sexta-feira, 19 de abril de 2013

Olimpvs.net em Odemira - à descoberta de jovens escritores!

Os alunos da EB 2, 3 Damião de Odemira das turmas do 5.º e 6.º anos estão atentos ao que se diz sobre a colecção Olimpvs.net. Devoram todas as palavras e há um ou outro, mesmo os lá do fundo da sala da biblioteca que sabem quem é o Minotauro, Zeus, Atena, etc.

São uns heróis, entraram na sala às 10h30 e às 11h00 a sessão ainda não tinha começado por motivos técnicos (o computador não ligava ao projector) e eles estavam calmos, curiosos, embora faladores. Depois, fizeram poucas perguntas, estavam cansados de estar tanto tempo às escuras, mas as que fizeram foram engraçadas: “O que é que aconteceu à Mel, ela vai ficar bem?” (sobre o volume 3).

No final, a autora ia sendo abalroada com tantos autógrafos que tinha para dar! Caderninho atrás de caderninho, os nomes iam-se repetindo uns atrás dos outros: Francisco, João, Joana, Beatriz… Até que aparece uma menina que me diz: “Aposto que você não sabe escrever o meu nome!... Cheyenne…”.

Toca para o intervalo e alguns, que não vão ter aulas, regressam à biblioteca. “Como é que é a morada do facebook?”, pergunta-me um rapaz sorridente. Respondo. “O meu nome é Ângelo Karate-do Shotokan”, “Desculpa? És Ângelo…” “Karate-do Shotokan!” No Alentejo tudo é possível, penso, lembrando-me dos apelidos de tantos amigos com origens alentejanas. “Karateca?...”, insisto. “Sim, é o meu desporto favorito!” “Ah!”

De seguida, converso melhor com um aluno do 9.º ano que gostaria de ter participado na sessão mas que não pôde porque tinha aulas, o rapaz gosta de escrever e tem um blogue onde põe parte dos capítulos, vamos até junto de um computador para me mostrar o seu trabalho. “Fantástico! Como te chamas?”, “Quevin”, assim, tal e qual com “qu”, em vez de “k”. Quevin já escreve, anda a reescrever o seu livro que é de magia e de mitologia grega e nórdica, mistura animais mitológicos com monstros e anda à procura de editora. “Ouvi dizer que a D. Quixote publica autores desconhecidos”, diz-me.

À tarde, a sessão é no Colégio Nossa Senhora da Graça, em Vila Nova de Milfontes, os alunos que pedem autógrafos são mais velhos, 7.º, 8.º e 9.º anos. Por isso, as perguntas são mais e revelam mais maturidade. Também aqui há quem tenha curiosidade sobre o processo da escrita. “Como é que escrevem em conjunto?”, “ Sentam-se ao lado uma da outra?”, “Quando é que se encontram?”, “Que conselhos daria a quem quisesse começar a escrever?”.

Depois são as habituais perguntas sobre se gostaríamos de fazer uma série televisiva, quem é a ilustradora, porque escolhemos aqueles nomes para as personagens, em quem nos inspirámos para as construir.

A sala é grande e o microfone tem o volume alto mas há quem não consiga ouvir. Há um aluno que envia um email a dizer o quanto o lamentou. Provavelmente esteve sentado ao lado do "idiota de serviço", penso. Há sempre um miúdo que está lá só para boicotar. Até agora, tenho conseguido conquistar os impertinentes. Desta vez foi impossível. Porquê? Porque tenho um nome chinês e esse facto descredibiliza-me junto do rapaz que leva o tempo todo a falar, a mandar bocas, a fazer rir os outros perante a passividade dos professores, até que faz uma pergunta: “Porque é que eles andam sempre vestidos com a mesma roupa?”. É a risota geral. “Tens a certeza? Olha que eles mudam de roupa, não viste com atenção as capas, eles não estão sempre vestidos de igual e posso assegurar-te que tomam banho todos os dias!” Os miúdos tornam a rir, mas desta vez, comigo. E o rapaz lá continua de sorriso largo, mas com um ar menos confiante.
BW

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