sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Os rankings, o IVA e o IRS

Os rankings: as desigualdades entre notas nos exames feitos pelas escolas públicas e pelas privadas aumentam, para mal de um país que se quer educado, culto e evoluído. As escolas públicas estão a fazer algo de errado? Aparentemente não, a culpa é da instabilidade constante, das regras que estão sempre a mudar, das burocracias, da falta de autonomia, dos alunos que chegam à escola sem comer, sem tomar banho, sem regras básicas e a escola tem que fazer tudo. Tudo. Sobrando pouco tempo para trabalhar para os exames.
O IRS: a previsão da sua subida e a desigualdade que se prevê e, desculpem a banalidade da reflexão, mas apetece-me usar esta frase - os ricos cada vez mais ricos - e lembrei-me mesmo agora de outra, pintada em murais (havia um lindíssimo nos muros do Técnico, quando eu era pequena, mas não me lembro se dizia esta frase, acho que não, parece-me que apelava à revolução) - os ricos que paguem a crise -.
O IVA: a ideia de se taxar a 23 por cento bens que para muitas famílias são essenciais (não na minha, mas eu sou solidária) como os leites achocolatados, aromatizados, vitaminados e enriquecidos, as bebidas e sobremesas lácteas, os sumos e néctares de frutos; para não falar das latas de grão, ervilhas, pêssego, ananás e salsichas, etc... (essas já entram em minha casa). E o vinho mantém-se nos 13 por cento. Sim, leite com chocolate e sumos naturais a 23, mas vinho a 13 porque, mais uma frase estafada, - dá de comer a muitos portugueses...
Hoje estou cansada (por culpa dos rankings) e irritada (por culpa da crise)!
BW

7 comentários:

  1. Eu estou completamente fula hoje! Esta situação está a ficar descontrolada e nós estamos impávidos e serenos a ver uns larápios irem-nos aos bolsos. Mas pior que tudo estão a mexer com a nossa capacidade de alimentar os nossos filhos e de lhes proporcionar aquilo que achamos ser essencial. Sim comcordo que aumentem o IVA da coca-cola, mas do leite? E porque não aumentam do vinho afinal? O que é que esta gente anda a pensar?

    Olhem desculpem o atrevimento, mas no meu blogue falo lá desta postagem e tomei a liberdade de colocar um excerto da mesma. É que este é um assunto transversal a todas nós e que interessa a todos.

    Beijos.

    ResponderEliminar
  2. é verdade! Ainda há pouco brincava com a situação e dizia: também há daqueles pacotinhos de 200 ml de vinho que os miúdos podem levar de lanche, para a escola...são os lobbies a funcionar, espero que os do leite e das conservas se mexam porque aqui já não é uma questão de nos irem aos bolsos mas à boca dos nossos filhos. BW

    ResponderEliminar
  3. Os temas são transversais e as "nossas" reacções horizontais. E apetece dizer frases feitas, ou desabafos à moda do Norte, porque há muita safadeza nas medidas, que não medem o enrascanço do povo e o futuro negro que tão cedo não será lavado.
    A ideia do vinho para os miúdos é boa, porque ficavam mais calmos nas aulas, embora aprendessem um pouco menos, os pais bebiam menos por causa do IVA e sóbrios conheceriam melhor os filhos e os Funcionários Públicos ajudam os filhos dos que não pagam a crise a frequentarem os colégios Privados, para aumentar a média dos Rankings.
    E os governantes ainda se riem ao apresentar a lista das desgraças que fizeram. Já não estão descontrolados, estão controlados...

    ResponderEliminar
  4. Mas será verdade que se avalia a qualidade de uma escola - se é boa ou má - apenas (ou sobretudo, não sei...) pelas notas finais que aparecem nas pautas? Se de facto é assim, essa é uma avaliação que reduz todo o trabalho dos profs, e o percurso individual e colectivo dos alunos. A qualidade de uma escola não passa também pelo recreio, pela ginástica, pela música, pela leitura, pelos projectos comunicados, pelas visitas de estudo, pelos amigos do peito, pelo almoço, pelas caras felizes dos alunos e restante comunidade escolar, incluindo os pais?
    A própria terminologia - "boa", "má" - francamente! quem são os "peritos" que elaboram estes rankings? Foram eles alunos de 20 ou alunos felizes? Eu penso que estamos é a lidar com burocratas, vamos tratá-los como um número, vamos?! a ver se gostam...

    ResponderEliminar
  5. Claro que não e é por isso que os rankings que o PÚBLICo faz são diferentes de todos os órgãos de comunicação social! porque passamos as páginas inteiras a dizer (passo o exagero) que o ranking é feito só com base num critério: o dos exames nacionais, a oito disciplinas, na 1.ª fase. E temos investigadores, professores e directores de escolas a dizer que os rankings são injustos, que não fazem uma leitura correcta da realidade. Parecemos esquizofrénicos: por um lado publicamos os rankings, por outro escrevemos sobre as suas limitações. Aliás, no editorial deste ano, um dos directores do jornal dizia mesmo que são precisos outros critérios para fazer bons rankings e que cabe ao ministério divulgá-los. BW

    ResponderEliminar
  6. só para terminar: parecemos esquizofrénicos mas nao somos! porque os rankings nao deixam de dar um retrato da realidade, um retratinho; mas um retrato que "obriga" as escolas a reunirem-se, que as faz ter estratégias para a melhoria, que as faz fazer coisas menos boas como seleccionar os alunos que devem ir a exame, mas que as faz mexer, olhar para o umbigo e FAZER. E isso é positivo!A transparência é boa! BW

    ResponderEliminar
  7. Sim, ao menos isso - muitas escolas precisam mesmo de arregaçar as mangas e talvez os rankings sejam um incentivo para tal.

    ResponderEliminar