Um livro escreve-se de trás para a frente e da frente para trás, um passo adiante, dois passos à retaguarda. Ou ao contrário. Na escrita e na vida.
Manuel Alegre, O miúdo que pregava pregos numa tábua, p. 109
Na escola da minha filha, para além da biblioteca da sala, com livros da escola, criam-se novas formas de "gerar" livros. Desta vez, fizeram-nos o convite para alargar a biblioteca. Cada menino leva um livro, que depois será devolvido no final do ano, e, entretanto, os mesmos vão circular pelas famílias. Assim, ao fim de semana, cada criança pode levar um livro "emprestado" para casa.
Miguel Esteves Cardoso (MEC) enchia-nos as medidas quando éramos jovens estudantes de jornalismo e, quando crescessemos, queriamos ser como ele (excepto aquela parte da gaguez e dos tiques com a boca).Dias Felizes com Jamie Oliver, Civilização
Foi num sábado que fomos visitar a zona oeste: Alcobaça, Batalha e Aljubarrota. Há muito tempo que não visitava alguns destes locais e, como sempre, foi óptimo reviver visitas de outros tempos. Desta vez a novidade e descoberta do passeio foi o Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota - da Fundação Aljubarrota - que, ao contrário do que o nome indica, não fica em Aljubarrota, mas em São Jorge, ali perto. O centro vale a deslocação das famílias e/ou das escolas. Combina um espectáculo multimedia com imagens, uma exposição da época (que inclui ossos de vítimas da batalha analisados como na série Ossos ou CSI), um parque de engenhos medieval e um espaço exterior com imagens / textos que permitem aos visitantes reconstituir a cena da batalha. Sem dúvida, um sítio a visitar com os miúdos!
Fomos à Casa das Histórias em Cascais. Um espaço magnífico! E foi uma bela experiência. Para além da exposição permanente, um clássico para os conhecedores da obra de Paula Rego, que nunca é de mais rever, está ainda patente no mesmo local uma exposição de Victor Willing, o marido, já falecido, da pintora. O meu filho preferiu o marido à Paula Rego. Os quadros, grandes e enigmáticos, são, como o próprio autor sugeria, um convite à criação de histórias. Talvez tenha sido isso que o fez ganhar a simpatia do meu filho. De caderno em punho, lá escolheu dois que resolveu desenhar. E aqui fica um - Callot: Fuzileiro, 1983.
A mãe, por seu lado, gostou de conhecer a obra desta autor que, juntamente com Paula Rego, trabalhou e pintou em Portugal, de 1957 a 1974, entre o Estoril e a Ericeira. Impressionou-me especialmente a última sala, cheia de retratos/cabeças e o texto sobre o último dos mesmos. Estas telas são francamente mais pequenas. Foram pintadas numa fase avançada da sua doença, esclerose múltipla. Não tendo perdido o desejo de trabalhar, adaptou-se. O último quadro/retrato que pintou é particularmente vivo e colorido. Consciente do seu fim, não quis terminar a sua obra com uma marca de amargura.

Fui ler uma história à sala da minha filha. Ela estava excitadíssima. Eu, que ontem à noite escolhi o livro que queria levar e o reli para me preparar, fiquei nervosa. A história era fantástica (já falei dela aqui), as imagens eram bonitas e até tinha feito com a minha filha dois fantoches com as personagens principais. Estava tudo preparado para um começo de manhã feliz. Chegámos à escola e olhei para aquelas 21 criaturinhas de 4 anos e pensei que queria contar-lhes a história, que se divertissem, mas dali tirassem também algum proveito. Sim, é verdade, nem sempre é preciso tirar proveito das histórias. No entanto, achei que os "convidados" especiais, como as mães, devem impressionar os amigos dos filhos com histórias e aprendizagens. Enfim. Não sei se isto faz muito sentido. Mas assim foi o meu raciocínio.
Ontem, na rua, recebeu um panfleto de publicidade da autarquia de Lisboa, impresso a cores, em papel de boa qualidade, com uma produção fotográfica por detrás. O tema do panfleto é: "Boa educação: Lisboa aposta no futuro" e o conteúdo, segundo o meu filho é mínimo: "Só 27 escolas? Só nove refeitórios renovados? Só seis recreios novos? Quanto custa fazer este papel? Não era melhor investir esse dinheiro em mais um recreio?". Ou em funcionários, com um salário justo, acrescento eu.
Em ano de comemoração do centenário da República, a Caminho editou o livro 5 de Outubro e a Primeira República de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada. Procurei-o na secção infantil. Não encontrei. Lá pedi à senhora que me indicasse onde estava. Estava na secção de História. De facto, esta situação deve-se, na verdade, às características da obra - está escrita num registo que agrada a gregos e troianos, aos adultos e a jovens. Em pequenos capítulos, ilustrados com imagens, biografias, curiosidades e imagens, podemos com este livro viajar pela nossa história e (re)descobrir personagens.