“Antes dos homens não havia palavras. Foram os homens que as inventaram. E não as inventaram todas ao mesmo tempo. É devagar que tem vindo a acontecer.
A palavra “amor” por exemplo como é que terá aparecido?Terá sido uma mãe para adormecer o filho? Ou foi um namorado que queria oferecer à amada a pele de um grande bicho que matara?
E a palavra “sol” quem a terá dito pela primeira vez? Se calhar foi um menino que veio a correr cá fora apanhar um raio de luz e o levou para um quarto escuro.
E as palavras que ainda estão por inventar? Quem as dirá? O que é que nos ensinarão a dizer? Uma coisa é certa, de cada vez que uma palavra nasce a vida torna-se melhor, porque melhor nos entendemos.
Uma história bonita é a da palavra “saudade”. Principalmente porque de mãos dadas com ela apareceu logo outra a seguir, outra que a aquece.
Diz-se que foi assim. São muito antigas as praias. Mais velhas que os homens. Mas sempre foram abertas, azuis, cheias de espaço e luz. E sempre os homens e os seus filhos gostaram de passar nelas todo o tempo que podiam. Até as chuvas e os ventos os empurrarem de volta às suas terras."
Graça Vilhena, Do lado de cá das fadas
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