sexta-feira, 28 de maio de 2010

Fecho de escolas

Não é novidade, desde o final da década de 1990, quando se começam a construir os primeiros centros escolares que as pequenas escolas do plano centenário, nas aldeias e vilas começaram a fechar. Algumas, de janelas ainda decoradas com os trabalhos dos últimos alunos mas fechadas.
Há meses, num passeio por serras algarvias observei as aldeias envelhecidas, demasiado velhas, onde os mais novos andam na casa dos 60 e muitos, a lamentar-se que os novos vão para o litoral e que até as escolas fecharam.
São os custos da interioridade, fechar uma escola é matar uma aldeia, pensei. Mas, faz sentido ter uma escola aberta para uma ou duas crianças da aldeia? Não. Não estou sequer a falar dos custos reais e do luxo de ter um professor para dois alunos, de idades e em anos diferentes; mas dos custos para aquelas crianças.
Noutra ocasião, há alguns anos, estive numa escola alentejana nessa situação e a pobreza era grande, da professora desmotivada aos alunos desinteressados, uns que iam para a escola com as calças de pijama ainda vestidas porque moravam mesmo ali ao lado.
Todos queriam ir para a cidade mais próxima e pelas mesmas razões, queixavam-se do isolamento. Os mais novos da falta de amigos, a docente da ânsia de trabalhar com outros adultos, de ter outros materiais, de fazer mais actividades.
Por isso, o fecho de escolas com menos de 20 alunos é um bem para todos. Especialmente para os que estão lá dentro!
Quando às aldeias que "fecham", há possibilidades de não morrerem, assim se criem condições económicas para que os mais novos não tenham que as abandonar - no turismo, na agricultura, não sei qual é o segredo, sei é que não se podem sacrificar as crianças e que estas têm que crescer e partir (mesmo as das grandes cidades...).
BW

2 comentários:

  1. A solução não também não sei qual é, mas temos culpa, mas falta-nos coragem para deixar as cidades e partir e tentar construir algo no "deserto". Já tive essa ambição, partir e morar mais perto da natureza e da simplicidade da vida humana. Agora com filhos não tenho coragem, tenho medo da falta de tanta coisa o pediatra, a escola...Sim. essas crianças não têm que ser sacrifiadas a uma escola sem vida, sem a possibilidade de se envolverem em projectos e crescer com a companhia e a algazarra dos amigos!

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  2. Apesar de que muitas destas crianças madrugam para apanhar as camionetas que atravessam serras para os levar à escola…E pensar que a minha preocupação é escolher a melhor escola para os meus filhos, das que tenho aqui tão perto, e estamos todos no mesmo país!

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