sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Uma semana terrível para as crianças

Esta foi uma semana terrível para, pelo menos, três crianças que perderam as suas vidas.

As duas meninas, de 18 meses e de quatro anos, cuja mãe as levou em braços para o rio, numa tentativa frustrada de suicídio/homicídio, em Caxias. E a menina de cinco anos que estava sozinha em casa e caiu de uma varanda do 21.º andar, em Lisboa
O que se passa com estes pais? Com a mãe que agarra nas meninas provocando a sua morte e com os pais que vão jogar para o casino?
O que faz uma mãe ou um pai sentir-se dono da vida que deram? O que lhes dá direito de a retirar? Os especialistas explicam que se tratam de pessoas deprimidas, que acreditam que estão a proteger os seus filhos, que não há futuro para eles e, por isso, o melhor é morrerem com elas.
O que faz uma mãe ou um pai deixar uma criança pequena sozinha em casa? Lembram-se dos pais da Maddie, três bebés sozinhos num quarto de hotel, enquanto os pais jantavam. Desde quando os nossos interesses são superiores aos deles?

Não têm sido semanas, mas anos difíceis para Liliana e para os seus muitos filhos, que lhe foram retirados em 2011, pela justiça, e distribuídos por lares para adopção. Não era a família ideal, não tinha as condições ideais, as crianças não iam à escola, a higiene não abundava, mas havia amor. Parece que o amor não basta. Quem conhece casas de acolhimento (eu conheço duas) sabe que por muito bem que as crianças estejam – com horas certas para comer, com boa alimentação, com uma cama num quarto quente, com roupas lavadas, com regras, etc – falta-lhes sempre o mais importante, a família, o que os amigos da escola têm e eles não.

E quando eles pedem, pedem muito, nós dizemos que sim e acontece uma desgraça? Foi o aconteceu com o pai da miúda de 13 anos que a permitiu conduzir o carro, trazê-lo das traseiras da casa para a frente. Contudo, a rapariga perdeu o controlo e matou uma vizinha que estendia roupa dentro dos muros da sua casa. Podia ter sido pior, já que o pai, sentado no lugar do pendura, trazia o irmão bebé ao colo. Duas famílias devastadas, destruídas por causa do medo de dizer um "não", de enfrentar uma birra, de resolver uma zanga.

Estas não são dias fáceis para as crianças para quem desejamos o melhor do mundo. Queremos ser pais; não queremos, mas somos e depois? Quem nos ensina a ser pais? Faltam escolas de pais? Sim, mas também falta muito amor, estabilidade e bom senso.

BW

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