terça-feira, 27 de abril de 2010

Ministra da Educação em entrevista ao DN

Isabel Alçada dá uma entrevista hoje ao DN. Algumas citações:

Sobre os concursos e a avaliação
"Fomos muito claros quanto a isso: a lei não estava suspensa. O que agora solicitaram foi que alterássemos a lei, mas dissemos sempre que não íamos fazer alterações retrospectivas, apenas uma alteração prospectiva para não desrespeitar o investimento e o trabalho de muitos professores que foram avaliados com Muito Bom e Excelente. Senão, os que não se submeteram à avaliação seriam beneficiados pela infracção."

O piscar do olho aos professores
"(...) Do meu ponto de vista, a principal qualidade de um professor é a competência científica e um professor tem de dominar muito bem a matéria que ensina. Também tem de estar aberto a, continuadamente, aprofundar o estudo para se ir actualizando e acompanhar a evolução da disciplina científica que trabalha.
- Mas hoje muitos professores vêem a actividade como uma saída de emprego e não como vocação.
Talvez as pessoas possam pensar isso mas quem está por dentro, quem está com alunos, gosta de ensinar. Há momentos em que há um brilho especial na nossa profissão, porque o comunicar com os outros, o levar os outros a desenvolverem-se , traz uma alegria especial.
- Pensava-se que ao aceitar ser ministra iria romper com a conflitualidade entre professores, sindicatos e ministério. Conseguirá que os professores pendam para o ministério e não para os sindicatos?
Até tenho uma ambição maior queria que houvesse uma harmonia de forma a que tivéssemos um entendimento, embora com divergências. Mas não podemos viver com divergências e sem conflitualidade permanente porque é péssimo na relação humana. É preciso que as pessoas dialoguem, que possam mostrar que há pontos de vista que são divergentes e que, quando se chega à decisão, que prevaleça a decisão mais benéfica para o país, para os que estão no sistema educativo e para os alunos.
(...)
- Creio que está a tentar seduzir os professores a olharem para o ministério como sendo o órgão que os representa. Vai conseguir isso?
Acho que sim, porque estamos a fazer aquilo que acreditamos que é o melhor para o País, e os professores também reconhecem isso. Reconhecem que queremos que as escolas tenham as melhores condições no que respeita às instalações, equipamento, horários, organização do ano lectivo, em todos os domínios do currículo e outros.
Naturalmente, quando fazemos um esforço, esperamos que seja entendido por quem se dirige. Neste caso, é para beneficiar as novas gerações e os alunos que estão a estudar. Aliás, até o professor Marçal Grilo sempre disse que deveria haver um pacto no quadro da educação, um pacto educativo. Usou- -se esta expressão e noutros países ainda continua a ser usada."


O piscar do olho aos directores
"(...) Se me perguntar qual é a preocupação primeira de um director, digo logo que é a harmonia na convivialidade da escola, a par da aprendizagem. Mas a harmonia, a convivialidade, a segurança e a disciplina são prioridades. Eu já fui directora, tenho muito contacto com directores, e sei o que é que se passa nas escolas e que os professores preocupam-se muito. Aliás, posso dizer também que a maior causa de ansiedade do professor é a indisciplina. A agressividade vem a seguir à indisciplina e à violência, que é o limite máximo da indisciplina. Muitas vezes o que acontece é que, se a pessoa gere bem a questão da indisciplina, evita o recrudescimento de outras situações. E os professores têm hoje na sua formação inicial essa componente.
Essa agressividade tem gerado casos de suicídio como os que foram noticiados nas últimas semanas.
Não, isso não é verdade. Eu partilho absolutamente da visão e da análise que o professor Daniel Sampaio tem feito e vindo a publicar. Ele chama a atenção para os casos-limites, como é o caso de um suicídio, e refere que nunca é apenas devido a um factor externo. Nunca é só a profissão, a situação familiar ou a situação amorosa, há uma conjugação de factores que têm a ver com a personalidade das pessoas."

Acordo ortográfico em 2011/2012 nas escolas
"Sou a favor. Acho que a língua evolui e neste caso houve um entendimento com vários países e, em termos internacionais, é uma afirmação do português no mundo. Considero que o Acordo Ortográfico é um factor benéfico e temos um planeamento já feito para a sua introdução. Não é muito complicado, pois na verdade é só ortografia e estamos articulados com outros ministérios. Os professores podem perfeitamente integrá-lo estudando as alterações."

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