domingo, 3 de julho de 2011

Os novos programas de Português

Perguntava um(a) leitor(a) o que penso sobre os Novos Programas. Manifestava a sua preocupação pelo facto de pressentir que o mesmo pode não ir ao encontro da realidade dos seus alunos, dos piores do país em termos de resultados, abandono escolar, etc, dizia.
Numa primeira leitura, também eu estava algo céptica em relação aos novos programas. Depois de os conhecer melhor e de os trabalhar, concluí que os mesmos apresentam, efectivamente, inúmeras potencialidades.
O facto de aumentar o leque de tipos de texto que a aula de língua materna passa a "oferecer" aos alunos é disso um exemplo. Não retirando o protagonismo que o texto literário merece, pelas inúmeras potencialidades que sempre lhe foram reconhecidas no âmbito do desenvolvimento de competências linguísticas, o que é um facto é que a escola também deve potenciar competências de leitura e interpretação de outros tipos de texto. E este programa propõe isso mesmo. E isso é importante para todos os "tipos de alunos". Sobretudo para os alunos em risco de abandono e de insucesso.
Por outro lado, no domínio do CEL (conhecimento explícito da língua), reconheço que muitos conteúdos são quase "antecipados". Se essa introdução for feita com bom senso, respeitando o programa, reconhecendo que o mais importante é a apreeensão dos conceitos, o saber fazer, creio que também aqui o novo programa poderá ser uma mais valia para a aprendizagem da língua materna. Seguindo este raciocínio, ouvi um dos autores dos novos programas defender o mesmo tipo de ideias para a Leitura, conforme eu própria também defendi aqui.
No entanto, tenho de reconhecer que temo que os novos programas e a sua filosofia, enquadrados na actual componente lectiva e respectiva carga horária, não sejam plenamente exequíveis, como também já aqui discutimos. Imagino que nas escolas se desvalorizem as actividades do domínio do oral. As mesmas tomam muito tempo das aulas, pela dinâmica a que obrigam, e, por outro lado, são as menos valorizadas pela avaliação externa. São, portanto, as que mais facilmente se podem deixar cair... Não defendo isto, claro. Mas acredito que venha a ser uma possibilidade nas escolas.

Ana Soares

1 comentário:

  1. Os programas são assim tão diferentes daquilo que já era preconizado em 1991? Foi-lhes dada uma nova roupagem e ei-los prontos a encantar... O mais difícil vai ser pô-los em prática com os mesmos tempos lectivos destinado a esta disciplina. Quem conseguirá fazer mais e melhor com o mesmo tempo? A ver vamos...

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