quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Concurso de professores: a confusão cíclica

Ontem foi um dia difícil para milhares de candidatos ao concurso de professores. Dos 50 mil cerca de 18 mil foram colocados, sabe-se lá onde, muitos foram desterrados para longe de casa e terão de resolver as suas vidas pessoais em dois dias, para se apresentar nas escolas atribuídas.
Mas dos cerca de 18 mil, houve 10 mil que foram reconduzidos com horários completos nas escolas onde já o ano passado leccionaram, o que significa que não são "necessidades transitórias" que esses estabelecimentos de ensino têm, mas permanentes. É por essa razão que os sindicatos pedem que sejam abertos concursos para quadros de escola e lembram que, nos últimos quatro anos, cerca de 15 mil professores se aposentaram.
O sistema precisa mesmo de mais professores, profissionais que estejam nos quadros? Este concurso vem dizer-nos que sim. E se a ele somarmos o alargamento da escolaridade obrigatória, então, de facto, a resposta é positiva.
O problema é orçamental. É muito mais barato para o sistema ter pessoas que praticamente pagam para trabalhar do que ter quadros estáveis a progredir na carreira e a engrossar as despesas do ministério.
Deste modo, continua-se a sacrificar a educação porque um professor contratado, por muitos anos de tarimba que tenha, por muito quilómetro que esteja habituado a percorrer, precisa sempre de um tempo para se adaptar à nova escola - as escolas são públicas mas não são todas iguais! -, ao funcionamento, ao saber onde ficam os lugares das coisas, a ganhar confiança, a fazer parte da casa, aos alunos e isso demora, com eventuais prejuízos para os estudantes.
BW

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