Levámos os miúdos ao Teatro da Trindade para vermos As Aventuras do João sem Medo , adaptação do texto de José Gomes Ferreira. Mas... ela teve algum medo. Bem sei que a peça não é para a idade dela (é para maiores de 6 anos e no site dizem mesmo "final do 1º ciclo, 2º e 3º"), mas achei que seria uma versão "infantilizada" da peça. Pois não é. Assim, passado o susto inicial e de se ter habituado às personagens, aos vários actores que foram representando o João no palco (que podem ver no desenho) e espaço sombrio, acabou por gostar e se divertir. E valeu a pena. Claro está que a mensagem da obra ficou resumida à frase: quando temos medo, devemos cantar e rir (para espantar o medo).
Quanto a ele, gostou. A necessidade de escolher entre dois caminhos, o do bem (o das flores) e o do mal (o das pedras), tendo o João escolhido o segundo - para não perder a sua cabeça, que foi o que a criatura sem cabeça que podem ver no desenho lhe disse que aconteceria se escolhesse o do bem - foi meio caminho andado para ele ficar siderado.
Além disso, a peça está muito bem construída. É o teatro a acontecer à frente dos nossos olhos, sem nada escondido. Vemos as personagens a trocar de papéis e adereços, vêmo-los a tocar os instrumentos, a mexer nos sacos de plástico para imitar o som da chuva.
Para ele, a peça teve outra frase-síntese: quando vemos uma pedra a andar não nos assustamos, ficamos curiosos.
Quanto à mãe e pai, gostámos. A mensagem da obra não se digere facilmente, apesar das aventuras mirabolantes e non sense do João. Ficamos a pensar que tipo de João nós somos .
Recomendo, mas para os miúdos mais crescidos.
Ana Soares
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