quinta-feira, 21 de julho de 2011

O grito de guerra da mãe tigre

Já aqui falei deste livro, quando estava nos tops norte-americanos. Agora foi traduzido e editado pela Lua de Papel, uma editora do grupo Leya, muito virada para os livros de auto-ajuda e de reflexão. Li e gostei.
Eu compreendo perfeitamente Amy Chua, a mãe perfeccionista que quer que as filhas sejam as melhores do mundo. E por isso as obriga a treinar piano e violino até à exaustão (seis a oito horas diárias) e, nem quando fazem o melhor, ela fica satisfeita. Eu não sou bem assim, não sou nada assim, mas quando acho que eles conseguem fazer melhor sou incapaz de lhes dar os parabéns pelo pouco (eu acho)que fizeram. Às vezes, o pai fica desconcertado, como é que não fui capaz de dar uma palavra de alento? De onde me vem essa frieza? Porque eu sei que conseguem mais!
Essa minha reacção motiva-os a fazer melhor? Nem sempre. Às vezes ouço: "A mãe nunca está satisfeita" e penso que sou uma besta... Mas depois, digo o que podem fazer melhor e eles ouvem.
No livro, Amy Chua, uma bem sucedida professora universitária, define os "pais chineses" e os "pais ocidentais", esclarecendo que um ocidental pode ser um "pai chinês" e vice versa, ou seja, não tem tudo a ver com a etnia, mas com o modo de ver a vida e a educação dos filhos. E passa a explicar:
"(...) os pais chineses podem fazer coisas que pareceriam inimagináveis - até mesmo puníveis por lei - aos ocidentais. As mães chinesas podem dizer às filhas: "Ei gorda... tens de perder peso". Em contraste, os pais ocidentais têm de abordar o assunto com luvas de pelica (...)
Os pais chineses podem ordenar aos filhos que tenham notas máximas a tudo. Os pais ocidentais podem apenas pedir aos filhos que tentem fazer o seu melhor. (...) Os pais chineses exigem notas perfeitas porque acreditam que os filhos as conseguem alcançar. Se o filho não as conseguir, os pais chineses partem do princípio de que isso se deve ao facto de a criança não se ter esforçado o suficiente. É por isso que a solução para um desempenho abaixo do esperado é sempre ralhar, castigar e envergonhar a criança. Os pais chineses acreditam que os filhos são suficientemente fortes para aguentar a humilhação e melhorar com ela. (...)
Os pais chineses acreditam que os filhos lhes devem tudo. (...) Os pais chineses acreditam que sabem o que é melhor para os filhos e, portanto, ignoram todos os desejos e preferências dos filhos. (...)"
Claro que não é nada tão líquido e a mãe chinesa que tentou educar as filhas com base nestes pressupostos nem sempre teve sucesso e mudou algumas destas suas afirmações (feitas logo no início do livro). Pois, os filhos têm personalidades e vontade própria e nem sempre a "educação chinesa" funciona.
O segredo não está na "educação chinesa"!
BW

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