segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Liberdade de escolha

A liberdade de escolha que mete tanto medo a determinadas facções da nossa sociedade, ciosas de coisas que não existem na cabeça dos pais! Os pais não querem saber dos ensinamentos da República, da escola laica, igual para todos! Estou a exagerar... claro que querem, mas o que preocupa mais os pais é a possibilidade de terem o direito a escolher uma escola segura, com um corpo docente estável, que acompanhe bem os miúdos. Quem é que não quer o melhor para os seus filhos?
Em vez de mentirem e darem a morada de uma loja ou de um restaurante só para ter direito a que os filhos entrem em determinada escola, os pais querem poder dizer a verdade: eu moro ao lado de uma escola péssima e por isso quero que os meus filhos vão para uma escola boa.
E se assim for, pode ser que as leis do mercado se apliquem, que as menos boas consigam dar o salto! Talvez a educação, no seu todo, melhore, com a ressalva que essas escolas mais fracas possam ser bem acompanhadas pelo Ministério da Educação, porque essas precisam de um apoio que as outras, as boas, não necessitam.
BW

9 comentários:

  1. Cara Bárbara, e se todos os pais quiserem colocar os filhos na escola boa? Caberiam lá todos? Certamente que não... Como se faria a selecção, afinal? Por sorteio? Por mérito escolar? Por condição social? E o que aconteceria à "escola má"? Seria abandonada ou demolida? Não podia estar mais em desacordo consigo! O trabalho tem de ser no sentido de melhorar as escolas más e aproximá-las das boas. Investir nelas e não permitindo que se degradem ainda mais. Liberalizar o ensino significaria que, inevitavelmente, o dinheiro público (de todos) seria encaminhado para fora da Escola (para os gestores e "conselheiros" dos grupos privados). Pelo que tenho lido, a Bárbara sabe bem o que se tem passado em certos grupos privados que têm proliferado sobretudo na zona centro do país: despedimento "antecipado" e elevada precariedade entre professores (estáveis só os que pactuam, de forma subserviente, com o poder instalado), manipulação vergonhosa dos pais e dos jovens (envolvendo-os em manifestações pueris em que até as camisolas são pagas!), encenações para jornalista ver, horários-fantasma, alunos repetidos em vários colégios, originando turmas-fantasma, etc. Sempre eram 114 000 euros/turma... Muito dinheiro repartido por vários bolsos, quase nada para quem lá trabalha! E, claro, não há um único professor a dar a cara... porque têm medo - medo de represálias, medo de perderem o emprego, medo que os seus colegas e amigos sofram por terem denunciado a situação! Seria esse medo a generalizar-se se se liberalizasse o ensino. Triste caminho esse... o do medo! Próprio de sociedades medievais, não de sociedades modernas e evoluídas onde a liberdade de expressão, a democracia e a justiça devem presidir aos caminhos do Homem.

    João Pereira

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  2. Caro João Pereira, a resposta está no ultimo parágrafo, as escolas más precisam de ajuda para serem boas! Bw

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  3. Eu defendo que as escolas públicas concorram entre elas e as privadas pela captação de alunos. Ter clientes sem esforço nem mérito, sem se ter em consideração a qualidade do serviço prestado, é meio caminho para o insucesso.

    Tem de se optar por modelo em que alunos pobres não sejam excluídos de escolas privadas apenas por motivos económicos.

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  4. Cara Bárbara, se as escolas más precisam de ajuda não podem recebê-la só do Ministério... Precisam do apoio dos encarregados de educação, do empenho dos professores, da dedicação dos alunos. Em suma, as escolas más necessitam de confiança, não de gente a fugir das dificuldades e a colocar os filhos nas escolas boas só porque não os quer nas escolas más. É um direito e um dever de todos os pais a preocupação com a educação dos seus filhos, mas, se vivemos em sociedade, não podemos fingir que não vemos as coisas que estão mal. É, também, nosso dever pugnar pela melhoria da Educação, da Saúde, da Justiça... Perdoe-me, mas não respondeu às minhas questões iniciais. Como se faz a selecção dos alunos nas escolas boas sem que, com isso, se esteja a minar as ideias democráticas? Terá um rico mais direitos que um pobre? Acredite que não tenho qualquer filiação partidária ou sindical... Na minha opinião, que vale pouco, este governo está a destruir devagarinho os alicerces da escola pública. Nas Caldas da Rainha, que visitou há pouco tempo, a uma escola secundária de referência (sempre nos primeiros lugares dos rankings) foi negada a possibilidade (pelo Ministério) de abertura de mais turmas. Os encarregados de educação preferiram essa escola, mas o Ministério preferiu autorizar a abertura de mais turmas num colégio do grupo GPS. Como resultado, houve professores na primeira escola que ficaram com horário-zero, tendo de ir trabalhar para outros estabelecimentos de ensino. Sendo assim, valeu a pena trabalhar para melhorar os resultados dos alunos e da Escola? Valerá também a pena que os pais queiram colocar os filhos numa excelente escola pública? Mais palavras para quê? Haja dinheiro para os gestores e "consultores" no ensino privado porque, já se viu, o governo nada quer com o ensino público de referência... Estava aqui uma bela reportagem!

    João Pereira

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  5. Concordo com o que diz, o mercado pode funcionar sem 'ajudas' e aí sim, tudo seria perfeito! A reportagem de que fala já a fizemos. Quando andamos a escrever sobre esse grupo e sobre as escolas publicas vizinhas. BW

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  6. Vamos então fazer o jogo da verdade. Os pais que moram ao lado da escola má e não querem meter lá os filhos matriculam-nos na escola boa. A escola boa, entretanto, porque todos os pais querem o melhor para os filhos, recebeu tantas inscrições que não tem espaço físico nem professores suficientes para os receber a todos e continuar a prestar um ensino de qualidade. O que terá inevitavelmente que fazer? Exacto, exercer o mesmo direito de escolha que os pais e os alunos usaram, para seleccionar os que ficam e os que irão estudar para outro lado. E se quisermos jogar o jogo da verdade até ao fim, então teremos que seguir a lógica natural destas coisas: se somos uma boa escola e queremos continuar a sê-lo, vamos escolher os melhores alunos, aqueles que nos permitirão, com menos custos e menores riscos, continuar a ser referenciados como uma escola boa.

    É pena que exista sempre esta mistificação de fundo quando se evocam ideologias liberais: acena-se às pessoas com a liberdade de escolha, mas nunca se assume que os outros também escolhem. E que muitas vezes não somos nós os escolhidos...

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  7. E o que dói não ser escolhido!

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  8. Não podia concordar mais consigo, António Duarte. Infelizmente, o caminho destes neoliberais, embora gasto, está traçado há muito, para mal de quem se preocupa com essas insignificâncias da Educação. É ver a notícia de hoje do Público onde se lê que o corte na Educação já é o triplo do acordado com a Troika...

    João Pereira

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