segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Entrevista de Nuno Crato ao PÚBLICO
"É verdade que a educação é um sector estratégico (...) Quase metade (46.7%) do pessoal da administração central está no Ministério da Educação. É um valor extraordinário. isso significa que as reduções têm de ser, em grande parte, em pessoal e que têm de se reflectir na educação. Não há nenhum menosprezo pela educação."
Cortes nas disciplinas (e nos professores)
"(...) é necessário concentrar nas disciplinas essenciais, que é necessário eliminar a dispersão na oferta curricular, que é necessário reforçar o Português e a Matemática, que é necessário dar dar mais atenção à História, à Geografia, às Ciências e ao Inglês."
"(...) TIC no 9.º ano de escolaridade. Nesta idade, a maioria dos jovens já domina os computadores perfeitamente (...)"
"(...) par pedagógico em Educação Visual e Tecnológica. Percebo que seja bom ter dois professores na sala de aula, mas não estamos em época de o fazer. (...)"
Corte nas actividades extra-curriculares (mais nos professores e monitores)
"(...) temos de ver o que é essencial e o que é acessório. Se é só para manter as crianças nas escolas, para ajudar os pais, enquanto estão a trabalhar, é uma coisa. Mas se é para lhes dar alguma componente educacional, então temos que pensar o que podemos fazer melhor."
Cortes nas obras das escolas (na melhoria de condições para professores e alunos) "(...) neste momento não há nenhuma verba para a Parque Escolar no orçamento de 2012."
Aumento dos contratos com os privados (que seguirão as directrizes do MEC e também hão-de cortar nos professores)
"Gostaríamos muito de ter um alargamento dos contratos de associação e de autonomia. Ao contrário de outras pessoas, não temos nada contra o ensino privado. (...)"
Estes cortes afectam os professores mas sobretudo os alunos. Nem todos os alunos chegam ao 9.º ano com conhecimentos de TIC. Eles sabem manusear um jogo, um telemóvel, uma consola, não sabem usar o software para trabalharem... Quando não houver extra-curriculares muitos pais não terão oportunidade de oferecer inglês ou música aos seus filhos... Ninguém aprende bem em salas de aula velhas e frias...
O desinvestimento na educação pagar-se-á caro. E aí sim, o ministro deverá indignar-se verdadeiramente. Se hoje diz: "Não é admissível um aluno chegar ao 9.º ano, ao fim da escolaridade obrigatória [a menos que a lei mude, a escolaridade obrigatória é de 12 anos, senhor ministro], e ter dificuldade em ler um jornal." O que dirá amanhã, depois de todos estes cortes serem aplicados?
BW
Naturezas mortas, a não perder na F. Gulbenkian
sábado, 29 de outubro de 2011
Os professores, os jornalistas e o medo
Da esquerda para a direita: Margarida Davim do Sol, eu, Andreia Brito da Antena 1 e Alexandra Inácio do JN.
Paulo Guinote que coordenou estas conversas, Pedro Sousa Tavares do DN, Margarida e eu, outra vez - fotos cortesia Paulo Guinote, estão também publicadas no seu blogue.
Partimos de um estudo com quatro anos de Pedro Abrantes, do ISCTE, onde se conclui que a maior parte das notícias que escrevemos, na área da Educação, as fontes são as governamentais e as sindicais, e que falamos pouco com os principais actores, os professores e os alunos.
Qualquer um de nós confirmou e a maioria referiu que faz sobretudo política educativa. A excepção fui eu que, ao contrário da Alexandra ou da Andreia não sei os índices remuneratórios dos professores, assim como não sei em quantas remodelações ao modelo de avaliação já vamos. A Margarida sublinhou a importância de se fazer política de educação - é esta que vai influenciar a vida das escolas. O Pedro referiu que a educação faz-nos vender mais jornais, por vezes, mais do que a política. A Alexandra apontou que há uns anos a educação era tratada em pequenas notícias e que nos últimos anos foi-lhe dada uma importância maior, precisamente porque vende.
