Há quem diga que os avós estragam os netos. Não os que estão na mesma sala de espera que eu!
À minha frente, sentados à mesa estão um avô e um neto. O rapaz abre o livro de Língua Portuguesa do 1.º ano e informa: "Vou ter teste" para dizer, logo de seguida, "não sei o que vai sair". Paciente mas firme, o avô pede-lhe que abra o livro. O rapaz ri, brinca com o livro. Sério, o avô recomenda "não se ri, abre o livro". O rapaz acaba por ceder e começa a estudar.
Do outro lado da sala, uma avó pede à neta que vá confirmar que a aula do irmão já acabou. A brincar com as amigas, a menina de cinco anos recusa obedecer. A avó insiste, ela abana o corpo mimado e pergunta "mas porquê?", contrariada. "Porque eu estou a mandar", responde a avó sem mais explicações. A pequena levanta-se obediente.
Na outra ponta, outra avó abre a revista Sábado e pede à neta de nove anos que identifique a classe das palavras. "Não sei, não dei", responde a miúda, desejosa que a avó desista. Nada feito, a avó insiste e ela também e choraminga "Ó avó. Não sei, a minha professora não deu..."
Os olhos lacrimejam e a avó insiste. "Vou à casa-de-banho", anuncia a menina com o nariz a pingar. "Não vais não, ficas aqui. Que palavra é esta?". "É um adjectivo". "Não, não é", responde a avó. "É! Tu não sabes! A avó não percebe nada, agora já não se aprende da mesma maneira..."
Sem mudar o semblante a avó responde "mostra-me a gramática". "Está na escola e só posso trazer quando a professora der autorização". "No fim-de-semana trazes a gramática... e assoa o nariz", responde a avó inalterada.
São firmes e pacientes os avós, fossem os progenitores já tinham desistido e dado o telemóvel para a mão como fez um pai, ao meu lado, só para não argumentar com a criança.
BW
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