As portas de entrada na Escola Secundária Filipa de Lencastre, em Lisboa, estão pejadas de informação, mas não há um único cartaz relativo à sessão sobre a colecção Olimpvs.net. À entrada da biblioteca o mesmo, há cartazes mas nenhum sobre o evento, noto. A professora Isabel Oliveira, de Português, decidiu que a sessão é só para quem conhece e trabalhou os livros, explica-me mal entra na sala, com o seu passo decidido e a sua voz de comando. "Acho muito bem", respondo, dando-lhe exemplos de escolas onde os alunos eram curiosos mas não faziam ideia do que é que eu estava a falar. É sempre preferível quando têm muitas perguntas, acrescento.
Os estudantes começam a entrar, são três turmas, de 6.º e 7.º anos. Querem sentar-se "nos melhores lugares", aqueles que ficam de frente para a parede onde passa o powerpoint. E alguns trazem os trabalhos que fizeram para os mostrar à autora. Trabalhos bonitos, noto.
Feita a apresentação, começam as perguntas. "Quanto tempo demoram a escrever?", "Quais são as cidades em que os heróis vão viver aventuras?", "Neste código [no canto inferior esquerdo da contracapa] dá para conhecer o mito?", "Porque é que escolheram a mitologia grega?", "Porque é que se chama Wong?", "Sempre pensou ser escritora?". Eu não sou escritora, sou uma jornalista que gosta de escrever. Chamo-me Wong porque o meu pai é chinês. A mitologia grega ajuda-nos a compreender a nossa cultura, quem somos. Sim, o código é para conhecer o mito. Se Deus quiser (e a editora!), os nossos heróis ainda vão viver muitas aventuras! E os livros não demoram muito a escrever, mas demoram a rever, a corrigir, a reescrever e, se pudessemos, reescreveríamos de novo, parece que é um trabalho que nunca está completo!
Detemo-nos durante algum tempo numa pergunta: "As personagens que criaram baseiam-se em alguém que conheçam?", questiona uma aluna, "Conhecem alguém que seja como as vossas personagens?", torna a perguntar outro aluno cujo o dedo no ar passa a apontar para um colega. Observo o rosto do miúdo para o qual aponta: "é o Pedro!", penso. "Ele é igual ao Pedro, não é?", perguntam-me felizes. "É..." e chama-se Pedro e quando começo a descrever a personagem, os amigos dizem-me "é como ele!". O rapaz ri, corado e divertido, e põe as mãos à cabeça quando me ouve a fazer a descrição.
As professoras Isabel e Graça fazem algumas perguntas: "Que autores lia quando tinha a idade dos alunos?", "Como é o processo da escrita?"
As perguntas começam a esgotar-se e o tempo também. Segue-se a oferta de um ramo lindissimo e original (uma única hortense faz um belo efeito!) pelas três delegadas das turmas e a sessão de autógrafos, os meninos enfileiram-se e pedem autógrafos e fotografias com a autora (uma novidade!) tiradas com os seus telemóveis. "Adeus, Bárbara Wong!", despedem-se alguns, outros chamam-me do corredor, só para verbalizar: "Wong", "Wang", "Yung", "Yang"... "Como é que se diz?", pergunta uma das alunas mais atrevidas. "Como em inglês: was, where...", respondo.
A turma que vai ter aula com a professora Isabel permanece na biblioteca e um dos grupos quer apresentar-me o seu trabalho. Rápidos, tiram a pen e vão ao e-mail buscar a sua apresentação. Apresentam-na com à-vontade. Depois perguntam-me qual é o meu e-mail e enviam-mo. Assim vale a pena, penso e verbalizo "os parabéns" a todos e às professoras em particular. Sim, é preferível apresentar a três turmas que trabalharam do que a uma escola inteira! Obrigada.
BW
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