Quando, na quinta-feira, o miúdo chegou a casa com aquele ar desmoralizado, percebi logo que o Teste Intermédio de Matemática do 9.º ano tinha corrido mal. Depois quando contou que era só choro e ranger de dentes na turma, que os melhores alunos estavam desesperados, senti um misto de alívio e de apreensão. Fiquei aliviada quando mães de outras escolas me disseram que o panorama era exactamente o mesmo: choro e desespero das crianças, dos bons alunos que fizeram as suas contas, depois dos professores corrigirem a prova e de terem classificações de 45% para baixo.
Aliviada porque se o sentimento é geral, é geral.
Apreensiva porque tudo está a mudar e esta geração não leva só com a austeridade a que os pais estão a ser sujeitos, mas com a sua própria austeridade: a de não terem boas notas ou, neste caso, notas suficientes; vêem que os pais não têm futuro e que eles não têm futuro — estou a exagerar, mas só um bocadinho porque, se as médias baixarem, nos exames nacionais do secundário, os meninos não entram para Medicina com 18, entram com 16.
"Já não há facilitismos!", ulularão os professores-fãs da dificuldade, saudosistas dos exames difíceis, satisfeitos por o ministro da exigência estar a cumprir. O que os professores se esquecem é que os Testes Intermédios também avaliam a sua prática, também os deixam mal perante o Gave.
Os maus resultados dos seus alunos dirão à tutela que não estão a prepará-los como deve de ser mas, lá está, a culpa não é deles! É dos alunos que não estudam, das suas famílias que não os apoiam (aos filhos e aos docentes!) e do sistema que até agora era facilitista (ai, os governos PS...), contra as suas vontades!
As provas vão fazer a separação das águas: só vão sobreviver os muito bons, os que têm capacidades para ir às Olimpíadas da Matemática. Os outros serão os elos mais fracos. Adeus!
O que é que este Teste Intermédio está a dizer aos alunos? Não fiquem desmoralizados! Preparem-se que o exame nacional será igual ou pior! Por isso, peçam ajuda aos vossos professores, concentrem-se e trabalhem! (Foi o que disse ao meu filho...)
BW
PS: Ao contrário das orientações do Gave, muitas escolas utilizam os resultados dos Testes Intermédios como um elemento de avaliação dos alunos, naquela lógica de: são precisos dois momentos de avaliação escrita, logo, este pode servir porque não vai haver tempo para fazer um terceiro teste.
Escolas: sigam as orientações do Gave e NÃO utilizem o resultado do intermédio como elemento de avaliação dos alunos mas como forma de identificar os principais pontos fortes e fracos de cada um deles e de trabalhar essas fraquezas para melhor os preparar para a disciplina, seja ela Matemática, Física-Química, Inglês ou Português!
Como podem pedir ajuda aos Professores se eles próprios demoram 15 minutos a resolver um problema. a Politica é do pior e por causa da politica temos ESTE SERVIÇO que se diz apenas aferir os conhecimentos dos alunos... Mas como? com testes que nem eles próprios sabem resolver? como é possivel no teste de Geografia do 9º Anos sair matéria do 12º? Em Matemática foi o finalizar de um ano com todos os testes intermédios sem excepeção a roçar o ridiculo!Quem sofre, se desmotiva são sempre os mesmos... Como é possivel sair nos testes intermádios matéria que não foi dada em aula? Não sabem o Programa? Sejam mais responsáveis senhores do GAVE e façam testes adequados ao programa dado em aula,não queiram como os Politicos por de rastos a Educação.Notas do 9º anos baixaram nas disciplinas que houve testes intermédios.
ResponderEliminarAcho que um professor que demore esse tempo a resolver um exercício daquele TI está inapto para lecionar. Eu, que sou um aluno do oitavo ano o exercício que demorei mais a resolver foi o último, em 5 minutos.. Por isso, não pode dar esse argumento inicial. Não tem a ver com política, mas sim tem a ver com pessoas que abriram os olhos e notaram que os elementos de avaliação externa estavam a insultar a capacidade dos alunos portugueses. Matéria que não foi dada em aula?? Este TI de matemática era baseado em conteúdos presentes no Programa de Matemática (tanto no antigo como no novo).
