Sexta-feira à noite, em Odemira, um auditório enorme para o número de pessoas que está interessado em A minha sala de aula é uma trincheira.
– O que pensa da Educação em Portugal?, pergunta um professor, no final da apresentação sobre o livro e sobre como as novas tecnologias podem ajudar ao sucesso educativo dos alunos.
– Sabe que os jornalistas devem manter a sua imparcialidade e se me ponho aqui a dizer o que penso, quando lerem uma notícia escrita por mim vão pensar que a fiz com base naquilo que penso... mas digo-lhe que em 15 anos de trabalho já passaram por mim sete ministros e acho que isso diz tudo sobre o que penso... É impossível trabalhar bem quando o nosso chefe está a mudar constantemente, ainda não nos adaptámos e já mudou. Faz falta uma coordenação entre os principais partidos, entre o PS e o PSD (que são eles que se alternam no poder) sobre o que querem para a educação e não andar a mudar tudo de cada vez que muda um ministro. Sem avaliar o que foi feito, sem saber se é, de facto, preciso mudar... – respondo.
– É verdade, desde que comecei a dar aulas que nunca, no secundário, o desenho curricular durou mais de três anos. As disciplinas estão sempre a mudar, agora temos umas, amanhã já temos outras – confirma uma professora, sublinhando o que eu acabara de dizer, mas com a prática da escola, dos docentes que andam a estudar nova legislação para poder aplicá-la; com professores submersos em burocracias, em vez de se dedicarem àquilo que deverão saber fazer melhor, que é ensinar.
E aí está mais um novo desenho curricular! Quanto tempo vai durar? Talvez uma legislatura.
Entretanto, os nossos filhos, tal como nós, são ratinhos de laboratório em experiências cuja única utilidade é encher os egos dos governantes. Nada mais.
B
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