos tinham de numerar uma sequência de afirmações, creio que a opção devia ter sido a de recorrer a patamares de classificação, pois, desta forma, para obter os 5 pontos, o aluno tem de acertar todas as alíneas.
Por outro lado, a escolha do texto informativo para "abertura" da prova pareceu-me pouco feliz. Tratava-se de um texto carregado de informação, dados, números e uma linguagem que não faz parte do quotidiano das crianças.
Eventualmente, se a prova tivesse começado pelo texto B (excerto de A Sereiazinha, de H.C. Andersen) a confiança dos miúdos tivesse sido maior. Ora eles passam 90% do tempo a trabalhar textos literários...
Infelizes pareceram-me também as palavras da presidente da Associação de Professores de Português ao prestar declarações sobre a prova ao Público.
«A professora lamentou que algumas das crianças “possam ter estado excessivamente ansiosas, muito por causa dos pais”. “Esta prova vale apenas 20% ou 25% da nota final, não altera nada, ninguém chumba por causa disto – a única coisa que mudou em relação às provas de aferição é o papão da palavra exame”, disse.»
Pressão dos pais? Não queremos que os pais pressionem, mas queremos pais mais envolvidos e que valorizem a escola, certo? E o facto da maioria das crianças ter feito a prova numa escola que não a sua não terá tido aqui alguma responsabilidade neste pretenso estado de ansiedade?
A prova vale 20 ou 25%? Mas não devia saber? Ou ter-se informado antes de prestar declarações enquanto representante dos professores de português a um órgão de comunicação?
Desagradou-me a ligeireza do comentário à prova, o colocar de eventuais responsabilidades nos pais e o desconhecimento sobre o processo/peso das provas.
Sexta-feira há mais: prova final de matemática.
Ps - Aproveito para confirmar que este ano, pelo facto de ser o primeiro ano das provas finais de ciclo do 4.º ano, estas valem 25%. A partir do próximo ano letivo, valem 30%. Consulte aqui o despacho normativo 5/2013 que regulamenta esta questão.
Totalmente de acordo com a Ana. Quanta ligeireza! E se os pais não se envolvem é porque não querem saber, pobre Escola tem de fazer tudo, informar e formar. Mas se os pais se envolvem, certamente são uns "galinhas" de primeira. Lamentável!
ResponderEliminarTambém já consegui ver o exame na pág. do GAVE e o primeiro texto não me pareceu nada nada adequado à faixa etária. Carregado de datas, "antes de 2009, no ano de 2007, depois de 2010, já em 2011". Alguns miúdos bloquearam logo aqui. Porque não começar pelo mais simples, como o texto literário que vinha a seguir, e progressivamente ir aumentando o grau de complexidade? Não devemos prosseguir assim, do simples para o complexo? Os miúdos continuariam certamente mais confiantes. Quem faz estas provas desconhece a vida das crianças de 9 anos, o que fazem, como brincam, do que gostam, como falam... ou conhecer a realidade a que a prova se aplica não conta para nada?
Maria João, mãe "galinha" de um aluno do 4º ano
De acordo!
ResponderEliminarObrigada,
Ana