EliminarCreio que a sua opinião é totalmente desadequada... Em primeiro, porque havia exercícios que sim, podiam exigir esse tempo... Até mesmo de um docente, não querendo isso dizer que o mesmo estará inapto para leccionar aulas, ao contrário do que foi mitificado em cima. A partir do momento em que há exercícios que apenas 3% dos alunos a nível nacional acerta e que em turmas de 28 alunos(caso da minha) apenas 3 alunos tivemos positiva e em que em algumas turmas nem sequer houve positivas(casos presenciados no meu estabelecimento de ensino) podemos tirar conclusões... Em segundo, 90% dos alunos não obtiveram as notas desejadas, 80% dos professores acharam o teste extremamente desadequado e inapropriado ao nível de ensino a que se destinava(segundo estudos realizados)... No meu caso pessoal, considero ainda que tanto exame como teste intermédio não foram realizados de acordo com o programa... Eu que ao longo de todo o ano fui aluno de 4 a Matemática, tive 3 no Teste Intermédio e 5 no Exame Nacional... BTW... O Texto acima apresentado pela Srª Bárbara é totalmente fundamentado e tem toda a lógica, ao contrário do comentário apresentado, pelo senhor, que demonstrou estar fora do contexto. Cumprimentos...Rodrigo Dias Almeida.
Eliminarconsidero inaceitavelo o que se tem passado nos testes intermedios de 9º.
ResponderEliminar- teste de matematica
considerado por varios professores que lecionam esta disciplina que o teste foi de uma complexidade impensavel e que eles para resolverem alguns problemas tiveram que utilizar conhecimentos da area mas que sao lecionados no 10,11 e 12ª. o que quer o GAVE concluir com este teste?
- teste de ciencias
considerado simplesmente de interpretaçao e com conceitos de resposta por topicos. Na generalidade professores do 10ª e 11º da area de ciencias-tecnologicas identificam que este teste podia ter sido um TI da disciplina de Biologia .
o que quer o Gave concluir com este teste?
- teste de Fisica e Quimica
mais uma razia. turmas com todos os alunos a tirarem negativa!
inaceitavel o que se está a fazer e ninguem transmite na comunicaçao social ...
estamos a pedir aos nossos filhos que estudem, que se preparem para semrem sempre os melhores, exigentes com eles mesmos, quando, o resultado de muito trabalho é obrigatoriamente um fracasso porque os testes do GAVE nao correspondem em nada ao ensino ao longo do ano!!!
Nao é aceitavel que muitos bons alunos tenham tanta dificuldade em fazer qualquer um destes TI.
Eu sou aluna do 9ºano e, como tal, realizei o terrível teste do GAVE. Sempre tenho sido aluna com notas acima dos 90%, e assim que acabei de fazer o teste do GAVE de Matemática, pensei: estou feita. Via os meus colegas a sairem da sala com a mesma cara preocupada, apesar de no pátio termos todos brincado com a situação, mesmo sabendo que nos esperava o pior. Na disciplina de Físico-Química tive 51% no teste do GAVE, e sempre tive 5 (numa escala de 0 a 5) no final de cada Período - na minha turma de 26 alunos, apenas 5 tiveram positiva, sendo a mais alta 64%, e a mais alta da escola 71%.
ResponderEliminarFiquei totalmente desiludida comigo própria no início, pois pensei que não tinha estudado ou me esforçado o suficiente. Até que comecei a falar com os meus amigos, a ver as opiniões através da Internet (tanto dos professores como dos alunos), e me apercebi de que o problema não era completamente meu: era do teste também. Uma amiga minha que anda no 10º ano contou-me que ela e os colegas resolveram o teste e acharam difícil, e disse-me ainda que a professora dela tinha demorado 20min para resolver algumas questões. Fiquei de boca aberta. Como esperam os senhores do GAVE que os alunos resolvam questões que os próprios professores têm dificuldade em responder?
