De manhã ouço alguém dizer: "A segunda circular está limpa e tudo por causa de um preto!". Gargalhada geral. No Facebook, uma amiga escreve: "O Obama já chegou e vai ficar em casa de um primo na Damaia", a última vez que vi, os comentários iam nos 20 e todos no mesmo sentido: "Na Damaia não, na Buraca!", "...na Cova da Moura", "Ouvi dizer que vão fazer fubá numa fogueira lá na "praceta"..." e continuam.
E agora, quem não achou graça, pergunta: quem são estes amigos? O Zé Manel Taxista? Não! É gente de classe alta, formada, bem posicionada e que olha para o Presidente dos EUA como o preto da Buraca. Ah! Não são comentários racistas, são só políticos, gostam mais dos republicanos... Fui eu que não percebi.
Graça tem este comentário que me mandaram a meio da manhã: "À chegada de Obama, milhares de funcionários públicos de Lisboa, agraciados com a tolerância de ponto, gritaram: "Yes, weekend!"
BW
Ainda no outro dia um americano a residir por uns anos em Portugal dizia que nós eramos uma sociedade muito plural, aberta, sem muita xenofobia nem racismo. Parece-me que aqueles que estão de passagem, e também que não entendem o português e a gíria, lhes escapa muita coisa, muita coisa xenófoba e racista. E essa tacanhez e mesquinhez, própria de quem pensa pequeno e apenas está habituado a olhar para o seu umbigo, não tem barreiras sociais nem financeiras.
ResponderEliminarComo não frequento a parvoíce do facebook não me apercebo desse tipo de coisas, digamos, tão em cima do acontecimento. Acho legítimo que, havendo a tão propalada liberdade de expressão, obtida pela árdua luta, antes e após o 25 de A., blá...blá... etc... as pessoas possam escrever o que bem entenderem. Ou só deverá haver liberdade de expressão para o politicamente correcto? Todas essas situações, contadas nas anedotas, representam uma realidade que existe, é dolorosa e - pior ainda - foi provocada por nós, os que criámos oa guetos (as Buracas, as Covas da Moura), para onde despejámos gerações de pretos, sem esperança e encafuados numa realidade cultural que apenas reproduz os modelos mais que estafados de outros países. Nesse aspecto sou obrigado a prestar homenagem ao velho Salazar que conseguiu criar bairros sociais, onde a integração de pessoas da classe média, alta ou baixa, com pessoas realojadas das barracas teria sido digna de ser seguida em todo o mundo. O que é ser ou não ser racista? É não contar anedotas sobre pretos ou, no dia a dia, pugnar pela verdadeira INTEGRAÇÃO, sem paternalismos e assistencialismos. Sinceramente já começo a ficar farto dos "anti-racistas" de conversa.
ResponderEliminarInfelizmente, quem faz esses comentários por vezes nem pensa naquilo que diz.
ResponderEliminarPode-se gostar ou não da pessoa ou das ideias. Façam-se então críticas concretas à pessoa ou às suas ideias ou ideologias, não à cor da pele. Pessoalmente, até simpatizo com o Sr Obama...
Pode-se brincar com a raça sem ser racista - mas não parece ser o caso dessas anedotas (mesmo que essa não fosse a intenção consciente dos humoristas).
ResponderEliminarPeço desculpa mas vou colocar uma questão fora do tema. O Público noticiou que exame nacional de filosofia vai "integrar o lote de exames obrigatórios para a conclusão do ensino secundário". No 8º Encontro de professores de Filosofia, que decorreu em Setembro, circulou a informação que a ministra tinha prometido à SPF o regresso do exame, mas opcional, sem carácter obrigatório, apenas como prova específica para ingresso no ensino superior.
A ministra terá mudado de opinião ou o Público equivocou-se?
O regresso do exame ainda não foi referido nem na página do ME nem na página da SPF.
Obrigado.
Caro Carlos Pires, não sei responder mas amanhã vou colocar essa questão à minha colega Clara Viana que foi quem escreveu a notícia. Obrigada. BW
ResponderEliminarObrigado.
ResponderEliminarFico a aguardar com expectativa. Gostaria que a primeira hipótese fosse a verdadeira. Um exame nacional de Filosofia obrigatório poderia (se correctamente elaborado) fazer muito pela filosofia em Portugal.
Mas há alguns problemas:
O programa, entre outros defeitos, é vago e pode ser interpretado de várias maneiras, algumas incompatíveis (como se comprova pela heterogeneidade dos manuais).
Para o extinto exame de Filosofia foram há anos atrás elaboradas umas Orientações de Gestão do Programa (muito mais claras, específicas e filosoficamente rigorosas que o próprio programa). Continuarão em vigor? O Ministério não se pronunciou sobre isso, mas as Orientações para o Teste Intermédio de 10º referem-se apenas ao programa e ignoram essas Orientações anteriores.
Em termos práticos, isso significa que os professores de Filosofia não sabem como certos conteúdos serão interpretados pelos autores do Teste Intermédio e poderão - por empenhados e competentes que sejam - não estar a preparar os seus alunos para responder correctamente às perguntas desse Teste.
Nunca essa gente boçal chegará aos calcanhares de Obama, um homem elegante, tranquilo e inteligente!
ResponderEliminarCaro Carlos Pires aqui vai a resposta da Clara Viana: "A SPF está à espera da publicação de um decreto-lei sobre o exame. Foi-lhe garantido pelo Ministério que este será reposto. Na conversa com o presidente do SPF percebi que a garantia era a da reposição da situação anterior - exame obrigatório. Num contacto posterior, após a publicação da notícia, o presidente da SPF esclareceu-me que as indicações que tinha apontavam para que o exame fosse optativo (escolha de uma de duas especificas), mas que aguardava publicação do DL para melhor esclarecimento. Continuo a aguardar respostas às perguntas que enviei ao ME na semana passada para confirmar ou desmentir a questão do carácter obrigatório. Enviei perguntas na quarta-feira e até agora, silêncio..."
ResponderEliminarBárbara:
ResponderEliminarObrigado pelas suas diligências. Aguardemos, então.
Já agora uma observação: a "situação anterior" a que Clara Viana alude é um bocadinho confusa. O projecto inicial (vindo do governo PSD e do ministo Justino) era o exame ser obrigatório. Depois a ministra Maria Lurdes Rodrigues recuou: passou a opcional e ao fim de dois anos foi extinto. Portanto, o exame nacional de Filosofia do 11º nunca chegou a ser realizado como obrigatório.