Falámos ainda dos rankings - o Pedro concorda com a sua existência, a Alexandra detesta-os, a maioria discorda com o modo como são feitos, o reduzirmos a qualidade de uma escola aos resultados dos exames nacionais.
E porque é que não vamos mais às escolas?, insiste a audiência reunida na Buchholz.
Porque não é fácil, porque as escolas se fecham, porque os professores têm medo de falar.
Porque é que ouvimos sempre as mesmas pessoas?
Porque são aquelas que estão "resguardadas" porque fazem parte de um sindicato, de uma associação, etc, os professores "anónimos" têm medo de falar.
Quais são as principais dificuldades em entrar na escola?
É preciso pedir autorizações à DRE ou ao MEC, que nem sempre nos são dadas ou não são dadas a tempo.
Os jornalistas são instrumentalizados?
Queremos acreditar que não! Se fizermos o nosso trabalho - ouvir, fazer o contraditório, investigar, perguntar, etc - não seremos instrumentalizados.
No final da noite, saímos muito depois das 21h da Buccholz, reflectia sobre o encontro e vou escrever algumas coisas que disse, outras não disse que sou muito trapalhona ao vivo...
Quando comecei a escrever sobre educação vivia-se uma "primavera grilista". Eu não soube o que era um ministério e as escolas todas fechadas em copas, todos proibidos de falar, como as colegas que já escreviam sobre o tema antes de mim.
Quando comecei a trabalhar era ministro Marçal Grilo e os secretários de Estado eram Ana Benavente e Oliveira Martins. Os serviços do ministério estavam-me praticamente escancarados. Eu queria escrever sobre pré-escolar, faça o favor de falar com a directora do DEB (uma especialista na área)! Porque é que não fala com x ou com y? Essa abertura permitiu-me construir uma agenda, ter acesso a fontes, a especialistas, a investigadores, que muitos dos meus colegas de trabalho têm, hoje, mais dificuldade em conseguir. Porquê? Porque depois da "era Guterres" os serviços voltaram a fechar-se, a pouco e pouco; os assessores de imprensa deixaram de dar acesso às pessoas para serem eles a voz oficial. É mais pobre falar com um assessor que faz a triagem do que lhe é dito pelos serviços, que não respondem ao que perguntamos.
Não é fácil aos jornalistas "entrar" na educação. Não são só os índices remuneratórios, é toda a linguagem das escolas que nós aprendemos e que os outros jornalistas desconhecem: das siglas (CEF, NEE, DT, TIC - estas são as mais básicas...) aos palavrões da pedagogia.
E quando tentamos sair da 5 de Outubro ou da 24 de Julho, esbarramos com escolas fechadas, com directores que dizem que não têm autorização para falar, que são rudes ao telefone, que se escondem atrás de legislação; de professores que têm medo dos directores...
E vai ser pior, afiançam os docentes sentados na plateia.
Vai ser pior...
Pode ser que sim. Cabe-nos a nós, jornalistas, lutar contra isso, continuar a insistir com as escolas, com os professores. Cabe aos professores ter coragem e lembrarem-se que vivemos em democracia.
BW
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
Conferência Os media e a educação
Informações:
1. Isabel Leiria não vai por motivos pessoais.
2. O conselho é que se coma qualquer coisinha antes, que podemos ficar à conversa até mais tarde (tem sido essa a experiência do coordenador destas conferências)...
3. Ficamos à espera de muitas perguntas, que somos muitos para responder!
BW
Escolher a escola pública a partir do próximo ano
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
Quantas palavras começadas por "D" consegue dizer de seguida?
Foi nesta reportagem televisiva que descobri Nygel Filho, autor brasileiro. Já escreveu um romance no qual todas as palavras começam por A. Está agora a trabalhar numa história em que a letra eleita é o P. Incrível! Espreite aqui para conhecer A Abelha Assassina.
Ana Soares
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
Os livros que devoraram o meu pai
Ana Soares