Já nem espero uma positiva no maldito teste, apesar de saber que me vai baixar a média. Agora aguardo ainda mais ansiosa do que já estava, pela Prova Final (nota: novo nome que deram ao Exame Nacional, não o tornando nem menos nem mais assustador). Obviamente que já esperava estudar antes para a Prova Final, mas agora estou mais preocupada, pois a comparar com os testes do GAVE dos anos anteriores, este teste foi uma abominação.
Apesar da boa vontade de ensinar da minha professora de Matemática, não podemos prever o que sairá ao certo na Prova Final. Apenas nos resta continuar a estudar e desejar que a Prova Final não seja tão difícil como o teste do GAVE de Matemática (se bem que duvido). Vida de estudante...!
Puseram-me o teste à frente. até a pergunta de proporcionalidade, que é a matéria mais fácil do 9º ano, era complexa. nada era de resposta direta. se tirar nega , sera a primeira na minha vida, mas não a vou considerar. vou simplesmente ignorar porque eu só frequentei até agora até ao 9º ano. Nao ando para ai a ter aulas de 3º ciclo em part time. olho para os TIs anteriores e resolvia-os num instante. neste deixei 3 perguntas. enfim, espero que baixem a dificuldade no exame nacional. perco logo a vontade de estudar só de recear que vá acontecer o mesmo.
ResponderEliminarEu sou professora e preparei os meus alunos para este teste. Foi sem dúvida de uma dificuldade extrema para eles. Fiquei muito triste, porque sabia que eles tinham estudado e trabalhado com afinco. Tudo o que disse acima acerca dos professores, pode acontecer, mas com uma minoria, alguém que não tem a sensatez de ver o que este teste fez com os alunos, diminuindo-lhes a confiança e tornando-os inseguros para o exame.
ResponderEliminarAcho que em muitas situações os pais são responsáveis pela falta de aproveitamento dos seus filhos, mas não em todas. Claro está que tudo é relativo, há gente boa e gente má por todo lado, sejam eles professores ou pais.
Quanto ao teste em si, era dificil para a idade dos alunos, mas não tinha matéria de outros anos nem matéria não lecionada, pelo menos no que diz respeito à minha escola e, de certeza, que um professor bem preparado não demora 15 minutos a fazer um problema.
Eu enviei um email à Associação de Professores de Matemática a pedir-lhes para eles se pronunciarem sobre o teste, porque é inademissivel o que está a acontecer e também porque fiquei procupada com o que se vai passar no exame.
Acho que neste caso, pais e professores têm de se mexer para que os alunos não saiam prejudicados.
A esta altura os exames nacionais já estão feitos.
EliminarEu sei que já estão feitos, mas só agora foi realizado o teste intermédio do 9º com este grau de dificuldade, por isso só agora fiquei preocupada. Aliás, eu tinha a informação de que exames e provas de aferição eram feitos de um ano para o outro, mas ouvi dizer que a prova de aferição de matemática do 4º ano foi muito difícil, portanto agora já não sei o que esperar.
EliminarBárbara,
ResponderEliminarbom post, mas não me parece que a generalidade dos professores se tenha alegrado com os mais recentes testes intermédios e respetivo grau de exigência. Muitos terão reconhecido uma mudança negativa, para não dizer absurda, do grau de dificuldade.
Quanto à sugestão que fazes, na teoria, concordo plenamente. Mas não podemos esquecer duas perspectivas importantes:
- aos alunos, num período escolar tão pequeno como é o 3º, seriam propostos mais testes, os internos e os intermédios (e lá teríamos nós os pais e alunos, com toda a legitimidade a dizer que os miúdos estavam a ser sujeitos a demasiados elementos de avaliação em tão curto espaço de tempo);
- do ponto de vista dos professores, o tempo seria passado a corrigir e elaborar provas, mais do que a preparar aulas.
