sábado, 28 de agosto de 2010

a máquina de fazer espanhóis

O ano passado o meu compadre deu-me a ler o apocalipse dos trabalhadores. Original, tanto no tema como na escrita. Li o livro emprestado. Este verão, foi ele que me pôs nas mãos a máquina de fazer espanhóis. Ao fim das primeiras vinte páginas disse: vou comprar um para mim. Gosto de mexer, sublinhar, dobrar cantos às páginas dos livros que amo. E este foi um desses casos. Numa escrita que, para quem gosta de Saramago, flui naturalmente, valter hugo mãe fala-nos da vida. Neste caso, da velhice, como noutro post antecipei. Fala-nos da mesma num registo que mistura o verosímil, o sarcasmo e ironia com o texto intimista. Sem maiúsculas, ao jeito saramaguiano, mas com maior cadência, e em frases mais curtas. Acrescenta ainda, no caso deste livro em particular, referências intertextuais deliciosas. Uma das personagens secundárias da obra é, pretensamente, personagem do poema "Tabacaria" do Álvaro de Campos. E assim se vai comentando a metafísica das coisas à medida que vemos o velhinho de 84 anos aproximar-se, com a lucidez e calma possíveis, da morte.
Ana Soares

2 comentários:

  1. Esse ainda não li. Os meus livros estão todos sublinhados, marcados, com registos nos cantos das páginas... são livros "vivos" que gosto de gozar do princípio ao fim.

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  2. Sem duvida um grande livro. Por vezes julgava que estava a ler Saramago, e não refiro-me ao modo de escrever, refiro-me a forma como questiona a sociedade. Os temas questionados no livro tinham os ingredientes todos para o livro ser maçudo, mas Valter Hugo Mãe além de fazer uma profunda reflexão sobre o comportamento humano consegue tornar a historia muito atractiva.

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