sexta-feira, 25 de maio de 2012


Os Maias na obra Claraboia de José Saramago


A chávena cheia, um prato de bolos secos ao lado, Lídia instalou-se de novo na cama. Enquanto comia ia lendo um livro que tirara de um pequeno armário da casa de jantar. Preenchia o vazio dos seus dias desocupados com a leitura de romances e tinha alguns, de bons e maus autores. Nesse momento estava interessadíssima no mundo fútil e inconsequente de Os Maias. Ia bebendo o chá em pequenos goles, trincava um palito de la reine e lia um período, exatamente aquele em que Maria Eduarda lisonjeia Carlos com a declaração de que «além de ter o coração adormecido, o seu corpo permaneceu sempre frio, frio como mármore…» Lídia gostou da frase. Procurou um lápis para marcá-la, mas não encontrou. Então, levantou-se com o livro na mão e foi ao toucador. Com o batôn fez um sinal na margem da página, um risco vermelho que ficava sublinhando um drama ou uma farsa.”

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