terça-feira, 18 de maio de 2010

Professores das AEC

As Actividades de Enriquecimento Curriculares (AEC) nasceram do desejo da anterior ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues querer uma educação igual para todos e, ao mesmo tempo, responder a uma necessidade dos pais que não tinham (nem têm) como ir buscar as crianças à escola às três ou quatro da tarde. As AEC são a oportunidade, quando bem feitas, de as crianças da escola pública terem as mesmas oportunidades que as das privadas de aprender uma língua, fazer ginástica ou aprender música.
Como muita coisa na vida, a ideia é boa, a aplicação nem por isso. Como o 1.º ciclo é da responsabilidade das autarquias, cabe-lhes a elas implementar as AEC e fazem-no ao menor custo.
Os profissionais que trabalham com estas crianças são professores que se dizem mal pagos e que, aparentemente, em muitos casos nem sequer prestar um grande serviço o que faz com que as desigualdades se mantenham - estão na escola a entreter meninos, em vez de trabalhar com eles, dizem que não têm condições. Hoje, um grupo destes profissionais vai reunir-se na sede da Federação Nacional dos Professores, em Lisboa, preocupados com as suas condições laborais.
Ontem, uma destas professoras começou a trabalhar no Arquivo de Mirandela porque posou para a Playboy. A jovem de 27 anos com quase 40 mil apoiantes no Facebook só pode ser uma mulher confusa porque ora diz que gosta de ensinar, é professora de Música, ora diz-se que está à espera de uma oportunidade no mundo do espectáculo. Não é propriamente numa grande orquestra mas na televisão. Uma pessoa que anda à procura dos seus 15 minutos de fama - espero que compreenda que já os obteve e que daqui a dias há-de voltar ao rame-rame -, não é professora por vocação, é por necessidade enquanto não surge a oportunidade de ser modelo ou playmate e as escolas precisam de profissionais com vocação para ensinar.
BW

7 comentários:

  1. O problema da falta de vocação para ensinar não é exclusivo dos professores da AEC. Um dos meus filhos está no primeiro ciclo e frequenta nestas actividades inglês, música e educação física. Os professores que o acompanham fazem um trabalho sério, vejo no meu filho óptimos resultados, e sou uma mãe exigente quanto à qualidade de ensino. E acho que todos os pais que consideram que estas actividades são meros depósitos para entreter meninos devem inteirar-se da situação e ver o que realmente está a passar-se com os seus filhos, pois podem estar a comprometer o futuro sucesso escolar dos seus filhos dentro dessas disciplinas, quando elas deixarem de ser extra curriculares.

    Estes professores são frequentemente acusados de falta de profissionalismo, acho que não deveremos tomar o todo pela parte, pois não seremos justos para quem está de vocação a ensinar a aprender. Poderíamos igualmente ir buscar exemplos de falta de vocação dentro do ensino oficial ou privado. O facto destas actividades, fugirem um pouco à alçada do ministério favorece alguma precariedade que pode ser desconfortável para os professores e para nós pais, e isso é uma realidade. Há casos onde por exemplo, são estes professores que asseguram a vigilância das crianças durante os intervalos pois não têm pessoal auxiliar disponíveis como nas aulas “normais”, há casos por exemplo onde o espaço onde leccionam está longe de ser a sala de aula ou o ginásio que os nossos filhos mereciam (eu não sou professora mas como mãe procurei conhecer e conheço um pouco da realidade da escola do meu filho). Ora assim, talvez se compreenda que as condições laborais não serão as melhores e que todos somos vítimas da falta de investimento e de rumo certo na educação.

    Como pais conscientes o que temos que fazer é estar presentes, perceber como é que os nossos filhos estão nessas actividades, inteirar-nos acerca daquilo que o ministério pretende que seja ministrado nestes anos nestas disciplinas, verificarmos se os professores que estão com os nossos filhos acompanham essas orientações. E falar com os professores titulares da turma que são a ponte entre nós e os professores das actividades.





    De: Cristina Miranda [mailto:cristina.miranda@fonteviva.com.pt]
    Enviada: terça-feira, 18 de Maio de 2010 14:37
    Para: 'anacristina_miranda@clix.pt'
    Assunto:



