sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Porque continuam as suas músicas actuais?

"Na ruela de má fama/o charlatão vive à larga/chegam-lhe toda a semana/em camionetas de carga/rezas doces, paga amarga.
No beco dos malfadados/os catraios passam fome/têm os dentes enterrados/no pão que ninguém mais come/os catraios passam fome."
(...) "Entre a rua e o país/vai o passo de um anão/vai o rei que ninguém quis/vai o tiro do canhão/e o trono é do charlatão"
A letra é de Sérgio Godinho, a música de José Mário Branco. Ontem foi ainda cantada (e a corneta mal tocada, a dar lugar a gargalhadas no palco e na plateia) por Fausto. A canção é de 1971 e no concerto que ontem reuniu os três cantautores Sérgio Godinho disse, em tom irónico que "um charlatão é coisa que já não existe em Portugal".
Pois não!
É impressionante como muitos dos temas com 40 anos continuam actuais.
O que mudou? Aqueles que os ouviam, que cantavam e manifestavam-se há 40 anos contra a ditadura, os que se orgulham de ter feito parte da mudança, são os mesmos que ontem repetiam, sentados nos seus lugares na plateia vip, os mesmos refrães e são agora ministros, administradores de grandes empresas do Estado e outros.
A mudança? Aconteceu, sim há a democracia; mas a fome, a pobreza, o desemprego continua. Anteontem, a rádio anunciava o despedimento de 500 trabalhadores da Delphi; hoje a Quimonda vai escolher os operários que ficarão em lay-off e os que serão despedidos. Um em cada cinco portugueses é pobre. Por seu lado, os bancos querem ser pagos pelos impostos que cobram.
BW

2 comentários:

  1. Bem, vou para lá agora ver o concerto. Depois voltarei cá a dar a minha opinião.
    Beijinhos e bom fim de semana
    Be

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  2. Concerto muito bom! O público vibrava, cantava, batia palmas, tudo ao som da boa música destes 3 grandes da nossa música nacional! Valeu a pena!

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