sábado, 23 de julho de 2011

As cinco 1

Durante três dias foram cinco adolescentes em vez de uma, todas entre os 12/13 anos. Foram três dias de conversas que não terminavam. Elas, tal como muitos adultos, têm medo do silêncio e, por isso, as suas conversas percorrem um largo espectro, vão do tema rapazes, paixões, etc até às séries, desenhos animados e cantar genéricos dos mesmos. São adolescentes!
Como são tudo miúdas relativamente bem educadas, o facto de me ignorarem valentemente deixou-me meio atordoada... Eu tentava meter-me na conversa e elas nem ouviam, eu perguntava qualquer coisa e não respondiam, eu pedia e elas ignoravam... Que raça! Então não estão em minha casa? Não sou eu o único adulto? Eu, com a idade delas não fazia isto... Cantava genéricos de desenhos animados e falava de rapazes mas, aí de mim, se imaginasse sequer ignorar a voz de um adulto! Serei eu que não tenho um ar suficientemente convincente? Serei invisível?
Sim, aos olhos delas eu sou completamente transparente, como são os seus pais com quem falavam quando eu dizia, com voz de poucos amigos: " toca a ligar para casa!"
Falavam com aquele ar de frete. Sim... Está tudo bem... Fomos à praia... O que é que achas? Aí, mãe, já sei isso tudo...
Filhos meus, quando estão fora, não falam assim comigo ao telefone. Falam! Porque se não o fizerem sabem que correm o risco de uma ou duas horas depois (conforme o tempo de caminho) eu estar lá à porta, a recolhê- los. Por isso, houve momentos em que apeteceu-me dar-lhes uns abanões: "Ei! Eu estou aqui! Estão a ver?! Eu, a adulta que vos alimenta, suas ingratas!" Mas depois, respirava fundo e pensava: "São três dias, três, o que é isso na tua vida? nada!"
BW
PS: Também as imaginei na escola com aquela atitude e não é bonito de se imaginar...

4 comentários:

  1. Perplexidade análoga:

    Um dia destes, ao sair do prédio em que resido, verifiquei que estavam três meninas dessas idades (uma delas residente) do lado de fora, à espera que alguém lhes abrisse a porta, pelo vídeo-porteiro.
    Como eu ia a sair, quem abriu a porta fui eu.
    E não é que fui, literalmente, abalroada pelas meninas, que me ignoraram mais do que se eu fosse a porteira de serviço?!
    Como tenho uma estatura grande e ainda estava com a mão na porta que tinha acabado de puxar, impedi a entrada das meninas e disse-lhes se não achavam correcto que, primeiro, deixassem sair a pessoa mais velha, adulta e que, por sinal, até lhes estava a fazer um favor, para depois então entrarem?
    Responderam com aqueles risinhos histéricos, tipo versão humana do cacarejar, e nada disseram. Nada de nada!
    Segui o meu caminho a pensar: "Quem me manda a mim querer educar os filhos dos outros que crescem como a erva?!"

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  2. Acho que nao o fazem por ma educação, mas porque "estão noutra"! Um dia hão-de voltar a elas!

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  3. Oxalá!
    Se não, quando eu for mesmo velhota, antes quero ser tratada como cadelinha de estimação do que como concidadã ou transeunte. :-)

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