quarta-feira, 12 de maio de 2010

A (vi)ver o Papa

Por estes dias ando atrás do Papa. Às dez da manhã de ontem estava no aeroporto de Figo Maduro à espera de Bento XVI, que chega pontualmente uma hora depois, desce as escadas e não é nada como na televisão, é um velhinho com um ar amoroso, é simpático e atencioso. É o primeiro a bater palmas às crianças que foram dar-lhe as boas vindas, ao contrário dos bispos ou das altas entidades da República, todos já embalados pela musiquinha sensaborona mas bem cantada (ou não fosse uma das cantoras minha sobrinha!, mas a música era fraquinha e de rima fácil)!
Esse cuidado e atenção volta a ter com os jornalistas: já dentro do papamóvel, abrem-lhe a janela, vira-se para nós e saúda-nos, como que a ensaiar os primeiros acenos, aqueles que fará ao longo de todo o dia, sempre que passa pelas multidões que também o querem saudar. Os jornalistas estão todos atarefados nos seus directos, a dizer coisas para o ar, como se os telespectadores fossem cegos e não vissem o que passa na televisão; ou como se os ouvintes não percebessem as palavras de Cavaco Silva ou mesmo de Bento XVI e precisassem de um "repete-repete". Que bom ser da imprensa escrita! Apesar de ter que estar atenta para alimentar o PÚBLICO online posso observar tudo, digerir o que se passa e até responder ao aceno do Papa (discretamente porque estou a trabalhar)!
Horas (e muitos quilómetros feitos a pé) depois, revejo-o no Terreiro do Paço e de seguida (e mais uns quilometrozinhos a pé) na Nunciatura, quando os jovens vão fazer-lhe uma serenata e rezar. Bento XVI vem à janela e mais uma vez a sensação que ali está um homem tímido mas bondoso, que sabe brincar como João Paulo II, lá vai dizendo aos jovens para fazerem pouco barulho que precisa de dormir, mas deixa-lhes também uma mensagem de esperança.
Ao vivo não tem nada aquele ar de vampiro com que aparece nas fotos. É pouco fotogénico, concluo.
BW

4 comentários:

  1. Obrigada pela partilha!! É diferente (vi)ver este Papa pelos teus olhos, o que tem imensa piada!
    Beijos e boas caminhadas (já vi que percorres a cidade como poucas... ;-) )

    ResponderEliminar
  2. Gostei mesmo deste relato!
    Eu tive oportunidade de o ver ontem e hoje nos seus trajectos no Papamovel e confesso que fiquei emocionada quando ele passou. Tem de facto um ar bastante diferente do que é mostrado nas fotos e na televisão.
    Um beijinho!

    ResponderEliminar
  3. Barbara, gosto e partilho deste teu olhar. Não sendo este Papa de uma linha com que identifique a 100%, tem sido uma boa experiência de aproximação. As pessoas, todas as pessoas, têm qualquer coisa de cativante. Porque somos todos feitos do mesmo. Mesmo quando discordamos.

    ResponderEliminar
  4. Também não me identifico a cem por cento com este Papa mas desde que cá está que me tem cativado! porque já disse uma série de coisas interessantes! a começar por aquela ideia de que o mal está dentro da Igreja, que a maior perseguição "nasce do pecado da Igreja" ou que a Igreja tem que aprender com o mundo, reflecte a voz de um homem consciente e conhecedor da realidade. São dois pensamentos que não hão-de agradar a todos os católicos... Só falta passar das palavras à acção! BW

    ResponderEliminar