terça-feira, 10 de agosto de 2010

Fecho da Escola Móvel



A Escola Móvel é um projecto caro. Apesar de não conhecermos os números tem que ser caro, senão vejamos: rácio de um professor para três alunos; estudantes ligados diariamente por Internet, a fazer trabalhos, a ter aulas, a comunicar entre si; quatro semanas por ano os alunos reúnem-se todos, ficam internos e têm aulas presenciais com os professores que durante o ano conhecem do contacto pelo computador; quatro semanas para fazer visitas de estudo, ter aulas práticas.
É um ensino à distância e de luxo, pensarão muitos, por isso, dispensável em época de crise. Errado.
É a forma de ter alunos, filhos de profissionais itinerantes, dos circos e das feiras, na escola a tempo inteiro. Através da Internet é possível controlar as suas presenças e se estão a cumprir os horários ou não, estejam no Minho ou no Algarve, como poderá ler aqui. É uma forma de combater o abandono e o insucesso escolar - que criança ou jovem terá sucesso a entrar numa nova escola sempre que a família muda de lugar?
Depois da direcção da Escola Móvel, confrontada com a possibilidade de encerrar o projecto ter aceite um corte de 20 por cento nos professores que acompanhavam 110 alunos (entre eles mães adolescentes da associação Ajuda de Mãe que de outra maneira também terão mais dificuldade em estudar), a decisão foi conhecida na sexta-feira passada: a Escola Móvel acabou.
Ontem, dezenas de pais inundaram as caixas de correio electrónico dos governantes: o que fazer com os seus filhos que com a Escola Móvel tiveram sucesso e podem ansiar a outra vida que não a dos seus pais?
A resposta do Ministério da Educação é que estes estudantes devem regressar às suas escolas de origem, onde estavam matriculados antes de ingressarem na Escola Móvel (poderão estar a 600 km de distância mas isso não é um problema para a tutela, calculo) e que serão acompanhados por uma equipa da DGIDC, garante.
Para trás ficam anos de trabalho, de ganhar a confiança dos feirantes e profissionais circenses sobre a bondade deste projecto, de ganhar o respeito dos alunos habituados a muita liberdade de trato e de vida, de reconhecimento nacional e internacional deste que era um projecto inovador. Tudo para o lixo.
Pode ler mais aqui. No Facebook já existe o movimento Salvem a Escola Móvel.
BW

5 comentários:

  1. Há que iniciar uma grande luta para que a Escola Móvel não seja encerrada e que cortem as pernas a estas crianças/trabalhadoras!
    Como é possível encerrar uma escola que está a funcionar bem e integrar bem estas crianças!
    Esta escola foi criada por uma portaria, a qual ao fim de um ano esta Ministra encerra!
    Há que criar um movimento fora do facebook para poder chegar a muitas mais pessoas!
    Eu quero lutar para o não encerramento desta escola!

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  2. É preciso, com efeito, lutar contra esta e outras medidas que o Ministério da Educação anda a lançar!
    A educação é o pilar da sociedade e a integração - a tal escola para todos - é uma obrigação do século XXI|

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  3. Como é possível desprezar 5 anos de árduo trabalho?
    Como é possível deitar para o lixo todo o investimento que foi feito até aqui?
    Estes jovens merecem ter uma escola!

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  4. Olá a todos!

    Há 5 anos,(vai para 6), que criaram este mágnifico projecto, que me deu a mim e aos meus colegas mais vontade de estudar, mais capacidades de ensino e sobretudo mais esperança para o nosso futuro foi criada a Escola Móvel, esta serviu para me fazer perceber o quão importante é estudar e aprender.
    E agora querem acabar com os nossos sonhos, com as nossas metade/vidas... então como é não nos deixam estudar????
    Sinceramente não compreendo esta crueldade, não é digno está escrito nos direitos humanos que a criança tem o direito de estudar, tem o direito de aprender tem direito á EDUCAÇÃO!

    Por favor eu fasso um, apelo a todas as pessoas a todos os SERES HUMANOS que pensem o que estão a fazer a estas crianças não acabem com a escola móvel por favor sem ela não pode-mos estudar.

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  5. Finalmente uma boa notícia sobre este assunto. O Ministério da Educação está preocupado em garantir o prosseguimento de estudos destes alunos que a menos de um mês do inicio do ano lectivo ficaram sem escola e sem aulas. Mas tendo sido esta decisão tomada tão tardiamente, essa garantia será já para o início do próximo Calendário Escolar? Aguardemos…
    A tutela mantém-se, a instituição extingue-se mas o espólio acumulado vai ser aproveitado e o dinheiro investido não vai para o lixo.
    Mas se “a metodologia de ensino manter-se-á e o ministério garante um número adequado de docentes que desempenhem as funções de professores e tutores” não se percebe então, de que modo há redução de custos? Em que rubricas é que poupam? Não nos podemos esquecer que haverá um custo adicional que está relacionado com contratações externas de consultadoria.
    Ao longo destes 5 anos a imprensa e os especialistas e investigadores da área da educação valorizaram sempre esta iniciativa, assim como o governo que fez com que esta iniciativa passasse mesmo a ser Escola há um ano, com a Portaria nº 835/2009, de 31 de Julho. Por outro lado, este processo de ensino tem sido muito elogiado no estrangeiro, de tal forma que a OCDE escolheu a "Escola Móvel" como uma das 10 boas práticas a nível mundial para desenvolver um Case Study no âmbito do Innovative learning enviroments. O que leva a crer que a Escola Móvel já tinha "um número adequado de docentes que desempenhem as funções de professores e tutores". Não se percebe, por isso, a extinção desta Escola se os seus objectivos até iam mais além dos princípios definidos para este projecto “Ensino a distância para a itinerância”

    Na Escola Móvel os alunos já tinham aulas presenciais, actividades laboratoriais e visitas de estudo, onde era desenvolvida a sua socialização e integração. A Escola Móvel era uma escola que funcionava em rede com todas as outras escolas no acolhimento dos seus alunos ao longo do ano. Os professores da Escola Móvel eram sempre os mesmos, estavam sempre on-line com os seus alunos, mas os alunos frequentavam o centro de recursos ou a biblioteca das escolas que estavam mais próximas do local onde se encontravam as suas famílias a trabalhar, onde também aqui desenvolviam a sua socilaização e integração. Por outro lado, se consultarem o sítio da Escola Móvel, www.escolamovel.min-edu.pt, estas disciplinas já constavam do Desenho Curricular dos alunos. Onde está a diferença? Será que as escolas de referência conseguem garantir uma articulação entre elas que permita aos alunos, de um mesmo ano escolar, trabalharem colaborativamente e participar em actividades de grupo?
    Antes destas decisões, faria mais sentido realizar-se uma avaliação externa à Escola Móvel e avaliar o impacto deste processo ensino/aprendizagem no sucesso escolar dos alunos. O Ministério da Educação é pródigo em fazer reformas sem avaliar o que fica para trás.
    Não poderiam a DGIDC satisfazer as suas pretensões dentro da oferta que estava já institucionalizada?

    Se se pretende as mesmas condições, então o que mudou? Aparentemente, apenas a equipa de professores que acompanhavam estes alunos. Mas se a Portaria que cria esta escola refere que o recrutamento dos professores é feito apenas por Destacamento ou Contratação de Escola, se a tutela não gostava da equipa, porque não resolveu o problema internamente destacando ou contratando novos professores?

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