quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Eles, o facebook e a leitura

Diz um estudo promovido pelo projecto EU Kids Online que quase 60 por cento das crianças e jovens portugueses têm um perfil numa rede social e destes 25 por cento têm-no sem restrições de acesso.
Os meus filhos fazem parte dos 40 por cento... Já estão habituados! No outro dia comentava que a maior parte dos meninos da turma do primo, de sete anos, estava no facebook e eles não ficaram surpreendidos. A surpresa é eles (mais velhos) serem os únicos que não estão, diziam com aquele ar conformado de quem está sempre out. Eles entendem as nossas opções e sabem que não estão, de facto, a perder grande coisa.

As amizades devem ser trabalhadas ao vivo e a cores! Com gargalhadas de verdade, em vez de lols! Com partilhas segredadas ao ouvido, em vez de escrita de mensagens! Com toques, empurrões, abraços, beijos, em vez de palavras tecladas no computador ou no telemóvel.

E a leitura? Vem a própósito do recado de uma professora que me explicava por que razão os meninos lêem na sala de aula - para mim, uma perda de tempo, porque devem ler em casa e porque as aulas são para aprender coisas novas.
Lêem na escola, no tempo da aula de Português porque os pais "compraram-lhes consolas a mais" e eles não têm tempo para ler... E não estamos a falar dos pais dos tais 43 por cento dos meninos que recebem apoio social escolar, estamos a falar das elites lisboetas que nas reuniões com os professores pedem que os filhos leiam obras obrigatórias, de preferência na escola, onde não é preciso mandá-los para o quarto ler, porque no quarto está a televisão, a consola e o computador onde estão em contacto com o mundo, onde publicam fotos das férias, com os trajes próprios da praia, sem qualquer supervisão, em perfis que no caso de um quarto dos jovens portugueses são públicos, logo, visíveis pelos amigos, pelos amigos dos amigos e outros...
BW

4 comentários:

  1. Concordo!

    Não venho cá comentar muitas vezes, mas sou leitora assídua - isto do Facebook para os graúdos também acaba por alterar comportamentos mesmo dentro da Internet.... como noutras alturas, partilhei o texto no meu perfil. Desta vezes, resolvi também deixar um comentário. :)

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  2. Obrigada :) e também concordo, conheço adultos que vivem no Facebook e que quando não estão perto da máquina ligam a alguém para lhes fazer as colheitas, dar de comer aos animais ou assim...

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  3. é a loucura total, digo eu!
    Um caso da vida real: Uma colega de trabalho, professora de português, que não acha normal os meus filhos gostarem de livros porque "os miúdos gostam é de jogar e ver filmes"!
    enquanto eu puder eles pertencem aos 40%, sem facebook, sem consolas e sem tv no quarto.
    obrigada :)

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  4. Sem dúvida que educar para a leitura não é da competência exclusiva da escola. Como noutros domínios, é a família que tem essa responsabilidade. Mas a escola tem de se adaptar à realidade. Por isso compreendo a "simples" leitura em aula (em tempos razoáveis, claro está!). Ler na escola, naqueles dez minutos no início da aula em que os miúdos não estão ainda concentrados e andam à procura da caneta e a pensar no que não disseram ao colega no intervalo, pode ser uma estratégia que faça ao professor ganhar tempo e qualidade na aula.

    AS

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