... como se pode ver pela notícia do DN . E não é por falta de investigação ou de insistência dos jornalistas, é por falta de respostas.
Entretanto, o PSD começa a preparar-se para a governação, a medo, mas lá vai... Joaquim Azevedo, ex-secretário de Estado da Educação diz que o "Ministério da Educação pode ser implodido sem nenhum problema", que é como quem diz que a máquina burocrática da 5 de Outubro, da 24 de Julho e das DREs pode ser desmantelada.
E dizer ainda que o debate de ontem à noite do Prós e Contras foi confrangedor para todos: para a ministra (que esteve pouco à-vontade), para Pedro Duarte (que já estava a defender o cheque ensino, o PSD quer abrir essa porta?), para Nuno Crato (que de Educação só sabe falar da necessidade das provas de aferição e dos exames serem mais exigentes), para o professor do ano (que parecia que ia chorar a qualquer momento, mas que disse coisas interessantes sobre o que se passa realmente nas escolas), para os representantes dos colégios com contratos de associação (que não conseguiram fazer passar a mensagem - essa foi a parte em que Isabel Alçada esteve mais segura); e para Fátima Campos Ferreira que não sabe do que é que está a falar, mas fala com todas as certezas deste mundo.
Os homens da noite foram: O pai António ("Fátima, chame-me António que eu gosto mais", foi o máximo!, respondeu quando a apresentadora se enganou e chamou-lhe Afonso) trazia os números de quanto custa um aluno na escola pública, chamou mentirosa à minista e ainda promoveu Mário Nogueira a "secretário de Estado da Fenprof" - foi o momento da noite. Mário Nogueira esteve bem e era o único que realmente sabia do que é que se estava a falar.
BW
Bárbara
ResponderEliminarNão vi o programa porque me recuso a ver aquilo com aquela moderadora. Pelo que contaram, o seu retrato está fiel. Que tristeza! Se não sabem nem estão seguros porque razão aceitam ir à TV?
Eu nunca quis ir nem nunca irei por duas razões: não sou grande coisa a falar e pouco se pode dizer na TV.
Logo de manhã, tive uma pequena entrevista com a ministra sobre o ensino profissional (ver a edição de hoje do PÚBLICO) e quando Isabel Alçada me disse que ia ao Prós e Contras, respondi-lhe: "Se fosse ministra, recusava-me a ir a esse programa!" e dei uma gargalhada. Compreendo a sua recusa, mas se calhar fazem falta pessoas que realmente sabem do assunto. Infelizmente as pessoas só são conhecidas se aparecerem na televisão... BW
ResponderEliminarCara Bárbara, quanto ao GPS, só há um caminho: ou as pessoas directamente envolvidas ganham coragem e denunciam o que verdadeiramente se passa ou as coisas continuarão na mesma. Com certeza que já ouviu testemunhos na primeira pessoa: histórias de espantar sobre o que fazem aos docentes que têm o azar de ir para lá trabalhar (a isso obriga o desemprego...). Grandes show-offs para demonstrarem a superioridade dos seus métodos e tudo se resumae à exploração indigna de quem tem um pequeno poder conferido por um poder maior.
ResponderEliminarÉ absolutamente lamentável que coisas como estas (e "estas" quer dizer "tantas"...) possam acontecer num país democrático e livre. São os ditadores quem governa pelo medo... é isso que as pessoas sentem: estão completamente manietadas pelo medo. Famílias inteiras dominadas pelo medo.
E todos os contribuintes andam a alimentar esta história GPS.
Péssimo para todos nós, quem se preocupa com o futuro mesmo defendendo ideais diferentes, incluindo as instituições semelhantes que funcionam dentro da legalidade e trabalham com mérito.
Não vi o programa, mas não me custa acreditar na sua descrição, excepto no que ao Nuno Crato diz respeito. Não é que ele só saiba falar da necessidade de exigência. Ele insiste nessa tecla porque de facto a falta de exigência talvez seja o maior problema da educação em Portugal.
ResponderEliminarFalta de exigência nos exames que existem, mas também no facto de existirem poucos exames e em várias outras coisas: como a concepção dos programas e dos manuais e nas normas da assiduidade (o novo estatuto do aluno aliviou um pouco o trabalho "burocrático" dos professores, mas não permite responsabilizar realmente os alunos pelo absentismo).
O Ensino Profissional, por exemplo, caracteriza-se pela falta de exigência e não pelo carácter profissionalizante.