    O problema da falta de vocação para ensinar não é exclusivo dos professores da AEC. Um dos meus filhos está no primeiro ciclo e frequenta nestas actividades inglês, música e educação física. Os professores que o acompanham fazem um trabalho sério, vejo no meu filho óptimos resultados, e sou uma mãe exigente quanto à qualidade de ensino. E acho que todos os pais que consideram que estas actividades são meros depósitos para entreter meninos devem inteirar-se da situação e ver o que realmente está a passar-se com os seus filhos, pois podem estar a comprometer o futuro sucesso escolar dos seus filhos dentro dessas disciplinas, quando elas deixarem de ser extra curriculares. Estes professores são frequentemente acusados de falta de profissionalismo, acho que não deveremos tomar a parte pelo todo, pois não seremos justos para quem está de vocação a ensinar a aprender. Poderíamos igualmente ir buscar exemplos de falta de vocação dentro do ensino oficial ou privado. O facto destas actividades, fugirem um pouco à alçada do ministério favorece alguma precariedade que pode ser desconfortável para os professores e para nós pais, e isso é uma realidade. Como pais conscientes o que temos que fazer é estar presentes, perceber como é que os nossos filhos estão nessas actividades, inteirar-nos acerca daquilo que o ministério pretende que seja ministrado nestes anos nestas disciplinas, verificarmos se os professores que estão com os nossos filhos acompanham essas orientações. E falar com os professores titulares da turma que são a ponte entre nós e os professores das actividades.

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  2. Bom dia, não quero tomar a parte pelo tudo, o que digo é que há muitos, felizmente não são a maioria. E a falta de vocação tanto está entre os professores das AEC como entre os outros. O que verificamos muitas vezes é que há pessoas a trabalhar com crianças que nem sequer gostam de crianças e isso parece-me grave! É verdade que a maioria destes professores trabalha em condições e em instalações precárias. Eles lutam pelas suas condições de trabalho, os pais devem lutar por mais e melhores condições para os seus filhos. É para isso que pagam impostos. BW

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  3. Não percebo porque é que se insiste em diminuir nos seus direitos a professora de Mirandela que, por sua livre vontade e usando o seu tempo livre, posou para uma revista erótica.

    Porque é que insistimos em ver na profissão uma espécie de sacerdócio, que nem se adequa à sociedade em que vivemos nem tão pouco nos pagam para isso?

    A comunicação social em geral e a opinião-que-se-publica não nos andam sempre a impingir a ideia de que no futuro vamos estar sempre a mudar de emprego, de sector de actividade, de patrão? De que temos de ter flexibilidade, mobilidade, formação de banda larga e mais não sei quantos atributos facilitadores de uma maior precarização e exploração do nosso trabalho?

    Como é que é? A professora tem de ficar agarrada ao seu emprego precário, como se fosse um emprego para a vida, e não pode fazer novas experiências? E se pode, tem de pedir autorização a algum moralista de serviço?

    E depois há coisas que não fazem sentido: ser "playmate" é uma profissão? Não será antes uma experiência, ao alcance de jovens das mais variadas profissões, desde que tenham os atributos físicos exigíveis? E alguém começa uma carreira de modelo aos 27 anos?

    E os milhares de jovens que todos os anos faltam a aulas ou "desligam" dos estudos para irem a sucessivos "castings" atraídos pela miragem do sucesso fácil em qualquer "morangada"? Ora aí está um problema bem mais sério e talvez um bom tema para uma reportagem...

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  4. António Duarte, a comunicação social não impinge a ideia da flexibilidade, a comunicação social publica notícias sobre o tema quando governantes, economistas ou outros falam do tema. É essa a função da comunicação social. Quanto à professora de Mirandela, há perguntas que terá de fazer à docente. Alguém começa uma carreira de modelo aos 27 anos? Penso que não, mas não estou tão certa que a professora o saiba. Bruna Real pode fazer o que quiser com a sua cabeça e com o seu corpo, como todos nós; e pode sofrer as consequências de o fazer, como acontece com a maioria. Neste caso, as consequências eram óbvias. Vivemos em sociedade e a nossa continua a não estar preparada para algumas coisas. Quanto às "morangadas" muitos trabalhos têm sido feitos com esses meninos que têm exactamente os mesmos desejos que a professora de Mirandela, serem famosos. BW

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  5. Quem é que decide se a "sociedade está preparada"? É o senhor presidente da Câmara?

    Então e imaginando que esta ou outra professora resolvia assumir uma relação com pessoa do mesmo sexo, acabando mesmo em casamento ao abrigo da legislação prestes a entrar em vigor. Será que o mesmo moralismo que leva a condenar a professora que posa para fotografias eróticas permitiria tolerar outra que é lésbica e o assume publicamente? Será que esta está ao abrigo da discriminaçãom, uma vez que o partido do poder já decidiu que "a sociedade está preparada"?

    Queremos a modernidade numas coisas, a hipocrisia o obscurantismo noutras?

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  6. Os pais, a comunidade, o presidente da câmara... sim, somos todos uns hipócritas! BW

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  7. Todos, não. Alguns...

    Mas o meu objectivo não é chamar hipócrita a ninguém, é tão somente denunciar a hipocrisia.

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