Quem elabora os calendários das provas nem sempre tem consciência do ritmo da escola.
Dou aqui outro exemplo, este relacionado apenas com os professores. Está a decorrer o 2º ano de formação de classificadores de exames nacionais. No ano transato, uma das principais críticas foi exatamente a do calendário escolhido para a mesma. Pois este ano, a formação decorre no mesmo período, ou seja, no momento mais crítico das escolas, no período escolar mais pequeno e com mais tarefas...
bj
Ana, não disse que era a generalidade dos professores mas aqueles que são fãs da exigência e da dificuldade – no pior sentido das palavras. São todos? Não.
EliminarQuanto aos momentos de avaliação, eu não sou professora mas não me parece que esteja escrito em lado nenhum que os docentes têm de fazer dois testes por período. Não podes fazer um ano inteiro sem um único teste e ainda assim teres elementos de avaliação? Podes. Não é desejável? Provavelmente não. Os miúdos precisam de ser treinados para responder a exames, para sentir aquela tensãozinha antes da prova, para responder num tempo fixado, para estudar para o teste, etc. Mas não é obrigatório fazer dois testes por período! Há trabalho contínuo na sala de aula, leitura, escrita, realização de exercícios, de trabalhos de casa, de trabalhos de grupo. Os momentos de avaliação são muitos e ricos e não são subjectivos se feitos com profissionalismo. É uma questão de os adequar ao calendário!
O teste intermédio deveria servir para o aluno se conhecer a si próprio, perceber o que sabe ou não sabe; para o professor se avaliar a si próprio, perceber se está a corresponder àquilo que o ministério espera dele, àquilo que a tutela quer que se faça a nível nacional. Tão só. Usá-lo como elemento de avaliação do aluno é desvirtuar a razão por que foi criado. Parece que já no Estado Novo se faziam dois testes por período, evoluímos em tanta coisa, porque não no modo como se avaliam os alunos?
Bjos!
eu sou aluno do 11º ano e o teste intermédio de F.Q foi uma arrasia total no 11ºano da escola só houve 4 positivas a minha de 10 e a mais alta de 15,5.Este aluno era de 19.
ResponderEliminarEu era aluno de 16
espero que o exame nao seja tao dificil
Não há onde ver os resultados, tipo em ranking??
ResponderEliminarEmbora esteja de acordo com o que foi escrito, e preocupado com o actual estado de coisas, por vezes parece-me querer passar-se a ideia de que até aqui tudo era excelência e um mar de rosas (o "rosas" aqui também é irónico, tal como a "festa")e de que desde há um ano para cá tudo é mau.
ResponderEliminarNão, minhas senhoras e meus senhores, mesmo sem saber se mais esta reforma vai dar alguma coisa de útil, a exigência tem de voltar, mesmo que grande número de alunos tenha de chumbar e os que aparentemente eram "muito bons" passem a suficientes. Só assim vamos lá.
josé sequeira
Tenho a certeza que não vigorou a excelência até agora, mas sei também que houve uma preocupação com TODOS os alunos que não me parece que exista neste momento. Pensar em todos é adequar o ensino a todos, não é fazer exames para um quinto dos alunos responderem. É ser também coerente, não é fazer cortes radicais mas ir, a pouco e pouco, aumentando o nível de exigência. Não é fazer experiências com os alunos porque as experiências podem prejudicá-los bastante.
ResponderEliminarDiscordo da ideia dos chumbos. Não é preciso chumbar muita gente para termos a certeza de que o ensino é bom e exigente! Aliás, chumbar muita gente é sinónimo de um ensino péssimo que não são os alunos que absorvem do ar, mas que lhes é passado pelos professores. Chumbar muitos alunos é chumbar muitos professores.
BW