terça-feira, 23 de novembro de 2010

Em véspera de dia de greve...


Filha, neta e bisneta de gente empreededora, não bebi no leite materno conceitos como greve, manifestação, protesto, contestação... Mas amanhã é dia de greve.

Desculpem a falta de solidariedade, mas não estou especialmente preocupada com os cortes na função pública, embora esses venham afectar o consumo e a economia; e, a longo prazo, vão prejudicar o bom funcionamento de áreas como a educação ou a saúde.

Esta é uma greve só para funcionários públicos? Não. É uma greve para todos os que estão descontentes com o rumo do país, com os pedidos constantes de sacrifícios e a má gestão dos bens públicos. É uma greve para aderir por todos os que são contra os cortes no IRS e no abono de família, contra os aumentos do IVA. E estes afectam todos.

Mas mais do que uma greve, que pára o país - e este não está em condições de parar -, o ideal era os sindicatos terem agendado uma manifestação. Todos, em todo o país, na rua às "x" horas, durante uma hora, em silêncio. Nada de "a luta continua", nem "Sócrates para a rua", nada de palavras de ordem. O silêncio. Depois, cada um voltava para o seu local de trabalho e prosseguia a sua jornada. Para mostrar um povo preocupado, mas comprometido. Se eu mandasse na UGT ou na CGTP era assim que eu faria!

BW

4 comentários:

  1. Fiz greve, nomeadamente porque acho que os cortes foram feitos de modo arbitrário, socialmente injusto e sem relação com qualquer projecto para resolver os problemas estruturais.

    Mas discordo do facto da greve ser à quarta-feira: em breve dois feriados calharão à quarta-feira. Num curto espaço de tempo serão três quartas sem aulas, sem as consultas que só se realizam a esse dia da semana, etc. Se os sindicatos se preocupassem com a produtividade e com o desenvolvimento do país teriam marcado a greve para outro dia da semana.

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  2. As greves não podem ser à segunda,nem à sexta, para não acusar os trabalhadores de quererem pontes. Acho que a quarta tem esse lado simbólico de ser mesmo no meio da semana. Mas sim, não foi bem pensado com o 1 e o 8 a calhar numa quarta-feira.

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  3. Não me conformo com o conformismo de quem decide estas lutas, ao embarcar no discurso pseudo-moralista de quem critica sistematicamente tudo o que sejam formas organizadas de protesto dos trabalhadores.

    Se são os trabalhadores que fazem a greve e é a eles que é descontado um dia de salário, por que razão não hão-de eles escolher o dia que lhes dá mais jeito? Aquele em que possam sair apesar de tudo menos prejudicados ou em que possam causar mais transtornos ao patronato e ao Estado? De onde veio este código politicamente correcto para as greves, definido ainda por cima por quem não as faz?

    Na minha opinião, a ser marcada uma greve geral a prazo tão longo, quando os cortes salariais e outras medidas estariam já decididas no Parlamento, só faria sentido se fosse na sexta-feira anterior, precisamente em cima da cimeira da NATO, quando as atenções internacionais estavam voltadas para o nosso país, e acompanhada de uma grande manifestação.

    Assim, tratou-se apenas de marcar uma posição, de fazer umas cócegas sem abalar muito o sistema. E assim se compreende também o envolvimento da UGT...

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