Carlos: Tem toda a razão. Exagerei quando disse "só sabe". Sei que Nuno Crato sabe mais de educação do que exames e provas de aferição, mas esse é de facto o tema que tende a evidenciar quando é ouvido sobre educação e há mais do que avaliação dos alunos e Nuno Crato tem capacidade de alargar o seu discurso a outros temas. É um homem inteligente e preocupado com o estado da educação.
ResponderEliminarCara Bárbara,
ResponderEliminarO próprio painél do programa era tudo menos esclarecedor. Não percebi, sinceramente, o que estava lá a fazer a srª filha do Dr. Mário Soares(apêndice??)!
Por outro lado, se grande parte do programa era sobre os colégios com contrato de associação porque razão não estava lá o representante do movimento SOS Educação (lá, entenda-se painél)e os representantes da AEEP e da Apepcca!!
A apresentadora...confrangedor!!! Como é possível estar em tão mau plano! Não teve tempo para se preparar ou aquilo é só (!) incompetência e arrogância??? O Amigo Albino é o amigo Albino! Perdeu-se, achou-se e acabou por dizer algumas coisas acertadas!
O Mário Nogueira precisa de ir dar aulas! Deixa passar em claro coisas inenarráveis: a afirmação da ministra ao dizer que ia acabar com os pares pedagógicos em EVT e ninguém ia ser despedido é fantástica! Entre outrasdo mesmo calibre!
Enfim, gostaria de saber se andamos a brincar ou a discutir modelos de Educação e a avaliá-los!
paulo Duro
Nuno Crato: o candidato a ministro
ResponderEliminarVimos ontem no Prós e Contras o sempre igual a si mesmo Nuno Crato, já candidato a ministro pelo PSD.
Foi bom ele ter aparecido, para tornar bem claras as linhas com que nos vamos coser com o seu ministério. Vejamos bem o que o senhor tem para propor:
1. Exames. Quer exames a todas as disciplinas do 1.º ao 12.º ano. Os exames devem ser muito difíceis e mal feitos. Indicadores básico de avaliação como questões que determinem níveis mínimos e máximos de desempenho devem estar de fora, para se entrar na nebulosa em que não se sabe muito bem para que se está a olhar.
2. Exames outra vez: Deixou bem claro que nós, professores, não sabemos ensinar nem avaliar (a não ser que sejamos docentes do privado, que defendeu com unhas e dentes). Disse com todas as letras que os professores não sabem construir instrumentos de avaliação. Os únicos exames bem feitos serão aqueles em que toda a gente chumbar.
3. Exames de novo: Mostrou que não entende a diferença entre aferir e avaliar. Promete, portanto, fazer uma avaliação do sistema de ensino (e não uma aferição) com base em exames difíceis e que não tenham em conta as realidades locais das escolas. Assim, ganhará cada vez mais peso o valor dos rankings com toda a palhaçada que lhes está agarrada, como os negócios de explicações que por aí andam.
4. Ministério da Educação: Revelou ser um futuro-ministro bastante misterioso. Não conhece o Ministério e fala de números e políticas que já não estão em vigor há mais de dez anos. Discurso fácil de mais um político fácil. Mais do mesmo. Virá, introduzirá umas coisas completamente novas e lá estará o sistema a começar do zero outra vez.
5. Autonomia: Mostrou que não sabe que as escolas já têm autonomia, defendendo o que já existe como se fosse novidade e, paradoxalmente, argumentando a favor de um sistema altamente centralizado em que o fim último da educação é o exame.
6. Privado: Disse que o privado é que é bom, que o privado é que tem professores bons e que o privado é que tem de ser defendido através do famoso cheque-ensino. Nunca explicou como é que se faz a selecção dos alunos (deve ser pela nota nos exames), nem explicitou por que motivo a priori o privado é sempre melhor.
Enfim, deprimente e aborrecido. Vácuo de ideias. Cheio de si e do seu catedratismo. Mais um que despreza os zecos e acha que não sabemos ensinar nem avaliar. Promotor de um discurso fácil e facilitista ao nível do da porteira do prédio da minha sogra, que diz sempre que os moços agora não aprendem nada e que deviam era ter exames à séria como ela tinha (a senhora que não passou da 4.ª classe).
Deprimente mesmo é não vermos rumo nenhum. Entre uma tonta tia e um tonto pretensioso, o debate sobre educação é, como vimos ontem, um terreno muito árido.
Então mas ninguém reparou no momento mais importante do programa? No meio das acusações de preconceitos ideológicos, foi a Dra. Isabel Soares que propôs o cheque-ensino. Tive de rever a gravação para ter a certeza. Aconteceu tinham passado para aí uns dois terços do programa. O deputado do PSD nem queria acreditar.
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