Isabel Jonet acredita que vamos empobrecer cada vez mais e que assim é que deve ser. Talvez porque assim os Bancos Alimentares podem crescer? E o seu poder de presidente dos Bancos Alimentares se alarga ao mundo inteiro? Mas se todos empobrecermos, quem vai encher o saquinho e entregá-lo à saída do supermercado? Quem poderá fazer boas acções e ficar de consciência tranquila com a pobreza à sua volta?
"Nós vivemos de uma maneira completamente idiota", diz a senhora e o exemplo que dá é o da falta de educação dos seus próprios filhos. Diz Isabel Jonet que no seu tempo foi ensinada a lavar os dentes com um copo e que os filhos os lavam com a água a correr.
Mas não foram à escola? Não aprenderam nada sobre educação ambiental? Faltaram às aulas de Educação para a Cidadania, Estudo do Meio ou Ciências da Natureza? É que, no caso dos meus filhos, não só aprenderam em casa a lavar os dentes com o apoio de um copo com água, como vieram da escola completamente catequizados sobre o facto de a água ser um recurso finito e, como tal, deve ser poupado.
A sua intervenção foi uma boa oportunidade para não ofender os mais pobres e não revelar que, em sua casa, as torneiras estão todas abertas, pelo menos, enquanto os seus filhos lavam os dentes, talvez depois de terem comido bifes e essas coisas que os pobres também querem comer, mas não podem.
BW
Tb vi a reportagem, para mim os comentários deixam-nos de facto de boca aberto.
ResponderEliminarTomo a liberdade de dizer que para mim os comentários ainda são mais graves, porque conheço a pessoa e a admiro, pelo seu trabalho.
Mas esta mentalidade de que é não é possível todos vivermos bem, deixa-me de facto triste.
À uns dia atrás já havia ficado triste qdo uma amiga próxima, me disse, que: "agora é que eu sei viver, agora que poupo, era assim que eu devia ter vivido desde sempre".
Revolta-me este conformismo pela mediocridade :(
Desde quando é que poupar é sinónimo de mediocridade?
ResponderEliminarE quem disse que poupar é sinónimo de mediocridade? Nao é disso que se trata. O que se diz aqui é que nao nos temos de conformar em viver pior. Temos de lutar para nao perder direitos para que quando os nossos filhos chegarem ao mercado de trabalho nao sejam explorados. Nao podemos encolher os ombros e dizer "é a vida... Pobrezinhos mas felizes". Do que se fala aqui é de progresso, de cooperação, de solidariedade, de ajuda aos mais pobres nao com umas latas de atum ou uns pacotes de massa, mas de ajuda "espiritual", para construir homens e mulheres completos - mais escola e melhor escola, uma escola com mais oferta para que todos aprendam coisas tão simples como poupar agua ou coisas mais estruturantes como o que é a democracia, como se vive em democracia, o respeito pelo outro e o reconhecimento do outro. Tudo isso, Isabel Jonet esqueceu no seu infeliz comentário
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ResponderEliminarÉ irrelevante o que eu penso sobre a senhora. A realidade é que há muita gente com fome em Portugal. Há muito tempo. Nenhum governo os alimentou. Se não fossem as "Isabeis" já estariam mortos.
ResponderEliminarQuerem retirar protagonismo à senhora? É fácil: alimentem esta gente toda e ela passa a ser dispensável! Mas convinha ser agora, porque para a semana os esfomeados de hoje já cá não estão!
Para a semana poderão ser mais... O trabalho de Isabel Jonet é meritório e não é ele que está em causa, é o modo como olha para a sociedade. Ou, pelo menos, como o verbaliza. E,tenho lido nas redes sociais que o Banco Alimentar corre o risco de, na próxima recolha, receber menos dádivas. Uma pena.
ResponderEliminarA sua leitura da entrevista da Isabel Jonet é tão primária que faz pena... Não percebe o essencial, o que ali foi dito e sobretudo o que ela faz e dá o exemplo. O importante é pouparmos, não vivermos acima das nossas possibilidades, ter o maior cuidado com os nossos recursos, educar para o essencial, velar para que os outros tenham melhor vida, não chegar à miséria da Grécia... É preciso repensar a vida para vivermos muito melhor e isso passa pela dádiva, pelo amor, pela caridade. Quando as pessoas não conseguem admirar exemplos de altruísmo nem ser como eles, ao menos não destruam esse modelos que tanto têm feito pelo nosso país.
ResponderEliminarA Rita Mata não compreendeu a minha "leitura", embora seja primária... Não ponho em causa o trabalho do Banco Alimentar (BA), ponho em causa o que a responsável do BA diz e o modo como pensa. O que Deus nos pede é que partilhemos, não que digamos ao outro como é que deve usar o que eu partilhei. E é nesse erro que Jonet cai, quando se põe a fazer juízos de valor. Como a velha história de darmos umas moedas e recomendarmos "mas não gaste em vinho!", ou "veja lá como é que vai gastar...". A partir do momento em que esse dinheiro me sai das mãos, o outro pode gastá-lo como quiser. E é aí que reside a dignidade do outro e é essa dignidade que Jonet esqueceu quando nos quer ensinar a todos como é que devemos gastar o nosso dinheiro. Dádiva, amor e caridade, sim. Instruções, não.
EliminarNão devemos dar instruções mas devemos reforçar as nossas convicções, chamar a atenção para as prioridades, não devemos ter medo de afirmar aquilo em que acreditamos, sempre com amor e caridade (nisso concordamos!) Obrigada pela resposta.
EliminarSe o condutor do metro "verbaliza" mal as sua opinião sobre a sociedade, o metro não deixa de ser necessário ... Se o BA recolher menos dádivas teremos que ser nós, a gente de "mãos limpas" e linguagem impecável, a correr para lá para aumentar as recolhas! Ou então somos mesmo piores do que pensamos!!!!
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