quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Fecho das escolas do 1.º ciclo

Continuo a olhar para esta medida como uma boa opção, não em nome do que se poupa, mas em nome das crianças.
Não é melhor para elas ter melhores recursos, uma biblioteca, um anfiteatro, um ginásio, quem sabe, uma pisicina? Fica a dezenas de quilómetros de casa, paciência. Quantas famílias não vivem na periferia das grandes cidades e levam os seus filhos, todas as manhãs, para as escolas da capital do país ou do distrito? O Estado está a fazer com estas crianças o que os pais fazem porque querem um futuro melhor para os seus filhos.
A escola da aldeia é melhor porque se conhece toda a gente, vai-se comer a casa, vai-se a pé para a escola, a vó vai lá buscar? É verdade. Mas estar numa turma com meninos de todos os anos de escolaridade, com o mesmo professor o dia inteiro não é desvantajoso para estas crianças? É. (Lembro-me sempre de uma foto do PÚBLICO de umas crianças sujas, de faces rosadas, de camisolas de lã e sobretudo vestido, junto à salamandra montada na sala de aula, num daqueles invernos muito frios, numa aldeia da Beira Alta e de pensar nas disparidades que ainda se vivem no país.).
Fechar a escola é fechar a aldeia? Não necessariamente, a escola do plano centenário pode ser convertida em centro de dia para os mais velhos, associação de música, loja de artesanato local, restaurante de comida regional... A escola pode ganhar vida e trazer mais vida para a terra.
Fechar a escola é empurrar os mais novos para o litoral? Talvez, mas se não forem agora, antes dos dez anos, irão depois. Não foi o fecho da escola que os empurrou, mas não haver oportunidades locais.
Pode ser mau para as crianças estar numa escola maior? Parece que sim, que nem sempre se conseguem adaptar bem, que por vezes são gozadas pelas outras da vila ou da cidade. Mas cabe aos pais exigirem que a escola esteja atenta às necessidades dos seus filhos, que os acompanhe nos primeiros tempos e, em casa, transmitir-lhes a confiança necessária para começarem o ano lectivo da melhor maneira, confiantes e sem medos. Sim, sou da aldeia, e depois?!
AGORA, o que não me parece nada bem é a menos de um mês das aulas começarem, ainda o ministério, as autarquias e as escolas estarem a discutir este assunto e, não tenho dúvidas, que o ano vai começar com alguns atrasos, pelo menos para estes meninos que não merecem.
BW

1 comentário:

  1. Essa opinião não será politicamente correcta, mas adopto-a (a opinião, não a politica).

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