Foi ontem oficialmente decidida em Conselho de Ministros a adopção do Novo Acordo Ortográfico nas escolas no ano lectivo 2011/2012. Além disso, é já em Janeiro próximo que as novas regras ortográficas serão também aplicadas a toda a actividade do Governo e seus organismos, entidades e serviços que dele dependem.
Para facilitar, a todos, esta transição, estão disponíveis duas importantes ferramentas oficiais de que já aqui falámos: o conversor Lynce e o VOP (Vocabulário Ortográfico Português). Neste último, agora escolhido como lista oficial, basta introduzir no canto supeior direito a palavra sobre a qual temos dúvidas e o mesmo mostrar-nos-á a forma adequada assim como a possibilidade de dupla grafia, se esta hipótese se colocar.
Introduzi, por exemplo FACTO. e o resultado foi o seguinte:
facto
Plural
factos
variante AO :
Não escolhi este exemplo inocentemente. Este tem sido aquele que mais vezes tenho ouvido (erradamente) ser apresentado como uma das mudanças que o Novo acordo traz.
Recordo: só caem as consoantes que não se pronunciam.
Nós, em Portugal, pronunciamos faCto, pelo que o C não cai na variedade europeia. Os nossos irmãos além atlântico não o pronunciam, pelo que a palavra assume uma dupla grafia e no Brasil se escreve FATO. E como uma colega minha, brasileira, dizia com muita graça, eles têm o terno, não precisam do fato como nós!
Ana Soares
O que dizer de acto (acção) e ato (atar)?
ResponderEliminarJá eram palavras homófonas. Com o acordo vão passar a ser também homógrafas.
Palavras homófonas e homógrafas complicam a língua porque apenas podem ser compreendidas segundo um contexto.
como são raras as vezes que se dizem palavras fora do contexto, quando queremos comunicar com alguém, pode ser que até se estimulem as capacidades concentração! ;)
ResponderEliminarAcho absolutamente inexplicável e aterrador que portugueses cultos ou pelo menos instruídos falem da aplicação do Acordo Ortográfico como um facto consumado e benéfico, sem em nada contribuir para uma análise séria e responsável do que ele é, do que significa, das consequências que arrastará consigo! Sem darem a palavra aos opositores conceituados que contra ele se têm pronunciado. Como se a nossa língua, português de Portugal - os outros são livres de fazer com ela o que quiserem - pudesse ser manipulada por uns quantos que se consideram os seus donos e pugnam por objectivos que põem em causa a própria integridade da língua! E o silêncio ensurdecedor dos "media", estão a ouvi-lo?! Então este assunto não deveria ser prioritário na imprensa? A língua da nação mais antiga da Europa é assim coisa em que se possa mexer sem que os cidadãos tenham uma palavra a dizer? Mas que povo somos nós afinal?
ResponderEliminarDediquei a minha vida profissional a ensinar Português e a comunicar aos meus alunos o respeito e o amor pela nossa língua e por aqueles que através dos tempos tanto a engrandeceram e glorificaram. Não sou nacionalista, mas um pouco de patriotismo precisa-se!