terça-feira, 11 de agosto de 2009

Não é fácil ter 24 anos

"Não é fácil ter 24 anos", dizia uma familiar, com licenciatura e mestrado concluidos, na encruzilhada entre o continuar a estudar ou fazer trabalhos menos qualificados para a formação que os pais e o Estado pagaram. Com formação numa área científica, teve sempre excelentes notas, fez Erasmus e estágios em Portugal e no estrangeiro. E se o Governo publicita a importância da ciência no desenvolvimento do país, na prática, pessoas como ela estão à espera que algo de bom aconteça. Entretanto, continuam a responder e a enviar CV para todo o lado, enquanto fazem trabalhos para os quais não precisavam de tantas qualificações.
"Não é fácil ter 24 anos" e os ministros e reitores das universidades continuam a insistir na importância de ter formação superior e atiram com as estatísticas: um desempregado com licenciatura está menos tempo no desemprego do que um sem qualificações. Há tempos, lia um texto de Pedro Adão e Silva que dizia que não é mau ter licenciados em Direito a conduzir táxis. Por mim, prefiro continuar a ser conduzida pelo senhor Alberto, com a quarta classe "bem feita porque no tempo do Salazar é que era bom" e que ainda não se habituou ao GPS e a "essas modernices", do que por um aspirante a jurista, revoltado com a sua sorte.
"Não é fácil ter 24 anos". Sim, não é só em Portugal, mas no resto da Europa também. Senão, como explicar que a União Europeia tenha definido como idade limite os 30 anos para o acesso a iniciativas públicas destinadas aos jovens? Aí está a primeira medida do Governo português: alargar os benefícios do Cartão Jovem dos 25 para os 30 anos. E assim vamos torneando o problema do emprego. Ler aqui.
BW

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