Filha, neta e bisneta de gente empreededora, não bebi no leite materno conceitos como greve, manifestação, protesto, contestação... Mas amanhã é dia de greve.
Desculpem a falta de solidariedade, mas não estou especialmente preocupada com os cortes na função pública, embora esses venham afectar o consumo e a economia; e, a longo prazo, vão prejudicar o bom funcionamento de áreas como a educação ou a saúde.
Esta é uma greve só para funcionários públicos? Não. É uma greve para todos os que estão descontentes com o rumo do país, com os pedidos constantes de sacrifícios e a má gestão dos bens públicos. É uma greve para aderir por todos os que são contra os cortes no IRS e no abono de família, contra os aumentos do IVA. E estes afectam todos.
Mas mais do que uma greve, que pára o país - e este não está em condições de parar -, o ideal era os sindicatos terem agendado uma manifestação. Todos, em todo o país, na rua às "x" horas, durante uma hora, em silêncio. Nada de "a luta continua", nem "Sócrates para a rua", nada de palavras de ordem. O silêncio. Depois, cada um voltava para o seu local de trabalho e prosseguia a sua jornada. Para mostrar um povo preocupado, mas comprometido. Se eu mandasse na UGT ou na CGTP era assim que eu faria!
BW
Fiz greve, nomeadamente porque acho que os cortes foram feitos de modo arbitrário, socialmente injusto e sem relação com qualquer projecto para resolver os problemas estruturais.
ResponderEliminarMas discordo do facto da greve ser à quarta-feira: em breve dois feriados calharão à quarta-feira. Num curto espaço de tempo serão três quartas sem aulas, sem as consultas que só se realizam a esse dia da semana, etc. Se os sindicatos se preocupassem com a produtividade e com o desenvolvimento do país teriam marcado a greve para outro dia da semana.
Chapeau!
ResponderEliminarAs greves não podem ser à segunda,nem à sexta, para não acusar os trabalhadores de quererem pontes. Acho que a quarta tem esse lado simbólico de ser mesmo no meio da semana. Mas sim, não foi bem pensado com o 1 e o 8 a calhar numa quarta-feira.
ResponderEliminarNão me conformo com o conformismo de quem decide estas lutas, ao embarcar no discurso pseudo-moralista de quem critica sistematicamente tudo o que sejam formas organizadas de protesto dos trabalhadores.
ResponderEliminarSe são os trabalhadores que fazem a greve e é a eles que é descontado um dia de salário, por que razão não hão-de eles escolher o dia que lhes dá mais jeito? Aquele em que possam sair apesar de tudo menos prejudicados ou em que possam causar mais transtornos ao patronato e ao Estado? De onde veio este código politicamente correcto para as greves, definido ainda por cima por quem não as faz?
Na minha opinião, a ser marcada uma greve geral a prazo tão longo, quando os cortes salariais e outras medidas estariam já decididas no Parlamento, só faria sentido se fosse na sexta-feira anterior, precisamente em cima da cimeira da NATO, quando as atenções internacionais estavam voltadas para o nosso país, e acompanhada de uma grande manifestação.
Assim, tratou-se apenas de marcar uma posição, de fazer umas cócegas sem abalar muito o sistema. E assim se compreende também o envolvimento da UGT...