sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Confirmado Novo Acordo Ortográfico para 2011/2012

Foi ontem oficialmente decidida em Conselho de Ministros a adopção do Novo Acordo Ortográfico nas escolas no ano lectivo 2011/2012. Além disso, é já em Janeiro próximo que as novas regras ortográficas serão também aplicadas a toda a actividade do Governo e seus organismos, entidades e serviços que dele dependem.

Para facilitar, a todos, esta transição, estão disponíveis duas importantes ferramentas oficiais de que já aqui falámos: o conversor Lynce e o VOP (Vocabulário Ortográfico Português). Neste último, agora escolhido como lista oficial, basta introduzir no canto supeior direito a palavra sobre a qual temos dúvidas e o mesmo mostrar-nos-á a forma adequada assim como a possibilidade de dupla grafia, se esta hipótese se colocar.
Introduzi, por exemplo FACTO. e o resultado foi o seguinte:

fac·to
nome masculino
Singular

facto


Plural
factos

variante AO :
fato (Brasil)

Não escolhi este exemplo inocentemente. Este tem sido aquele que mais vezes tenho ouvido (erradamente) ser apresentado como uma das mudanças que o Novo acordo traz.

Recordo: só caem as consoantes que não se pronunciam.

Nós, em Portugal, pronunciamos faCto, pelo que o C não cai na variedade europeia. Os nossos irmãos além atlântico não o pronunciam, pelo que a palavra assume uma dupla grafia e no Brasil se escreve FATO. E como uma colega minha, brasileira, dizia com muita graça, eles têm o terno, não precisam do fato como nós!

Ana Soares

3 comentários:

  1. O que dizer de acto (acção) e ato (atar)?
    Já eram palavras homófonas. Com o acordo vão passar a ser também homógrafas.
    Palavras homófonas e homógrafas complicam a língua porque apenas podem ser compreendidas segundo um contexto.

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  2. como são raras as vezes que se dizem palavras fora do contexto, quando queremos comunicar com alguém, pode ser que até se estimulem as capacidades concentração! ;)

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  3. Acho absolutamente inexplicável e aterrador que portugueses cultos ou pelo menos instruídos falem da aplicação do Acordo Ortográfico como um facto consumado e benéfico, sem em nada contribuir para uma análise séria e responsável do que ele é, do que significa, das consequências que arrastará consigo! Sem darem a palavra aos opositores conceituados que contra ele se têm pronunciado. Como se a nossa língua, português de Portugal - os outros são livres de fazer com ela o que quiserem - pudesse ser manipulada por uns quantos que se consideram os seus donos e pugnam por objectivos que põem em causa a própria integridade da língua! E o silêncio ensurdecedor dos "media", estão a ouvi-lo?! Então este assunto não deveria ser prioritário na imprensa? A língua da nação mais antiga da Europa é assim coisa em que se possa mexer sem que os cidadãos tenham uma palavra a dizer? Mas que povo somos nós afinal?
    Dediquei a minha vida profissional a ensinar Português e a comunicar aos meus alunos o respeito e o amor pela nossa língua e por aqueles que através dos tempos tanto a engrandeceram e glorificaram. Não sou nacionalista, mas um pouco de patriotismo precisa-se!

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