quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Viver com medo I

Diz o oftalmologista do meu filho, divertido: "A minha filha não me pode ouvir a resmungar com a mãe, diz-nos logo: Ó pai não discuta! Olhe que os pais da minha amiga M. divorciaram-se e ela diz que a mãe é pobre. Eu não quero ser pobre!", o simpático doutor dá uma forte gargalhada para criticar, de seguida, com ar mais sério: "Tinham tirado a miúda do colégio, diziam-lhe que ia para uma escola melhor e não andavam a dizer à criança que são pobres. Parece que gostam de atormentar as crianças, dizer-lhes que o Pai Natal não existe... Deixem-nas sonhar!"

Ouço tudo com um sorriso nos lábios. É um facto, andamos a atormentar as crianças com a história da crise, da inexistência de futuro para nós, da necessidade de sairem daqui para fora.
"A B. diz que daqui a dez anos estamos todas em NY e quando voltarmos somos milionárias", conta a minha filha, entusiasmada com a ideia, para ser interrompida pelo irmão: "A B. é ignorante! Ela não sabe que os EUA também estão em crise?". Ela fica aflita: "Então, para onde é que vamos?!?". "Para a China, é lá que está tudo a acontecer.",responde ele cheio de certezas.
Apetece dizer-lhes: "Não se preocupem, queridos, vai correr tudo bem! O Pai Natal existe!"
B

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