A acção da Fenprof ao lado do "meu filho" |
A organização desdobra-se em desculpas por não estarem mais pais, mas "os professores também são pais". É verdade.
O sindicato pediu a uma professora da escola para ler o livro e fazer a apresentação e Elvira Sousa surpreendeu as colegas (que a conheciam) e surpreendeu-me a mim (que não a conhecia) com a leitura que fez. De tal maneira que, quando termina, digo-lhe "uma vez que se vai reformar vou convidá-la para ir comigo sempre que me convidarem a ir às escolas!".
Elvira Sousa começou por dizer que O meu filho fez o quê??? entra com "facilidade na nossa vida porque foi escrito para quem não tem tempo". É verdade.
Depois, a professora de Inglês/Alemão lembrou um ditado britânico "don't buy a book by the cover" mas lembrou que a capa é a porta de entrada para a leitura. E começa a dissecá-la: O quadro negro que é uma referência na educação mas que também é um "quadro de promessa onde se faz o registo da palavra e das nossas acções. A nossa vida é um quadro negro onde as nossas acções ficam inscritas". O quadro negro é reutilizável, se nos enganarmos, apagamos e voltamos a escrever, ao contrário do computador onde se escreve com uma letra descaracterizada. "No quadro [negro] é a nossa caligrafia, há uma ligação afectiva", diz.
De seguida, Elvira Sousa explora o título: "um guia de relacionamento dos pais com a escola...", diz na capa. É um guia, portanto, pretende mostrar caminho. Mas um guia, neste caso, é também a autora que chama a atenção para detalhes. O "relacionamento" é "dos pais com a escola, da escola com os pais, dos pais com os pais e dos pais entre si (em casa)", detalha. Nem mais!
O rapaz com ar de malandro a fazer um disparate e vestido como se fosse incapaz de o fazer: "é a dualidade das crianças - eles são capazes de fazer!", alerta a professora.
O título O meu filho fez o quê??? é a "surpresa pela negativa". Os três pontos de interrogação remetem para três pontos de vista: material, racional e espiritual, são "três caminhos, apesar de ser um livro pequenino".
Do ponto de vista material, "o livro está muito bem organizado. Pode fazer-se uma leitura de uma vez mas permite também uma leitura pontual e fazer uma leitura na perspectiva preventiva. "É útil para pais, professores e educadores".
Elvira Sousa volta à capa: o rapaz tem um livro aberto à sua frente. "É o símbolo da fecundidade e este livro é fecundo", revela o "coração aberto de quem o escreveu e aquilo em que acredita".
Depois, há um caminho racional - os resumos de cada capítulo apelam para o apuramento dos sentidos: observe, escute... "faz uma chamada de atenção: há tempo para processar a informação e para reagir com dignidade e eficácia". Por vezes, nós pais tendemos a reagir a quente, digo eu.
Por fim, o percurso espiritual, "o partilhar é espiritual", a "conclusão é a chamada de atenção para o percurso espiritual que é educar". É o apelo à festa. "Os pais e os professores são convidados para a mesma festa que é a de co-educar, cooperar."
A professora gostou de ler para ver como é que o outro lado (os pais) pensa e também para reflectir na sua prática que "parece que não faz mossa [nos alunos] mas que pode fazer". Nem mais! Por vezes os professores não têm essa noção e são capazes de marcar os miúdos para a vida, digo eu.
Depois de a ouvir, a sala já não precisava de minha apresentação para nada porque estava tudo dito! Mas lá falei, humilde, para a completar.
Muito obrigada ao SPN, às professoras e sindicalistas Ana Paula Tomé e Maria José Miranda – com a preocupação de transmitir que uma sessão organizada por um sindicato pode ser sobre educação e não sobre reivindicações laborais –, e à professora Elvira Sousa – pela sua sensibilidade para ler o livro e para ler a autora!
BW
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