quinta-feira, 23 de maio de 2013

"O meu filho fez o quê???" em Canelas, Gaia

Cartaz feito por um aluno
A sala está repleta, completamente cheia. Na véspera, o director da Escola Básica e Secundária de Canelas, Gaia, Joaquim Marques, perguntara aos pais se o auditório de 80 lugares chegaria.
Sim, na quarta-feira, o auditório estava cheio e a associação de pais estava feliz por isso. A sala estava completa e alguns dos participantes eram caras conhecidas, o pai João Paulo Silva é também um professor sindicalista da Fenprof; e Albino Almeida o pai que deixou a Confap há uns meses.
As mães, os pais e alguns filhos, as professoras, as profissionais da psicologia e assistente social da GaiUrbe e das escolas de pais, as mães das associações de pais das escolas vizinhas ouviram com atenção e fizeram perguntas difíceis: "Como se trazem os pais à escola? Aqueles que não vão a lado nenhum? Aqueles que não dão importância à escola?"; "O que se diz a um filho do qual a professora não gosta?"; "O que se diz a um filho que é prejudicado na avaliação por um professor?"; "O que fazer quando a escola recebe todos os meninos dos bairros sociais, à volta?".
Vou dando respostas que são complementadas com a intervenção de Albino Almeida, de José Oliveira, do professor João Paulo Silva e do director Joaquim Marques. O responsável pelo agrupamento conta que os casos de alunos indisciplinados aumentam, bem como dos que ameaçam os pais com a polícia se estes não os deixam fazer o que querem...

Oferta da Associação de Pais
 Os pais que ali estão são os que se preocupam e falta uma resposta para os outros, pede-me o director. O livro não pensou nos outros pais, diz-me. É um pouco verdade e faz-me lembrar um pai/professor de Aveiro que pedia um livro sobre "O meu filho faz o quê???", que reflectisse sobre a imensidão de actividades que os meninos têm. Mas neste caso é diferente, o director está a pedir uma coisa que parece impossível: um livro para quem não lê... Mas O meu filho fez o quê??? tem algumas respostas para esses pais, assim eles viessem à escola e ouvissem o que temos para lhes dizer.
E como é que se faz esses pais entrar na escola? "Pela boca", respondo. Pela festa. Pelo convívio. "É como no namoro, primeiro saímos, vamos ao cinema, jantar fora... e, de repente, passamos às coisas sérias e estamos casados!", respondo. Sim, os pais podem vir porque é precisa a sua ajuda para pintar a escola ou para arranjar umas cadeiras, para angariar fundos e, espera-se que pouco depois estejam empenhados em discutir outros temas. Demora? Demora.
"Os problemas nas escolas não têm a ver com a falta de autoridade dos professores?", pergunta um pai. E da falta de autoridade dos pais, respondo, dando um exemplo concreto de um momento em que nos demitimos de educar: no restaurante, quando se portam mal e em vez de lhes chamarmos a atenção, passamos um telemóvel ou um ipad para eles estarem entretidos.
No final, há uma última pergunta, de uma mãe com um filho com necessidades educativas especiais a quem os professores e a psicóloga lhe pediram, logo no 1.º período, para tirar o menino do ensino regular e colocá-lo no profissional, a ele que tem dificuldades mas que ainda não chumbou. A mãe chora e eu estou prestes a chorar. "Tem de lutar porque ele tem tanto direito a estar no ensino regular como os outros meninos. Coragem!"
BW
PS: Sublinhar que o cartaz acima é lindissimo! Nunca tinha tido direito a um tão bonito, que me perdoem todos os organizadores destes encontros! Parabéns ao aluno que foi incansável na cobertura fotográfica da sessão! Parabéns à associação de pais e à promoção que fazem, mensalmente, de um encontro para juntar os encarregados de educação!

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