quarta-feira, 18 de maio de 2011

Novas Oportunidades, uma oportunidade perdida?

Depois da avaliação dos professores, as Novas Oportunidades (NO) chegaram à campanha eleitoral. Serviram para melhorar as nossas estatísticas? Sim. Não são avaliadas? São, têm sido feitos vários estudos sobre os seus resultados e as suas consequências. Mas o PSD tem razão quando diz que a qualidade da formação nunca foi avaliada.
No entanto, as NO têm servido de exemplo e de inspiração para outros países. As NO permitiram a milhares de portugueses verem reconhecidas as suas competências - e aí é que está o problema. São as competências e não os conhecimentos. O que nós todos gostávamos mesmo é que todos os portugueses tivessem mais conhecimentos mas, sabem uma coisa, as NO também ajudam neste campo.
Dois exemplos de pessoas muito próximas:
1. A minha empregada (pensei muito antes de escrever esta palavra, mas ela existe, a palavra e a pessoa) quis fazer as NO e ficou muito desiludida porque queria APRENDER, com tanto dossier e trabalho para fazer, achou que não estava a aprender nada e desistiu. Ela queria ter aulas, como os miúdos e não foi isso que lhe foi proposto. Achou uma fraude.
2. A minha amiga, que não tinha o secundário completo, foi e adorou. Aprendeu imenso, garante. Gostava das aulas, de conversar com o professor e com os colegas, de fazer pesquisa, garante que se fartou de trabalhar, de preparar dossiês sobre propostas que ela fazia, que o grupo dos colegas com quem trabalhava faziam. E foi um estímulo muito grande, ajudou-a (inclusivé) na promoção da sua auto-estima, ela que viu as amigas todas terminar o secundário, tirarem cursos, agora está a fazer um curso no superior.
Estou rendida às NO? Não, terá os seus defeitos, em muitos casos, será mal feito, mal aplicado, os professores fazem os trabalhos dos alunos e afins... Mas penso que é um programa que terá feito a diferença na vida de muitos dos 500 mil portugueses que o fizeram, que permitiu a muitos ganhar vontade para prosseguir os estudos, que melhoraram as suas competências de leitura, escrita e comunicação oral, que - tendo filhos na escola - olham para esta instituição de maneira diferente, com mais respeito e mais solidariedade com os professores, é o que conclui um dos estudos pago pela ANQ e feito pela Lucília Salgado.
BW

3 comentários:

  1. Bárbara,
    Estudo pago pela própria ANQ sobre si mesma. E, se quiser seguir de forma ligeira o percurso político-académico de algumas personalidades, perceberá que as conclusões estavam servidas antes de muitos desses estudos serem feitos.
    *e aquilo que acho.

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  2. É verdade. Eu mesma o referi no post. E também disse que o PSD tem razão quando diz que a qualidade da formação nunca foi avaliada. Mas não quero por em causa o percurso político-académico de quem faz os estudos. Aliás, na equipa de Roberto Carneiro, da Universidade Católica Portuguesa, é constituida por muitos dos que defendem o cheque ensino, o ensino particular gratuito e coisas assim "mais liberais"! BW

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  3. A questão é: temos uma população activa formalmente mais qualificada, após a distribuição em massa de certificados do 9º e do 12º. Contudo, temos também um desemprego cada vez maior, e com tendência a aumentar, ao mesmo tempo que prolifera a precariedade e os baixos salários entre os poucos que ainda vão conseguindo trabalho.

    A única avaliação séria que se pode fazer a este programa é analisar os seus resultados não nos estados de alma que induz nos seus destinatários mas na sua empregabilidade e carreira profissional. E aqui o que temos é um inegável fracasso.

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